Militares: a Ucrânia chamou os insurgentes a cessar as hostilidades ao longo da linha de separação (Ministry of Defense/Facebook)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2016 às 13h18.
Moscou - A Ucrânia e os separatistas pró-Rússia negociam nesta sexta-feira um novo cessar-fogo, que entraria em vigor a partir de 1 de setembro, data na qual tradicionalmente começa o ano letivo.
"Pedimos aos dois grupos em conflito que declarem um completo cessar-fogo para o início do ano letivo", declarou Boris Gryzlov, representante russo nas negociações de Minsk, segundo veículos de imprensa locais.
Na mesma linha, a Ucrânia chamou os insurgentes a cessar as hostilidades ao longo da linha de separação nas regiões de Donetsk e Lugansk.
"Todas as crianças de Donetsk e Lugansk, independentemente de seu lugar de residência, devem ter direito à proteção e segurança. É preciso deixar de disparar a partir de 1 de setembro", disse Daria Olifer, porta-voz da delegação ucraniana.
Olifer estimou em 150 mil as crianças que irão às escolas e creches só na zona controlada pelas forças governamentais ucranianas.
"A parte ucraniana cumpre com os Acordos de Minsk e pede à Federação Russa e aos separatistas que não descumpram seus compromissos e deixar de disparar a partir dessa data", acrescentou.
Segundo a mídia local, os representantes separatistas estão dispostos a carimbar uma nova trégua, embora a princípio na zona rege um cessar-fogo desde a assinatura dos Acordos de Paz de fevereiro de 2015.
Nas últimas semanas, dezenas de soldados e milicianos rebeldes morreram em combates entre ambos bandos, em sua maioria nos arredores de Donetsk, principal reduto rebelde.
Só na última semana morreram 11 insurgentes, segundo admitiram hoje representantes da autoproclamada república popular de Donetsk, que cifraram em três as baixas civis na região sob seu controle.
Há algumas semanas, o pró-Rússia Igor Plotnitski, líder separatista de Lugansk, ficou ferido em um atentado com bomba, no qual Kiev negou envolvimento.
À atual escalada tensão contribuíram sem dúvida as acusações do presidente russo, Vladimir Putin, de que Kiev preparava uma campanha de atentados terroristas na Crimeia, península ucraniana anexada por Moscou em março de 2014.
Em resposta, o líder ucraniano, Petro Poroshenko, pôs em "máxima alerta de combate" as tropas ucranianas na fronteira administrativa com a península e na linha de separação em Donetsk e Lugansk.
As negociações de paz estão estagnadas, entre outras coisas, pela falta de acordo sobre as eleições nas zonas controladas pelos separatistas, já que Kiev exige garantias de segurança e a presença de observadores internacionais.
Além disso, a Ucrânia reivindica o controle da fronteira entre as regiões de Donetsk e Lugansk e o território russo, enquanto Moscou pede a Kiev que aprove antes uma lei que outorgue um status especial às zonas separatistas.