Turismo de massa ameaça a maior caverna do mundo
O projeto para construir um teleférico que atraia o turismo de massa na caverna de Son Doong, uma das maiores do mundo, deu início a uma guerra com ecologistas
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2015 às 09h49.
Ho Chi Minh - O projeto para construir um teleférico que atraia o turismo de massa na caverna de Son Doong, situada no centro do Vietnã e considerada uma das maiores do mundo, deu início a uma guerra com os ecologistas .
As autoridades da província de Quang Binh deram aval em 2014 para que a empresa Sun Group começasse a construir a infraestrutura, que transportará cerca de mil turistas por hora em um percurso de 10,6 quilômetros e passará principalmente pelo Parque Nacional de Phong Nha-Ke Bang.
A obra penetraria mais de meio quilômetro dentro de Son Doong, que abriga uma floresta virgem, 150 grutas e diversos rios subterrâneos.
A principal cavidade da caverna tem cinco quilômetros de comprimento, 200 metros de largura e 150 metros de altura, e foi descoberta em 1991 por um aldeão chamado Ho Khanh, mas a notícia não teve repercussão até uma expedição de espeleólogos britânicos redescobrir o local em 2009.
Desde que foi parcialmente aberta para o turismo, em fevereiro de 2014, foram concedidas apenas 250 permissões para visitar a caverna, em um percurso de seis dias e com o máximo de 10 integrantes por grupo. A visitação exige excelente condicionamento físico e custa US$ 3 mil (R$ 7,7 mil).
O panorama atual é muito diferente do novo, de mil visitantes por hora a um preço aproximado de US$ 20 (R$ 51), que será conseguido com a nova infraestrutura, segundo o anúncio do prefeito da cidade de Quang Binh, Nguyen Huu Hoai, em entrevista coletiva.
Com uma onda de protestos dentro e fora do país, o governo central paralisou o projeto em um primeiro momento e, dias depois, anunciou um estudo de viabilidade e de impacto ambiental antes de tomar uma decisão final.
A Unesco, que em 2003 considerou como Patrimônio da Humanidade todo o entorno das cavernas de Phong Nha-Ke Bang, onde fica Son Doong, pediu explicações e iniciou uma investigação por conta própria para avaliar o impacto da infraestrutura.
"Dependendo do que nossos especialistas falarem, diremos se o Vietnã deve ou não continuar o projeto", afirmou Duong Bich Hanh, representante da Unesco no país, ao jornal "Thanh Nien".
Pamela McElwee, professora de Ecologia Humana da Universidade de Rutgers e especializada em Vietnã, considerou que o plano é "mal pensado" por seu alto custo, tanto econômico como ecológico.
"Parece que o Vietnã sente que sua beleza natural e suas paisagens não são suficientes e devem ser "melhoradas" com teleféricos, cassinos ou karaokês barulhentos. É uma pena", disse.
Os protestos pela internet, com cerca de 100 mil assinaturas contra do projeto recolhidas dentro e fora do Vietnã pelo ativista Bao Nguyen, surpreenderam as autoridades, pouco acostumadas a terem seus planos contestados.
Os governantes locais propuseram o projeto como uma forma de revigorar o turismo e a economia da província de Quang Binh, uma das mais pobres do país e conhecida por ser uma das regiões que mais sofreram durante a Guerra do Vietnã.
Além da preocupação ambiental, alguns especialistas alertaram que o parque nacional inteiro se situa sobre duas falhas geológicas, o que poderia colocar em perigo a estabilidade das 30 torres necessárias para sustentar o complexo.
Esse temor foi ignorado pelo prefeito de Quang Binh, um dos maiores defensores do teleférico, que insiste que não haverá "nenhum impacto sobre a beleza natural das cavernas ou sobre a integridade da estrutura", e ressaltou que também não ocorrerá nenhum problema de segurança para os visitantes.
A empresa responsável pelo projeto, Sun Group, já realizou um trabalho similar nas montanhas de Ba Na, também no centro do país, e deve inaugurar em setembro um teleférico que vai até o cume do monte Fan Si Pan, o mais alto do Vietnã, com 3.142 metros, outro polêmico projeto.
Ho Chi Minh - O projeto para construir um teleférico que atraia o turismo de massa na caverna de Son Doong, situada no centro do Vietnã e considerada uma das maiores do mundo, deu início a uma guerra com os ecologistas .
As autoridades da província de Quang Binh deram aval em 2014 para que a empresa Sun Group começasse a construir a infraestrutura, que transportará cerca de mil turistas por hora em um percurso de 10,6 quilômetros e passará principalmente pelo Parque Nacional de Phong Nha-Ke Bang.
A obra penetraria mais de meio quilômetro dentro de Son Doong, que abriga uma floresta virgem, 150 grutas e diversos rios subterrâneos.
A principal cavidade da caverna tem cinco quilômetros de comprimento, 200 metros de largura e 150 metros de altura, e foi descoberta em 1991 por um aldeão chamado Ho Khanh, mas a notícia não teve repercussão até uma expedição de espeleólogos britânicos redescobrir o local em 2009.
Desde que foi parcialmente aberta para o turismo, em fevereiro de 2014, foram concedidas apenas 250 permissões para visitar a caverna, em um percurso de seis dias e com o máximo de 10 integrantes por grupo. A visitação exige excelente condicionamento físico e custa US$ 3 mil (R$ 7,7 mil).
O panorama atual é muito diferente do novo, de mil visitantes por hora a um preço aproximado de US$ 20 (R$ 51), que será conseguido com a nova infraestrutura, segundo o anúncio do prefeito da cidade de Quang Binh, Nguyen Huu Hoai, em entrevista coletiva.
Com uma onda de protestos dentro e fora do país, o governo central paralisou o projeto em um primeiro momento e, dias depois, anunciou um estudo de viabilidade e de impacto ambiental antes de tomar uma decisão final.
A Unesco, que em 2003 considerou como Patrimônio da Humanidade todo o entorno das cavernas de Phong Nha-Ke Bang, onde fica Son Doong, pediu explicações e iniciou uma investigação por conta própria para avaliar o impacto da infraestrutura.
"Dependendo do que nossos especialistas falarem, diremos se o Vietnã deve ou não continuar o projeto", afirmou Duong Bich Hanh, representante da Unesco no país, ao jornal "Thanh Nien".
Pamela McElwee, professora de Ecologia Humana da Universidade de Rutgers e especializada em Vietnã, considerou que o plano é "mal pensado" por seu alto custo, tanto econômico como ecológico.
"Parece que o Vietnã sente que sua beleza natural e suas paisagens não são suficientes e devem ser "melhoradas" com teleféricos, cassinos ou karaokês barulhentos. É uma pena", disse.
Os protestos pela internet, com cerca de 100 mil assinaturas contra do projeto recolhidas dentro e fora do Vietnã pelo ativista Bao Nguyen, surpreenderam as autoridades, pouco acostumadas a terem seus planos contestados.
Os governantes locais propuseram o projeto como uma forma de revigorar o turismo e a economia da província de Quang Binh, uma das mais pobres do país e conhecida por ser uma das regiões que mais sofreram durante a Guerra do Vietnã.
Além da preocupação ambiental, alguns especialistas alertaram que o parque nacional inteiro se situa sobre duas falhas geológicas, o que poderia colocar em perigo a estabilidade das 30 torres necessárias para sustentar o complexo.
Esse temor foi ignorado pelo prefeito de Quang Binh, um dos maiores defensores do teleférico, que insiste que não haverá "nenhum impacto sobre a beleza natural das cavernas ou sobre a integridade da estrutura", e ressaltou que também não ocorrerá nenhum problema de segurança para os visitantes.
A empresa responsável pelo projeto, Sun Group, já realizou um trabalho similar nas montanhas de Ba Na, também no centro do país, e deve inaugurar em setembro um teleférico que vai até o cume do monte Fan Si Pan, o mais alto do Vietnã, com 3.142 metros, outro polêmico projeto.