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Tudo que se sabe sobre o submarino desaparecido em expedição ao Titanic

A embarcação, operada pela empresa OceanGate Expeditions, iniciou a descida na manhã de domingo, 18, e perdeu contato com a superfície menos de duas horas depois, de acordo com as autoridades

Submarino: Entre as pessoas a bordo do submarino está o bilionário e aviador britânico Hamish Harding, 58 anos, fundador e CEO da empresa Action Aviation (OceanGate/Reprodução)

Publicado em 20 de junho de 2023 às 11h27.

Última atualização em 22 de junho de 2023 às 13h22.

Equipes de resgate dos Estados Unidos e Canadá intensificaram os esforços para encontrar um submarino com cinco pessoas a bordo que desapareceu no Oceano Atlântico quando estavam em uma missão para observar os destroços do transatlântico "Titanic".

Nesta quinta-feira, 22, a Guarda Costeira dos Estados Unidos (USCG)corre contra o tempo nas buscas pelo submersível. Segundo estimativas, o ar respirável da embarcação acabou nesta manhã. O submarino tinha 96 horas de oxigênio, de acordo com informações da empresa OceanGate, dona do veículo aquático. A USCG informou que encontrou destroços dentro da área de busca pelo submarino. Ainda não é possível saber se os destroços pertencem ao submersível. Especialistas irão analisar o material.

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Como estão as buscas pelo submarino desaparecido?

Em coletivade imprensa, o capitão Jamie Frederick, da Guarda Costeira dos EUA, afirmou que as equipes já vasculharam mais de 26 mil km² de mar aberto, aproximadamente o tamanho do estado de Alagoas.

Aviões e barcos realizam as busca na superfície, caso o submarino tenha emergido, mas perdido a comunicação. Boias de sonar foram lançadas no mar para tentar localizar o submarino submerso. Um robô submarino francês capaz de mergulhos em águas profundas também participa da busca.

A USCG também tem a disposição um sistema especializado capaz de içar objetos grandes, volumosos e pesados, como submarinos. Novos equipamentos devem ser incorporados na busca nesta quinta-feira.

Quando o submarino que levava turistas desapareceu?

A embarcação, operada pela empresa OceanGate Expeditions, iniciou a descida na manhã de domingo, 18, e perdeu contato com a superfície menos de duas horas depois, de acordo com as autoridades.

Criada em 2009, a empresa OceanGate oferece um passeio ao ponto do naufrágio do Titanic,que leva oito dias e custa cerca de US$ 250 mil, o equivalente a R$ 1,19 milhão.O pacote também pode incluir um mergulho de oito horas até os destroços da embarcação inglesa. O submarino iniciou sua viagem na madrugada de domingo e perdeu sinal com a equipe na superfície.

Quem está a bordo do submarino desaparecido?

Entre as pessoas a bordo do submarino está o bilionário e aviador britânico Hamish Harding , 58 anos, fundador e CEO da empresa Action Aviation. Ele é conhecido porsuas explorações extremas.Formado em ciências naturais e engenharia química pela Universidade de Cambridge, Harding viajou para o espaço há um ano, a bordo do foguete New Shepard, da Blue Origin, em um voo de dez minutos que marcou a quinta missão tripulada bem-sucedida da empresa de propriedade de Jeff Bezos, seu "mentor".

Ele possui vários registros no "Livro Guinness dos Recordes". Entre as suas façanhas, em março de 2021, mergulhou com outro explorador, Victor Vescovo, até as profundezas da Fossa das Marianas, parte mais profunda do oceano conhecida até então, a bordo de um submersível para dois ocupantes. A missão foi a mais longa realizada a esta profundidade (4 horas e 15 minutos), com a maior distância percorrida (4.600 metros). Ele e a mulher, Linda, têm dois filhos. Um deles, Giles, tornou-se em 2020 a pessoa mais jovem (12 anos) a viajar para o Polo Sul, segundo informações do "The Times".

Harding escreveu no domingo no Instagram que estava orgulhoso de participar na expedição. O empresário paquistanês Shahzada Dawood, vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho Suleman também estavam no submarino, informou a família. "O contato foi perdido com o submarino e as informações disponíveis são limitadas", afirmou a família em um comunicado.

Também está na expedição o oceanógrafo Paul-Henry Nargeolet, especialista na história do "Titanic", de acordo com a publicação de Harding. O francês de 77 anos passou a primeira parte de sua carreira como oficial da Marinha e comandou o grupo de mergulhadores para desativação de minas em Cherbourg, noroeste da França, antes de se tornar piloto de submarino na Marinha francesa. Posteriormente, dedicou-se à arqueologia marítima e escavou vários naufrágios.

Em 1986, foi nomeado chefe de submarinos de intervenção em águas profundas no Instituto Francês de Pesquisa para a Exploração do Mar (Ifremer). Um ano antes, uma equipe liderada pelo cientista americano Robert Ballard, em colaboração com o Ifremer, havia descoberto os destroços do Titanic. Em 1987, Nargeolet avistou os destroços a bordo do submarino francês Nautile.

O empresário paquistanês e seu filho, Shahzada e Sulaiman Dawood, também estavam a bordo, de acordo com um comunicado divulgado pela família nesta terça-feira. Shahzada é curador do Instituto Seti, uma organização de pesquisa na Califórnia, de acordo com seu site.

Dawood é vice-presidente de um dos maiores conglomerados do Paquistão, a Engro Corporation, que tem investimentos em fertilizantes, fabricação de veículos, energia e tecnologia. Segundo a família do empresário, ele e o filho planejaram a viagem para visitar os restos do Titanic.

A quinta pessoa a bordo é Stockton Rush, diretor americano da OceanGate Expeditions, organizadora da viagem e fundada por ele mesmo em 2009. A empresa deste homem, descrito pela revista "Smithsonian" como "um inventor destemido", começou a levar clientes para ver os destroços do Titanic a bordo de seu submersível especialmente projetado com esta finalidade em 2021. Rush afirmou que a visita ao naufrágio fazia parte de uma estratégia de marketing, enquanto buscava desenvolver inovações para embarcações submersíveis.

De acordo com o site de sua empresa, o americano iniciou sua carreira em 1981, como o piloto de jato mais jovem do mundo, aos 19 anos. Em 1984, tornou-se engenheiro de testes de voo em aeronaves de combate F-15 para a McDonnell Douglas. Nos últimos 20 anos, no entanto, ele se envolveu em várias empresas de tecnologia relacionadas ao oceano, incluindo a BlueView Technologies, que fabrica, em tamanho reduzido, sistemas de sondas de alta frequência.

Barulhos são ouvidos durante busca pelo submarino desaparecido

Em publicação no Twitter, o primeiro distrito da Guarda Costeira dos Estados Unidos afirmou que um avião canadense P-8 que participava nas buscas detectou "batidas na região a cada 30 minutos. Quatro horas depois, um sonar adicional foi ativado e as batidas ainda eram ouvidas".

"Aviões canadenses P-3 detectaram ruídos subaquáticos na área de busca. Como resultado, as operações de um ROV (sigla em inglês para veículo operado de maneira remota) foram realocadas na tentativa de explorar a origem dos ruídos", anunciou.

As buscas com o ROV não apresentaram resultados até o momento, mas continuam, acrescentou a divisão marítima militar.

Além das batidas, "sinais acústicos adicionais foram ouvidos que ajudarão a direcionar os recursos de superfície, enquanto persiste a esperança de encontrar sobreviventes", informou a CNN, que teve acesso a um documento interno do governo americano.

O anúncio da detecção de ruídos foi o sinal mais esperançoso da possibilidade de resgate das cinco pessoas a bordo do submersível Titan, da empresa americana OceanGate.

Barcos e aviões dirigem-se ao local para reforçar a grande operação de busca das  Guardas Costeiras dos Estados Unidos e do Canadá.

O Pentágono anunciou o envio de um terceiro avião C130 e três C-17, enquanto um robô submarino, enviado pelo Instituto Oceanográfico francês será incorporado às buscas durante a quarta-feira.

Operação de busca pelo submarino é complexa

A Guarda Costeira americana explicou que as operações de busca são complexas. "É um desafio realizar uma busca nessa área remota, mas estamos mobilizando todos os recursos disponíveis para garantir que possamos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo", afirmou na segunda-feira o contra-almirante John Mauger à imprensa em Boston, de onde coordena a operação. "Trabalhamos muito duro para encontrá-los", acrescentou.

As buscas, na superfície ou debaixo d'água, envolvem uma região "de quase 1.450 quilômetros ao leste de Cape Cod, a uma profundidade de cerca de 4.000 metros".

Qual é a reserva de oxigênio do submarino?

O tempo é um fator crítico. A embarcação tem reservas de oxigênio para o tempo máximo de 96 horas para uma tripulação de cinco pessoas. Mauger afirmou na segunda-feira à tarde acreditar que ainda restavam 70 horas ou mais.

As buscas aéreas, que não apresentaram resultados na segunda-feira, foram suspensas durante a noite, informou a Guarda Costeira às 21H00 (22H00 de Brasília). O navio "Polar Prince", do qual zarpou o submarino, e uma unidade da Guarda Nacional continuaram rastreando a região durante a noite.

"O submarino foi lançado com sucesso", tuitou no domingo a empresa Action Aviation, com sede em Dubai. "A tripulação do submarino é composta por vários exploradores lendários, incluindo alguns que fizeram mais de 30 mergulhos no RMS Titanic desde os anos 1980", afirmou o próprio Harding no Instagram no sábado, ao anunciar sua participação na missão.

O contra-almirante Mauger não divulgou informações sobre as pessoas que estavam a bordo "por respeito às famílias" e se limitou a declarar que, segundo a empresa operadora, são quatro pessoas e um piloto. A Action Aviation, procurada pela AFP, não fez comentários.

Dois aviões, um C-130 americano e um P8 canadense equipado com um sonar capaz de detectar submarinos, foram mobilizados para as buscas, segundo a Guarda Costeira.

A OceanGate Expeditions explicou em um comunicado que "explora e mobiliza todas as opções para conseguir resgatar a tripulação em total segurança".

No site, a empresa informa que utiliza um submarino batizado como "Titan" para as expedições a uma profundidade máxima de 4.000 metros (13.100 pés).

Qual é a profundidade do Titanic?

O Titanic zarpou do porto inglês de Southampton em 10 de abril de 1912 para sua viagem inaugural rumo a Nova York, mas afundou depois de colidir com um iceberg cinco dias depois.  Dos 2.224 passageiros e tripulantes, morreram quase 1.500.

Os destroços do transatlântico foram descobertos em 1985 a 650 quilômetros da costa canadense, a 4.000 metros de profundidade, em águas internacionais do Oceano Atlântico. Desde então, a área é visitada por caçadores de tesouros e turistas.

Sem ter estudado esta embarcação especificamente, Alistair Greig, professor de Engenharia Marinha na University College London, sugeriu duas possíveis teorias, com base em imagens do submersível publicadas pela imprensa.

Ele disse que, se houve um problema elétrico ou de comunicações, a embarcação pode ter subido para a superfície e permanecido flutuando, "à espera de ser encontrada". "Outro cenário é um comprometimento do casco de pressão, um vazamento", explicou. "Então o prognóstico não é bom", acrescentou.

Embora o submarino ainda possa estar intacto durante o mergulho, "são poucas as embarcações" capazes de ir até a profundidade em que o Titan pode ter viajado.

Detalhes do submarino que desapareceu a caminho do Titanic

Dados sobre o Titan, submersível turístico que desapareceu com cinco pessoas a bordo na zona de naufrágio do Titanic. (AFP/AFP)

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