Trump quer expandir arsenal nuclear e colocar EUA na liderança
Em entrevista, Trump reclamou do desenvolvimento russo de um míssil de cruzeiro em violação de um tratado de controle de armas
Reuters
Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 18h36.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2017 às 20h39.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , disse nesta quinta-feira que quer fortalecer o arsenal nuclear do país para garantir que os EUA estejam na liderança, depois de ficarem para trás em sua capacidade de armas atômicas.
Em entrevista à Reuters, Trump também disse que a China poderia resolver o desafio de segurança nacional representado pela Coreia do Norte "muito facilmente se eles quisessem", intensificando a pressão para que Pequim exerça mais influência para controlar as ações cada vez mais agressivas de Pyongyang.
Nos seus primeiros comentários sobre o arsenal nuclear norte-americano desde que assumiu o poder em 20 de janeiro, Trump declarou que os EUA "ficaram para trás na capacidade em armas nucleares".
"Eu sou o primeiro que gostaria de ver todo mundo, ninguém ter armas nucleares, mas nós nunca iremos ficar para trás de qualquer país, mesmo se for um país amigo, nós nunca iremos ficar para trás em poder nuclear."
"Seria maravilhoso, um sonho se nenhum país tivesse armas nucleares, mas se países vão ter, nós estaremos no topo do grupo", afirmou Trump.
O novo tratado sobre limite de armas, conhecido como Novo START, entre os EUA e a Rússia exige que até 5 de fevereiro de 2018 os dois países limitem os seus arsenais de armas nucleares estratégicas para níveis equivalentes por dez anos.
O tratado permite que os dois países tenham não mais do que 800 lançadores de mísseis balísticos terrestres e submarinos e bombardeiros pesados aptos para carregar armas nucleares, além de prever outros limites igualitários em relação a outras armas atômicas.
Analistas têm questionado se Trump quer anular o Novo START ou se iniciaria o emprego de outras ogivas.
Na entrevista, Trump chamou o Novo START de um acordo desigual. "Apenas mais um acordo ruim que o país fez, START, o acordo com o Irã… Nós vamos começar a fazer acordos bons", afirmou ele.
Os EUA estão no meio de um programa de modernização de 30 anos no valor de 1 trilhão de dólares dos seus submarinos de mísseis balísticos, bombardeiros e mísseis terrestres, um custo com o qual, para muitos especialistas, o país não pode arcar.
Trump também reclamou que o emprego russo de um míssil de cruzeiro é uma violação do tratado de 1987 que proíbe mísseis de alcance intermediário terrestres russos e norte-americanos.
"Para mim é um grande problema", afirmou ele.
Perguntado se trataria do tema com Putin, Trump disse que ele faria isso se e quando eles se encontrarem. Ele afirmou que não tinha encontros marcados com Putin.
Falando no Salão Oval, Trump declarou em relação aos testes de mísseis balísticos norte-coreanos: "Nós estamos muito irritados". Ele disse que acelerar um sistema antimísseis para os aliados Japão e Coreia do Sul estava entre as opções possíveis.
"Há conversas sobre muito mais do que isso", afirmou Trump. "Vamos ver o que acontece. Mas a situação é muito perigosa, e a China pode terminar com isso muito rapidamente na minha opinião."