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Trump envenena relações raciais nos EUA, dizem ativistas

"Há pessoas que querem começar uma guerra entre raças e se não tivermos cuidado afundaremos nela", alerta o ex-presidente de organização de defesa dos negros

Racismo: "há pessoas que querem começar uma guerra entre raças e se não tivermos cuidado afundaremos nela", alerta o ex-presidente de organização de defesa dos negros (GettyImages)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2016 às 15h24.

As relações raciais nos Estados Unidos estão em uma encruzilhada e correm o risco de envenenamento a um ponto de não retorno se o republicano Donald Trump chegar à Casa Branca, estimam militantes dos direitos civis.

"Há pessoas que querem começar uma guerra entre raças e se não tivermos cuidado, poderemos afundar nela", alerta Moneuc Conners, de 50 anos, ex-presidente de uma sucursal da NAACP, a maior organização de defesa dos negros nos Estados Unidos.

Três policiais, incluindo um afro-americano, foram mortos no domingo por um jovem negro em Baton Rouge, Louisiana, aparentemente em represália aos abusos e racismo prevalecente na polícia.

Dez dias antes, em Dallas, cinco policiais foram mortos por um negro após dois episódios em que a polícia matou jovens negros em circunstâncias que permanecem sem explicação.

O tempo transcorrido entre o massacre por um jovem branco de nove negros em uma igreja em Charleston (Carolina do Sul), em junho de 2015, e o assassinato de 49 pessoas em junho em uma boate gay em Orlando (Florida), foi marcado pelos chamados crimes de ódio.

Conners espera que a candidata democrata Hillary Clinton vença as eleições presidenciais de 8 de novembro. "Acredito que se o cretino Trump vencer, o nosso mundo irá retroceder", declarou à AFP, à margem de uma conferência da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP por sua sigla em inglês) em Cincinnati (Ohio).

O empresário nova-iorquino, cuja investidura começou nesta terça-feira na convenção de seu Partido Republicano em Cleveland (Ohio), foi muito criticado pelo tom adotado em sua campanha, considerada excludente por muitos.

É um dos poucos candidatos à Casa Branca que se negou a discursar durante a convenção da NAACP.

"De mal a pior"

Trump foi a ponta de lança dos "birthers", aquelas pessoas que pensam que Barack Obama, nascido em 1961 no Havaí, nasceu no exterior e que, portanto, deveria ser impedido de se apresentar como candidato à presidência dos Estados Unidos. Ele foi acusado por Hillary Clinton de fazer o jogo dos supremacistas brancos.

"Os caucasianos não são mortos a tiros como nós", comentou Oscar Arrington, um policial aposentado negro de Nova York.

"Eu diria que vamos de mal a pior em vez de melhorar, porque não paramos de dizer 'nunca mais, estamos cansados, basta' e logo depois outra pessoa de cor e desarmada é assassinada pela polícia", disse ele.

Mais de 80% dos americanos considera que o próximo presidente deverá abordar o problema das relações raciais, consideradas "ruins" por 63% das pessoas interrogadas em uma pesquisa recente do Washington Post/ABC News.

O presidente da NAACP, Cornell William Brooks, que comparou os atos de violência cometidos pela polícia com linchamento, pediu ao próximo presidente que se comprometa abertamente em encontrar uma solução para o problema.

"Se quiseram o nosso voto, se quiserem o nosso apoio, deverão respeitar esse compromisso nos 100 (primeiros) dias e prometer fazê-lo antes de tomar posse", disse ele.

Ele exigiu especialmente o fim do financiamento federal a qualquer organização que discrimine, a criação de uma comissão independente para investigar os casos em que negros foram mortos e que sejam publicadas as estatísticas sobre as mortes.

Os delegados da organização acolheram de foram calorosa o apelo de Hillary Clinton durante esta convenção para reformar o sistema de justiça, pela divulgação de estatísticas sobre as mortes em centros de detenção e para reforçar a legislação sobre armas de fogo.

Trump "fragmentará" o país

"Estamos em uma encruzilhada crítica", considerou Terry Pruitt, um lobista aposentado de Michigan. "Acredito que chegamos a um ponto em que ou unimos este país e seguimos em frente ou vamos seguir retrocedendo".

De acordo com Pruitt, em ambos os casos, o problema não está apenas ligado às forças de segurança, mas também aos republicanos, que não fizeram o suficiente durante a administração Obama em favor da unidade.

"Quando, desde o primeiro dia eles juram que não vão apoiar o programa do presidente (...) preparam o terreno para a guerra e o conflito", assegura.

"Como apagar certas declarações de Donald Trump?", perguntou-se.

Oscar Arrington está preocupado com o apoio recebido pelo candidato republicano, e acredita que, como presidente, Trump semeará a discórdia. "Provavelmente dividirá ainda mais este país".

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As relações raciais nos Estados Unidos estão em uma encruzilhada e correm o risco de envenenamento a um ponto de não retorno se o republicano Donald Trump chegar à Casa Branca, estimam militantes dos direitos civis.

"Há pessoas que querem começar uma guerra entre raças e se não tivermos cuidado, poderemos afundar nela", alerta Moneuc Conners, de 50 anos, ex-presidente de uma sucursal da NAACP, a maior organização de defesa dos negros nos Estados Unidos.

Três policiais, incluindo um afro-americano, foram mortos no domingo por um jovem negro em Baton Rouge, Louisiana, aparentemente em represália aos abusos e racismo prevalecente na polícia.

Dez dias antes, em Dallas, cinco policiais foram mortos por um negro após dois episódios em que a polícia matou jovens negros em circunstâncias que permanecem sem explicação.

O tempo transcorrido entre o massacre por um jovem branco de nove negros em uma igreja em Charleston (Carolina do Sul), em junho de 2015, e o assassinato de 49 pessoas em junho em uma boate gay em Orlando (Florida), foi marcado pelos chamados crimes de ódio.

Conners espera que a candidata democrata Hillary Clinton vença as eleições presidenciais de 8 de novembro. "Acredito que se o cretino Trump vencer, o nosso mundo irá retroceder", declarou à AFP, à margem de uma conferência da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP por sua sigla em inglês) em Cincinnati (Ohio).

O empresário nova-iorquino, cuja investidura começou nesta terça-feira na convenção de seu Partido Republicano em Cleveland (Ohio), foi muito criticado pelo tom adotado em sua campanha, considerada excludente por muitos.

É um dos poucos candidatos à Casa Branca que se negou a discursar durante a convenção da NAACP.

"De mal a pior"

Trump foi a ponta de lança dos "birthers", aquelas pessoas que pensam que Barack Obama, nascido em 1961 no Havaí, nasceu no exterior e que, portanto, deveria ser impedido de se apresentar como candidato à presidência dos Estados Unidos. Ele foi acusado por Hillary Clinton de fazer o jogo dos supremacistas brancos.

"Os caucasianos não são mortos a tiros como nós", comentou Oscar Arrington, um policial aposentado negro de Nova York.

"Eu diria que vamos de mal a pior em vez de melhorar, porque não paramos de dizer 'nunca mais, estamos cansados, basta' e logo depois outra pessoa de cor e desarmada é assassinada pela polícia", disse ele.

Mais de 80% dos americanos considera que o próximo presidente deverá abordar o problema das relações raciais, consideradas "ruins" por 63% das pessoas interrogadas em uma pesquisa recente do Washington Post/ABC News.

O presidente da NAACP, Cornell William Brooks, que comparou os atos de violência cometidos pela polícia com linchamento, pediu ao próximo presidente que se comprometa abertamente em encontrar uma solução para o problema.

"Se quiseram o nosso voto, se quiserem o nosso apoio, deverão respeitar esse compromisso nos 100 (primeiros) dias e prometer fazê-lo antes de tomar posse", disse ele.

Ele exigiu especialmente o fim do financiamento federal a qualquer organização que discrimine, a criação de uma comissão independente para investigar os casos em que negros foram mortos e que sejam publicadas as estatísticas sobre as mortes.

Os delegados da organização acolheram de foram calorosa o apelo de Hillary Clinton durante esta convenção para reformar o sistema de justiça, pela divulgação de estatísticas sobre as mortes em centros de detenção e para reforçar a legislação sobre armas de fogo.

Trump "fragmentará" o país

"Estamos em uma encruzilhada crítica", considerou Terry Pruitt, um lobista aposentado de Michigan. "Acredito que chegamos a um ponto em que ou unimos este país e seguimos em frente ou vamos seguir retrocedendo".

De acordo com Pruitt, em ambos os casos, o problema não está apenas ligado às forças de segurança, mas também aos republicanos, que não fizeram o suficiente durante a administração Obama em favor da unidade.

"Quando, desde o primeiro dia eles juram que não vão apoiar o programa do presidente (...) preparam o terreno para a guerra e o conflito", assegura.

"Como apagar certas declarações de Donald Trump?", perguntou-se.

Oscar Arrington está preocupado com o apoio recebido pelo candidato republicano, e acredita que, como presidente, Trump semeará a discórdia. "Provavelmente dividirá ainda mais este país".

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