Trump começa corrida pela reeleição — agora, como favorito
Pleito de 2020 vai mostrar até onde a população americana está disposta a ignorar tropeços políticos de Trump em troca de uma economia que vai bem
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2019 às 06h44.
Última atualização em 18 de junho de 2019 às 07h18.
Quando o então “outsider” Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos em 2016, o resultado foi visto como completamente fora da curva — com a rival Hillary Clinton tendo mais de 80% de chances de vitória na maioria das estimativas da época. Dois anos e meio depois, a presidência de Trump nesta terça-feira, o republicano vai anunciar em comício na Flórida (um dos estados que o elegeram) sua candidatura à reeleição com grandes chances de nova vitória.
A pouco mais de um ano do pleito, marcado para 8 de novembro de 2020, a economia está a favor de Trump. A taxa de desemprego dos EUA está abaixo de 4% (o chamado “desemprego zero”, que faz inveja aos mais de 12% de desemprego no Brasil), enquanto o Produto Interno Bruto deve crescer 2,5% em 2019, segundo o Banco Mundial (o dobro da zona do euro, por exemplo). O SP&500, principal índice das bolsas americanas, cresceu 28% no governo Trump.
Pelo lado das decisões questionáveis, contudo, Trump foi de separação de crianças e seus pais na fronteira a acusações de envolvimento com a Rússia nas eleições, saída dos EUA do Acordo climático de Paris, brigas diárias com jornalistas, fracassada tentativa de destruir o programa de saúde “Obamacare” (que nem seu próprio partido apoiou no Congresso), uma guerra comercial contra a China e a tentativa de, novamente, impor novas tarifas contra o México. A lista é longa.
Em um país altamente polarizado e com pouca gente mudando de ideia, o presidente é aprovado por uma metade da população e odiado por outra (sua aprovação vem se mantendo em torno de 40%). Pelo lado democrata, os futuros oponentes de Trump ainda não estão definidos. As primárias começam neste ano, com 23 candidatos na disputa até agora e o primeiro debate marcado para o fim de junho. Entre os principais nomes estão Joe Biden (vice nos mandatos do ex-presidente Barack Obama), o senador Bernie Sanders (mais à esquerda e que concorreu em 2016) e a senadora Elizabeth Warren (da mesma corrente mais à esquerda de Sanders).
Se a urna traz algum indício, o Partido Republicano de Trump perdeu no ano passado sua maioria na Câmara nas eleições de meio de mandato (as midterms ), mas manteve a do Senado. Contudo, vale lembrar, não é o voto absoluto que conta na corrida presidencial: Trump teve menos votos que Clinton em 2016, mas ganhou em mais estados e em vários dos chamados “estados pêndulo”, aqueles não-fiéis cujo voto muda a depender da eleição.
Como afirmou o conceituado estatístico Nate Silver em seu site 538, qualquer previsão feita agora será um tiro no escuro. Trump decidiu não mexer no que deu certo em 2016: seu slogan de campanha, mais uma vez, será “make America great again”.