Mundo

Trump apoia campanha para isolar Catar

Presidente americano afirmou que o isolamento do Catar "pode ​​ser o início do fim do horror do terrorismo"

Trump: "durante a minha recente viagem ao Oriente Médio, afirmei que o financiamento da ideologia radical deveria parar. Os líderes apontaram o Catar - E olhem!" (Yuri Gripas/Reuters)

Trump: "durante a minha recente viagem ao Oriente Médio, afirmei que o financiamento da ideologia radical deveria parar. Os líderes apontaram o Catar - E olhem!" (Yuri Gripas/Reuters)

A

AFP

Publicado em 6 de junho de 2017 às 14h35.

O presidente americano, Donald Trump, expressou nesta terça-feira seu claro apoio à campanha diplomática e econômica da Arábia Saudita e de outros países da região para isolar o Catar, acusado de "apoiar o terrorismo".

Em um inesperado movimento contra um aliado-chade, Trump afirmou que o isolamento do Catar "pode ​​ser o início do fim do horror do terrorismo", sugerindo que "todos os elementos apontam para o Catar" no financiamento do extremismo.

Os países do Golfo disseram "que adotariam uma linha dura contra o financiamento do extremismo e todos os elementos apontam para o Catar", tuitou Donald Trump.

O emirado é acusado por seus detratores de ter ligações com a rede Al-Qaeda, com o grupo Estado Islâmico (EI) e com a Irmandade Muçulmana, classificados como "terroristas" por alguns países árabes.

Donald Trump já havia se expressado no Twitter esta manhã atribuindo o isolamento do Catar a sua recente visita à Arábia Saudita centrada na luta contra o islamismo radical.

"Durante a minha recente viagem ao Oriente Médio, afirmei que o financiamento da ideologia radical deveria parar. Os líderes apontaram o Catar - E olhem!", escreveu o presidente dos Estados Unidos.

Estas declarações do presidente americano contrastam com o tom conciliador de seu secretário de Estado, Rex Tillerson, que na segunda-feira pediu aos países do Golfo para permanecerem "unidos" e "sentarem e conversarem sobre essas diferenças".

O Catar abriga a maior base aérea americana na região, sede do comando militar dos Estados Unidos responsável para o Oriente Médio. Esta base é crucial para a luta contra o grupo Estado Islâmico na Síria e no Iraque, liderada pela coalizão internacional dirigida por Washington e da qual Doha faz parte.

A este respeito, o porta-voz do Pentágono, Jeff Davis, garantiu que as operações militares americanas no Catar "não foram afetadas" pela crise.

Na segunda-feira, Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Egito e Iêmen romperam relações diplomáticas com o Catar.

Medidas econômicas foram adotadas, como o fechamento das fronteiras terrestres e marítimas, a proibição de voo imposta às companhias aéreas do Catar e restrições de viagem às pessoas.

Seis companhias do Golfo suspenderam "até novo aviso" seus voos de e para Doha, impedindo os passageiros de viajar.

No site da Dubai Airports, todos os 27 voos com destino para Doha estavam marcados como "cancelados".

A Aviação Civil saudita também proibiu as companhias aéreas do Catar de sobrevoar o reino, o que deve resultar em desvios, atrasos e custos operacionais adicionais.

As autoridades sauditas também anunciaram nesta terça que cancelaram a licença da Qatar Airways e decidiram fechar os escritórios da empresa "dentro de 48 horas".

A Qatar Airways anunciou que suspendeu indefinidamente todos os voos para Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito.

Em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, filas se formavam em frente a uma agência da Qatar Airways.

Mediação

Durante a madrugada, o Catar dava a impressão de buscar uma solução para a crise, pedindo um "diálogo aberto e honesto".

Em entrevista à Al-Jazeera, o chefe da diplomacia do emirado, o xeque Mohamed ben Abderrahmane Al-Thani, assegurou que não haveria "escalada" da parte do Catar.

O chanceler dos Emirados Árabes Unidos, Anwar Gargash, declarou nesta terça-feira que primeiro é preciso "restaurar a confiança", exigindo "um roteiro com garantias", a fim de retomar o diálogo com Doha.

Vários países tentavam mediar a crise - a pior desde a criação em 1981 do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) - como o Kuwait, que não rompeu relações com o Catar. Se emir, Sabah Al Ahmad Al Sabah, viajou nesta terça à Arábia Saudira para mediar a crise.

A Turquia, que tem laços estreitos com as monarquias do Golfo, também defendeu o diálogo.

Na segunda-feira à noite, o rei saudita Salman recebeu um telefonema do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, e nesta terça-feira o porta-voz do governo turco afirmou que Erdogan iniciou "esforços diplomáticos".

O Catar também foi excluído da coalizão militar árabe liderada por Riad que combate os rebeldes pró-iranianos no Iêmen. E é acusado de apoiar grupos radicais islâmicos e de não tomar distância suficiente do Irã, rival da Arábia Saudita.

Rico país de política externa controversa, o Catar havia inicialmente reagido com indignação à decisão anunciada por Riad e seus aliados, acusando os vizinhos de querer "colocá-lo sob tutela" e asfixiar sua economia.

O Catar sempre seguiu sua própria política regional, afirmando sua influência pelo esporte - sediará a Copa do Mundo de futebol de 2022 - e pela imprensa com a Al-Jazeera, cujos escritórios foram fechados em Riad na segunda-feira.

Acompanhe tudo sobre:CatarDonald TrumpEstados Unidos (EUA)

Mais de Mundo

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal