Trump: o presidente americano pretende se reunir com o líder norte-coreano em breve (Spencer Platt/Reuters)
AFP
Publicado em 24 de setembro de 2018 às 12h04.
Última atualização em 24 de setembro de 2018 às 13h52.
Doze meses depois de sua explosiva estreia no maior palco diplomático do mundo, o presidente americano, Donald Trump, retorna à Assembleia Geral da ONU nesta segunda-feira (24) para anunciar uma mudança em suas relações com Kim Jong-un, seu inimigo número um do ano passado.
Hoje, em conversa com jornalistas na ONU, Trump já declarou que espera se reunir em breve com Kim e disse perceber um "progresso tremendo" nas relações.
"Parece que teremos uma segunda cúpula muito em breve", afirmou.
"Como sabem, Kim Jong-un escreveu uma carta, uma bela carta, pedindo um segundo encontro, e faremos isso", acrescentou o presidente americano.
Depois de chegar à sua cidade natal no domingo, Trump tem um calendário apertado nos próximos dias, começando com um discurso sobre o comércio mundial de drogas nesta segunda.
Além de seu pronunciamento de amanhã na Assembleia Geral, Trump terá uma série de reuniões bilaterais com aliados. Entre eles, o presidente francês, Emmanuel Macron, a primeira-ministra britânica, Theresa May, e o premiê japonês, Shinzo Abe, com quem já se reuniu no domingo à noite.
Um dos encontros mais esperados acontece hoje, com seu colega sul-coreano, Moon Jae-in, que deve informá-lo sobre a cúpula intercoreana da semana passada com Kim, em Pyongyang.
Em seu discurso de 41 minutos na Assembleia Geral em 2017, o presidente dos Estados Unidos deixou claro que queria rever o caminho trilhado no último meio século com um maior peso das instituições globais para recuperar a primazia americana.
Meses de crescentes tensões pelos avanços no programa nuclear da Coreia do Norte levaram Trump a advertir Kim de que seu país seria "totalmente destruído", se os Estados Unidos, ou seus aliados, fossem atacados.
Sua inflamada descrição de Kim como "homem-foguete" em uma "missão suicida" deflagrou uma dura resposta do dirigente norte-coreano, que acusou o magnata republicano de ser um "doente mental senil".
Agora, porém, os observadores buscarão indícios de uma segunda cúpula entre ambos os líderes desde sua histórica reunião em Singapura, em junho passado.
Embora tenha manifestado algumas decepções nos últimos meses em relação ao andamento das negociações com seus interlocutores asiáticos, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que os esforços para convencer Pyongyang de que seu país deve seguir com a desnuclearização estão avançando.
"Esperamos que possamos conseguir este resultado para bem do mundo", disse Pompeo à Fox News.
O secretário de Estado presidirá uma reunião do Conselho de Segurança na quinta-feira, na qual informará os membros do organismo sobre como o governo de Trump pode convencer Pyongyang a renunciar às armas nucleares.
Também defenderá o uso das sanções por parte do governo para forçar essa mudança, uma postura que já puniu empresas chinesas e russas que faziam negócios na Coreia do Norte.
Embora Trump tenha reduzido os decibéis contra Kim, parece haver pouca chance de acontecer o mesmo com o presidente do Irã, Hassan Rohani.
Este ano, os Estados Unidos irritaram muitos de seus aliados na Europa, ao deixarem um acordo negociado em conjunto, em 2015, e que levantou as sanções contra Teerã em troca de concessões iranianas em seu programa nuclear. Sobre o mesmo tema, a Arábia Saudita e outros países do Oriente Médio felicitaram Trump por sua posição intransigente frente a Teerã.
Vários dos principais aliados do presidente estarão presentes na quarta-feira em uma reunião apresentada como uma "cúpula contra o Irã nuclear" e que contará com oradores árabes. Rohani anunciou uma entrevista coletiva para o mesmo horário.