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Trabalhadora sanitária no Texas tem exame positivo de ebola

Assim como no primeiro caso, a funcionária ficou doente após atender o paciente liberiano morto com ebola no começo do mês no Hospital Presbiteriano de Dallas

Prédio onde mora enfermeira: ela viajou de avião um dia antes de ser diagnosticada (Polícia de Dallas/Divulgação via Reuters)
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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2014 às 18h40.

Uma segunda trabalhadora do hospital no Texas (sul dos Estados Unidos) onde foi tratado o liberiano morto por ebola , teve positivo o exame de detecção do vírus, informou a ONU, alertando que a doença está vencendo a corrida contra os que tentam combatê-la.

Assim como no primeiro caso, a funcionária ficou doente após atender o paciente liberiano morto com ebola no começo do mês no Hospital Presbiteriano de Dallas.

A profissional, que já foi isolada, viajou de avião um dia antes de ser diagnosticada, informaram autoridades de Saúde, que agora procuram as 132 pessoas do voo doméstico para submetê-las a exames.

"Ela não deveria ter viajado em um avião comercial", afirmou o diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Thomas Frieden, destacando que as autoridades se preparam para o aparecimento de novos casos nos próximos dias.

"Este segundo caso (de infecção) de um profissional da saúde é muito preocupante", afirmou Frieden.

"Estamos identificando profissionais de saúde adicionais, que serão monitorados de perto e estamos nos planejando para a possibilidade de casos adicionais nos próximos dias", prosseguiu.

Após este anúncio, o presidente americano Barack Obama cancelou uma viagem para participar de eventos de campanha em Nova Jersey e Connecticut, a fim de conduzir uma reunião na Casa Branca sobre a resposta do governo americano à epidemia de ebola, informou um porta-voz.

"Ao final desta tarde, o presidente convocará uma reunião na Casa Branca de sua equipe que coordena a resposta do governo à epidemia de ebola", disse o porta-voz John Earnest, explicando que a mudança de planos ocorreu depois da notícia da segunda infecção no Texas.

Mais cedo, o presidente realizou uma videoconferência para discutir os últimos acontecimentos da epidemia com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, o presidente francês, François Hollande, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê italiano, Matteo Renzi.

Em um comunicado publicado após a conferência, o presidente Hollande "informou que a França vai estabelecer um dispositivo de controle na chegada dos voos procedentes das regiões afetadas pelo vírus".

Ebola "está vencendo a corrida"

"A epidemia anda mais rápido que nós e está vencendo a corrida", admitiu Anthony Banbury, chefe da missão das Nações Unidas encarregado de coordenar a resposta de emergência ao vírus, após uma reunião especial do Conselho de Segurança das Nações Unidas, na terça-feira.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) teme uma explosão de casos da doença onde a epidemia se concentra - Guiné, Serra Leoa e Libéria -, onde a taxa de mortalidade é de 70% das pessoas infectadas.

Nestes países, a epidemia poderia alcançar entre 5.000 e 10.000 casos por semana contra os cerca de mil atuais, advertiu a entidade, que estabeleceu um novo balanço global, de 4.493 mortos de um total de 8.997 casos registrados em sete países: Libéria, Serra Leoa, Guiné, Nigéria, Senegal, Espanha e Estados Unidos.

Além disso, o número de casos reais de ebola poderia ser 1,5 vez superior aos registros oficiais da Guiné, duas vezes maior em Serra Leoa e 2,5 vezes maior na Libéria.

Enquanto isso, a OMS poderá declarar o fim da epidemia no Senegal na sexta-feira e na Nigéria na segunda-feira, caso não sejam registrados novos casos nestes países antes destes dias.

Na Espanha, a auxiliar de enfermagem contaminada pelo vírus - o primeiro caso de infecção fora da África - permanece em estado grave, porém "estável", segundo o último boletim médico.

Em Dubai, as autoridades colocaram em quarentena nesta quarta-feira um passageiro procedente da Libéria com sintomas de ebola, o primeiro caso suspeito registrado na região do Golfo.

O homem, que chegou da Libéria via Marrocos, foi "isolado para exames porque estava com diarreia", mas não tinha febre, anunciou o ministro da Saúde dos Emirados Árabes Unidos.

Polêmica nos Estados Unidos

Antes mesmo de ser conhecido o segundo caso de contágio em território americano, a polêmica já tinha se instalado nos Estados Unidos pela suposta insuficiência das medidas de segurança para evitar a propagação do vírus.

"Não é aceitável que dois trabalhadores sanitários que davam assistência a uma pessoa sejam infectados devido à sua exposição", afirmou Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas.

"Isto não deveria ter acontecido", acrescentou. Ele disse que as autoridades sanitárias devem começar a oferecer um treinamento melhor para evitar futuros casos.

O diretor dos CDC sugeriu que o primeiro caso de contágio dentro do país pode ter acontecido por negligência no procedimento médico, ao que um sindicato de enfermeiras respondeu nesta quarta, criticando a falta absoluta de protocolo.

"O pessoal de enfermagem não dispôs de consignas específicas, nem quando o paciente deu entrada na emergência, nem quando esteve em tratamento", afirmou RoseAnn DeMoro, presidente do sindicato.

"Enquanto o paciente vomitava e tinha diarreias, o pessoal não recebeu nenhuma indicação sobre o que fazer com os dejetos, nem como limpar um material que era altamente contagioso", insistiu.

Segundo as autoridades sanitárias, até 76 funcionários podem ter tido contato com o paciente morto e, portanto, sido expostos ao vírus.

O mundo em ação

Para deter a expansão da epidemia, as Nações Unidas estabeleceram como meta garantir 70% dos enterros e o isolamento de 70% dos casos suspeitos de agora até 1º de dezembro, um objetivo que a própria organização considera "ambicioso".

Os Estados Unidos prometeram US$ 5 milhões à Libéria para indenizar os funcionários de saúde que atendem pacientes com ebola, informou a presidência liberiana nesta quarta-feira.

Neste país, o mais afetado pela epidemia, o sindicato de pessoal de saúde suspendeu, na noite de terça, uma greve iniciada na véspera, devido às necessidades dos doentes.

O ministro norueguês das Relações Exteriores, Boerge Brende, anunciou que aumentará o apoio logístico e financeiro, adicionando € 9 milhões (US$ 11,5 milhões) à sua ajuda atual, de € 39 milhões (US$ 49,8 milhões).

São Paulo - Ebola é uma doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
  • 2. A origem

    2 /13(Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)

  • Veja também

    A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
  • 3. A epidemia atual

    3 /13(Tommy Trenchard/Reuters)

  • Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
  • 4. Os sintomas

    4 /13(AFP)

    Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
  • 5. Transmissão

    5 /13(Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)

    O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
  • 6. O tratamento

    6 /13(Cellou Binani/AFP)

    Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
  • 7. Como se proteger

    7 /13(AFP)

    A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
  • 8. Epidemia global

    8 /13(Tommy Trenchard / Reuters)

    O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
  • 9. Vacina experimental

    9 /13(sxc.hu)

    Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
  • 10. Fronteiras fechadas

    10 /13(Gary Cameron/Reuters)

    Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
  • 11. Não há mercado para a vacina

    11 /13(AFP)

    Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
  • 12. Medicação

    12 /13(Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)

    Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
  • 13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde

    13 /13(Reuters)

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