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Tóquio deseja parar de fumar para Jogos Olímpicos de 2020

Governador gostaria de aprovar uma lei para proibir completamente o consumo de cigarros em estabelecimentos públicos até a realização da Olimpíada de 2020

Tóquio: é permitido fumar em espaços fechados, mas na rua essa prática é completamente proibida (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2014 às 07h26.

Tóquio - Uma das imagens mais chocantes para os turistas estrangeiros ao desembarcar na capital japonesa é a dos restaurantes e bares repletos de fumaça, fato que pode mudar em breve devido à realização dos Jogos Olímpicos na cidade em 2020.

Isso porque o megaevento esportivo poderia servir de desculpa para transformar Tóquio em uma cidade livre de tabaco, como defendeu o governador Yoichi Masuzoe.

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Durante uma recente entrevista, Masuzoe reconheceu que ele gostaria de aprovar uma lei para proibir completamente o consumo de cigarros em estabelecimentos públicos até a realização dos Jogos Olímpicos de 2020.

"O Japão é o único país desenvolvido onde ainda é possível fumar nos restaurantes", disse o governador da sofisticada metrópole de 12 milhões de habitantes, que, por sinal, se mostra ciente de que a comparação com o "mundo avançado" poderá lhe ajudar a ganhar adeptos à causa.

A legislação japonesa pode parecer totalmente absurda aos olhos de um ocidental, já que, enquanto é permitido fumar em espaços fechados, na rua essa prática é completamente proibida. Embora essa lei dependa das normativas municipais, na maioria das cidades do Japão é proibido fumar em vias públicas.

Em Tóquio, por exemplo, só é possível acender cigarros em locais específicos e habilitados para isso, como canteiros e esquinas assinalados por cartazes, onde os fumantes se amontoam e compartilham cinzeiros.

Por outro lado, em locais fechados como bares e restaurantes, essa lei é muito menos restritiva.

Uma lei aprovada em maio de 2003 pede para "levar em consideração" o fumante passivo em locais públicos e sugere a criação de áreas separadas para os que não fumam.

No entanto, a norma não estabelece nenhum tipo de multa ou sanção e apenas 20% dos estabelecimentos de Tóquio proíbem o cigarro, o mesmo percentual daqueles que possuem separação entre fumantes e não fumantes.

"No Japão não se realiza uma proibição do tabaco pela falta de liderança e por causa dos vínculos dos políticos com a indústria tabaqueira do país", explicou à Agência Efe Yumiko Mochizuki, diretora do Instituto Nacional de Pesquisa do Câncer.

Neste aspecto, a médica se refere à poderosa Japan Tobacco, monopólio estatal até 1985 e da qual o governo japonês possui 50% de suas ações.

"Se falarmos apenas em termos econômicos, os números também falam por si mesmos", explicou Mochizuki ao lembrar que os impostos do tabaco fornecem aos cofres públicos 2 trilhões de ienes (cerca de 14,5 bilhões de euros) anuais, enquanto a despesa no tratamento de doenças relacionadas ao cigarro pode ser o triplo desse valor.

Os Jogos Olímpicos de 2020 poderiam ajudar a quebrar essa tendência no Japão, um país onde sete mil mortes de fumantes passivos e 130 mil por doenças relacionadas com o tabaco são registradas anualmente.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) mantém uma política antitabaco há quase duas décadas e colabora ativamente com a Organização Mundial da Saúde (OMS) em campanhas nesse sentido.

Os Jogos de Londres 2012 foram realizados em um país com uma rígida legislação que, desde 2007, proíbe o consumo de cigarros em lugares públicos fechados.

O certo é que no Japão, um país sem campanhas públicas agressivas contra o tabaco, a tendência de consumo está mudando, e os últimos dados mostram como o número de fumantes se situa abaixo de 20%, a taxa mais baixa desde os anos 60.

Apesar disso, a proposta do Governador não agrada todos os habitantes da capital japonesa, mas ganha cada vez mais simpatizantes.

"Estou farto de sair de noite e ter que enfrentar a fumaça. Me dá muita inveja quando viajo para o exterior e vejo que as pessoas podem voltar para casa sem que as roupas estejam empesteadas", comentou um cliente do COD, um bar onde não cabem mais de dez pessoas. EFE

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