Mundo

Tiros são disparados em operação em base naval da Crimeia

Em meio a um impasse diplomático, a Rússia disse que os Estados Unidos rejeitaram um convite para realizar novas conversas para a resolução da crise


	Arseni Yatseniuk: premiê culpou a Rússia pela crise e acusou Moscou de minar o sistema de segurança global ao tomar o controle da Crimeia
 (Andrew Kravchenko/Pool/Reuters)

Arseni Yatseniuk: premiê culpou a Rússia pela crise e acusou Moscou de minar o sistema de segurança global ao tomar o controle da Crimeia (Andrew Kravchenko/Pool/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de março de 2014 às 15h50.

Sebastopol - Homens armados sem identificação dispararam para o alto enquanto rumavam para uma base naval ucraniana da Crimeia nesta segunda-feira, no mais recente incidente armado desde que grupos militares russos assumiram o controle da península no mar Negro.

Em meio a um impasse diplomático, a Rússia disse que os Estados Unidos rejeitaram um convite para realizar novas conversas para a resolução da crise, que representa a pior divergência leste-oeste no mundo desde a Guerra Fria.

O primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatseniuk, que disse que se dirigiria ao Conselho de Segurança da ONU na quinta-feira, culpou a Rússia pela crise e acusou Moscou de minar o sistema de segurança global ao tomar o controle da Crimeia.

Em pouco mais de uma semana, forças russas ocuparam instalações militares em toda a Crimeia, lar da Frota Russa do Mar Negro e território russo até o líder soviético Nikita Khrushchev concedê-la à Ucrânia em 1954.

Separatistas pró-Rússia assumiram o controle do Parlamento regional, declararam a Crimeia parte da Federação Russa e anunciaram um referendo para confirmá-lo no próximo domingo.

O presidente Vladimir Putin diz que Moscou age para proteger os direitos dos russos étnicos, a maioria da população da Crimeia, desde que o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, foi deposto no que a Rússia diz ter sido um golpe inconstitucional.

Nesta segunda-feira, cerca de dez homens não identificados dispararam para o alto em um posto naval da Crimeia, segundo um porta-voz da defesa ucraniana.

Segundo o canal 5 da TV ucraniana, o porta-voz Vladislav Seleznyov disse que o tiroteio aconteceu em uma base de veículos motorizados perto de Bakhchisaray. Os homens, em dois micro-ônibus, entraram no local e exigiram que os funcionários ucranianos lhes dessem dez caminhões.

Mais cedo, a agência de notícias ucraniana Interfax citou um oficial ucraniano que descreveu os homens como soldados russos e dizendo que nenhum dos ucranianos no local ficou ferido.


As forças russas, que controlam a Crimeia há mais de uma semana, não trocaram fogo com as tropas ucranianas até agora. Um grupo de ucranianos foi detido por disparos para o alto durante um impasse em uma base aérea militar na semana passada.

Em outra ação armada, forças russas tomaram um hospital militar e uma unidade de mísseis. Correspondentes da Reuters também viram um grande comboio russo em movimento nas cercanias da cidade portuária de Sebastopol, perto de uma base aérea de defesa ucraniana, composto de mais de cem veículos, incluindo cerca de 20 veículos de transporte de pessoal armado, além de artilharia móvel.

Convite recusado

Putin afirma que a Rússia não controla os acontecimentos na Crimeia, mas os EUA ridicularizam as tentativas russas de negar envolvimento, e os dois ex-inimigos da Guerra Fria conduzem uma batalha geopolítica pelo futuro da Crimeia e da Ucrânia.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse a Putin que a posição russa na Ucrânia continua em conflito com o Ocidente, mas o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, declinou de um convite para visitar a Rússia para novas conversas.

"Tudo está sendo formulado como se houvesse um conflito entre Rússia e Ucrânia... e nossos parceiros sugeriram usar a situação criada por um golpe como ponto de partida", afirmou Lavrov a Putin durante as conversas no resort de Sochi, no Mar Negro, sede da recente Olimpíada de Inverno.

Ele não disse por que Kerry adiou o diálogo.

Em Kiev, Yatseniuk disse que se dirigiria ao Conselho de Segurança da ONU durante um debate sobre a Ucrânia. Ele também deve se reunir com o governo norte-americano, que mostrará o apoio de Washington à nova liderança ucraniana.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise políticaDiplomaciaEuropaRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado