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Taxas de juros da dívida de Portugal disparam

Analistas acreditam que país terá que pedir ajuda internacional depois das taxas alcançaram o nível mais alto desde a criação do euro

Pesquisa mostrou que 47,1% da população de Portugal quer que país receba ajuda do FMI e da UE (Patricia de Melo Moreira/AFP)
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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2011 às 15h47.

Lisboa - As taxas de juros da dívida de Portugal bateram um novo recorde nesta sexta-feira, reforçando as preocupações sobre a capacidade de financiamento do país.

As taxas das obrigações do Estado a 10 anos de Portugal dispararam nesta sexta-feira de manhã a 7,161%, contra 6,957% na véspera, um nível que não era visto desde a entrada do país na zona do euro.

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À tarde, situavam-se acima de 7%.

"Ninguém acredita que Portugal possa sair sozinho" desta situação, comentou o analista Thomas Mayer, economista do Deutsche Bank, para justificar a volta da tensão nos mercados.

Inclusive em Portugal, grande parte da população (47,1%) estima que o governo "deve pedir" ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e à União Europeia (UE), e mais da metade (50,8%) acha que "a situação do país seria melhor com a ajuda internacional", segundo uma pesquisa publicada no mês passado.

"Neste momento, a questão já não é saber se, depois de Grécia e Irlanda, Portugal irá recorrer ao Fundo de Estabilização europeu, e sim quando irá fazê-lo", estimou, por sua vez, o especialista Filipe Silva, do banco Carregosa.

Afundado por uma dívida estimada no fim de 2010 em 143 bilhões de euros (83,3% do PIB), Portugal sofre também com as fracas perspectivas de crescimento, que podem se ver reduzidas pelo severo plano de ajuste do governo para cortar o déficit a 4,6% do PIB.

Para 2011, Portugal estimou suas necessidades de financiamento em 20 bilhões de euros, sem contar os 26 bilhões da dívida que vence e que deve ser renegociada.

Na terça-feira, em sua primeira emissão do ano, Portugal conseguiu 500 milhões de euros em bônus do Tesouro a curto prazo, mas a uma taxa de 3,686%, ou seja, cinco vezes superior à exigida um ano antes (0,59%) para uma operação semelhante.

O secretário de Estado português para o Tesouro, Emanuel Santos, viu, no entanto, um sinal positivo de "confiança dos investidores" e disse estar convencido de que seu país será "capaz de superar estas dificuldades de forma autônoma e sem o apoio de entidades estrangeiras".

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