Soldados no Paquistão: militares aumentaram número de patrulhas e postos de controle (A Majeed/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2014 às 13h18.
Miranshah - O Movimento dos Talebans do Paquistão (TTP) ameaçou nesta segunda-feira queimar os palácios do governo e atacar os interesses de empresas estrangeiras, em represália pela ofensiva das autoridades paquistanesas no nordeste do país.
O exército prosseguiu durante a manhã com a ofensiva iniciada na véspera com bombardeios aéreos contra os rebeldes talebans e seus aliados da Al-Qaeda em seu reduto do Waziristão do Norte, zonal tribal na fronteira com o Afeganistão, onde ao menos 177 pessoas morreram, segundo o último balanço.
As autoridades anunciaram nesta segunda-feira que decretaram o estado de alerta nas grandes cidades do país, entre elas a capital Islamabad, Karachi (sul), Lahore (leste) e Peshawar (noroeste).
A polícia, apoiada pelo exército e por paramilitares, aumentou o número de patrulhas e postos de controle.
Em Karachi, as forças de segurança estavam em alerta vermelho após um ataque rebelde há uma semana contra o aeroporto que deixou 38 mortos. Este ataque motivou as autoridades paquistanesas a lançarem sua ofensiva.
O TTP, principal grupo rebelde islamita do país, ameaçou nesta segunda-feira atacar diretamente o governo do primeiro-ministro de Nawaz Sharif, ao considerá-lo responsável pela "perda de vidas e patrimônio de muçulmanos (...) como consequência desta operação".
Além disso, esta organização taleban convocou "todos os investidores estrangeiros, as companhias aéreas e as organizações multinacionais a abandonar o país imediatamente" para evitar ser alvo de ataques.
Desde o lançamento de sua guerra santa contra Islamabad por sua aliança com os Estados Unidos em 2007, o TTP é acusado de deixar 7.000 mortos em muitos ataques.
Mais de 150 mortos
A ofensiva do exército paquistanês iniciada nas primeiras horas de domingo deixou ao menos 115 mortos no mesmo dia, entre eles rebeldes uzbeques envolvidos no ataque contra o aeroporto de Karachi. Os ataques aéreos da manhã desta segunda-feira elevaram o número de mortos a 177, segundo o exército.
Islamabad também mobilizou tropas e blindados para reforçar suas bases militares, multiplicou as patrulhas e atacou com artilharia o Waziristão do Norte.
Na estrada que une Peshawar a Bannu (noroeste), nas imediações do Waziristão do Norte, centenas de caminhões militares se dirigiam a esta zona tribal carregados de tropas, armas e material militar, constatou a AFP.
As autoridades civis preparavam nos arredores de Bannu dois novos campos de deslocados improvisados para acolher as famílias que fogem da ofensiva militar.
A opinião pública, impactada pelo ataque contra o aeroporto de Karachi, parece apoiar a ofensiva lançada no domingo pelo governo, que durante muito tempo hesitou em passar à ação depois de propor durante meses negociações de paz com o TTP.
No entanto, o início do jejum no mês do Ramadã, dentro de duas semanas, semeia dúvidas sobre a eficácia e a duração da ofensiva.
Segundo os analistas, o êxito da operação dependerá da capacidade do Paquistão de abandonar sua proximidade histórica com alguns grupos armados islamitas, muitos dos quais terminaram dando as costas a Islamabad.
Além disso, o governo paquistanês deverá controlar melhor sua fronteira com o Afeganistão para impedir que os rebeldes que fugirem durante a ofensiva voltem facilmente, como já fizeram no passado.