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Tailândia e Camboja chegam a acordo para cessar-fogo

A decisão acontece após sete dias de confrontos na fronteira que resultaram em 15 mortes

Soldados cambojanos: Antes do acordo, o fogo de artilharia e fuzis foi registrado no território (AFP)

Soldados cambojanos: Antes do acordo, o fogo de artilharia e fuzis foi registrado no território (AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2011 às 09h00.

Bangcoc - Os exércitos do Camboja e Tailândia chegaram a um acordo nesta quinta-feira para um cessar-fogo que detém a onda de violência, após sete dias de conflitos na fronteira que causaram 15 mortes - um deles civil - e dezenas de milhares de deslocados.

Um porta-voz do Governo cambojano confirmou em Phnom Penh que responsáveis militares das duas nações se reuniram na manhã desta quinta-feira na passagem fronteiriça de Osmach, na província de Oddar Meanchey.

A reunião entre o comandante geral Chea Mon, do Camboja, e o tenente-general tailandês Thawatchai Samutsakorn durou menos de uma hora e permitiu um cessar-fogo imediato.

"Começou um cessar-fogo. Vamos ver se não há mais disparos nesta tarde, nesta noite e amanhã. Se não houver mais combates, Thawatchai Samutsakorn se reunirá amanhã com Chea Mon", anunciou o chefe das Forças Armadas da Tailândia, Prayuth Chan-ocha.

Antes do acordo, o fogo de artilharia e fuzis foi registrado sobre posições militares cambojanas ao oeste de Osmach, e ao redor dos templos hindus de Ta Meun (Ta Moan em cambojano), Ta Kwai (Ta Krabei) e Preah Vihear.

Quinze pessoas morreram nos enfrentamentos, incluindo um civil, segundo dados oficiais de ambos os países, enquanto outras 60 pessoas ficaram feridas e mais de 55 mil buscaram refúgio em abrigos.

Muitos dos refugiados cambojanos se protegeram em Samrong e a estrada de 30 quilômetros que separa a cidade dos templos de Ta Meun e Ta Kwai ficou deserta, como a maioria das casas.

Apenas idosos permaneceram em suas propriedades para cuidar do gado e por medo de vandalismo.


O cessar-fogo acontece no mesmo dia em que a embaixadora dos Estados Unidos na Tailândia, Kristie Kenney, se reuniu com o primeiro-ministro tailandês, Abhisit Vejjajiva, para tratar do conflito.

No fim da reunião, Kenney explicou aos jornalistas que tinha expressado ao chefe de Governo o desejo dos Estados Unidos que Camboja e Tailândia detenham a onda de violência e busquem uma saída negociada.

O diplomata americano garantiu que seu país não iria intervir, indicou que a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) dispõe dos mecanismos necessários para impedir o conflito, e expressou sua confiança em que cambojanos e tailandeses acabarão por sentar-se a negociar.

Indonésia, como presidente rotativo da Asean, leva desde fevereiro, quando tiveram lugar as últimas hostilidades, tentado reconciliar ao Camboja e Tailândia.

Após um começo encorajador, Tailândia começou a planejar o envio de observadores indonésios à fronteira e a insistir que o diálogo se mantivesse em um plano bilateral.

Os dois países se acusam mutuamente de ter começado as hostilidades, que se desenvolveram em torno dos antigos templos de Ta Muen, Ta Kwai e Preah Vihear.

As fronteiras entre os países, fortemente minada, nunca estiveram claramente delimitadas desde que a França abandonou suas colônias no Sudeste Asiático após a Segunda Guerra Mundial.

O conflito atual começou em 2008, quando a Unesco atribuiu o título de patrimônio da humanidade ao monumento de Preah Viehar, incluindo-o no território cambojano.

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