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Suprema Corte dos EUA derruba perdão de mais de US$ 400 bilhões em dívidas estudantis

O tribunal entendeu que o governo ultrapassou os poderes do Executivo ao apresentar a proposta

Biden prometeu, no ano passado, cancelar US$ 10 mil em dívidas para quem ganha menos de US$ 125 mil por ano (Yegor Aleyev / TASS/Getty Images)

Biden prometeu, no ano passado, cancelar US$ 10 mil em dívidas para quem ganha menos de US$ 125 mil por ano (Yegor Aleyev / TASS/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 30 de junho de 2023 às 17h47.

Última atualização em 30 de junho de 2023 às 17h59.

Em mais uma decisão aprovada pela maioria conservadora de 6 a 3, os juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitaram o plano do presidente americano, Joe Biden, de perdoar mais de US$ 400 bilhões em dívidas de financiamento estudantil federal a milhares de americanos, uma medida considerada central para sua plataforma de campanha à reeleição. O tribunal entendeu que o governo ultrapassou os poderes do Executivo ao apresentar a proposta, que se tornaria uma das medidas de governo mais caras da história do país.

Fontes da Casa Branca informaram que Biden se opõe “fortemente” à decisão e que vai se pronunciar para reafirmar que não “terminou de lutar”. O presidente se apoiou na mesma autoridade que levou o governo do então presidente Donald Trump a suspender os pagamentos de empréstimos estudantis durante a pandemia de covid-19, para propor o plano.

Biden prometeu, no ano passado, cancelar US$ 10 mil em dívidas para quem ganha menos de US$ 125 mil por ano ou US$ 250 mil por domicílio, além de perdoar US$ 20 mil para os débitos de quem recebeu ajuda federal destinada a famílias de baixa renda. Quase 26 milhões de americanos entraram com pedidos de cancelamento de dívidas e 16 milhões foram aprovados, embora nenhuma concessão tenha chegado a ser efetivada, por causa da disputa legal.

O presidente da Suprema Corte, juiz John Roberts, escreveu no voto da maioria que “o tema aqui não é se se deve fazer algo, mas quem tem a autoridade de fazê-lo” argumentando que cabe ao Legislativo decidir sobre o assunto. Analistas dizem, no entanto, que será difícil levar adiante a discussão em Congresso fortemente dominado pela oposição republicana, em meio a uma disputa pela Casa Branca.

A posição da minoria foi apresentada pela juíza Elena Kagan, que defendeu que a Corte estava ultrapassando “seu papel próprio e limitado na jurisprudência nacional”. O julgamento de hoje volta a descortinar a divisão no plenário do tribunal que, nos últimos dias, levou a outras duas decisões emblemáticas sobre temas que opõem tradicionalmente conservadores e liberais, nos Estados Unidos — na quinta-feira, a Corte considerou inconstitucionais as políticas afirmativas empregadas em processos de admissão de Universidades e, nesta sexta, deu uma decisão favorável a uma webdesigner evangélica que se recusa a trabalhar em casamentos homoafetivos.

O problema do endividamento estudantil é profundo e antigo no país, com o volume da dívida aumentando vertiginosamente, nas últimas décadas, ao mesmo tempo que o custo educacional cresceu muito acima de outros gastos domésticos. Atualmente, 45 milhões de pessoas têm uma dívida coletiva de US$ 1,6 trilhão.

Maioria conservadora

A decisão de hoje é a terceira, nas últimas 24 horas, em que o placar de 6-3 em favor dos conservadores da Suprema Corte derruba medidas ou contraria posturas ideológicas defendidas com vigor pelo governo do presidente Joe Biden.

Horas antes de vetar o perdão das dívidas estudantis, a maioria conservadora deu uma decisão favorável a uma webdesigner que se recusou a trabalhar em casamentos homoafetivos. Os juízes consideraram que a profissional é protegida pela Primeira Emenda da Constituição, que fala sobre liberdade de expressão, para se recusar a endossar mensagens com as quais discorda. É a primeira vez que a discriminação foi autorizada na esfera comercial.

Na quinta-feira, os mesmos seis juízes consideraram que a cor da pele e a etnia não podem ser critérios para entrada em universidades, ao analisarem os processos de admissão de Harvard e da Universidade da Carolina do Norte.

Em um discurso televisionado, o presidente democrata Joe Biden disse estar "fortemente em desacordo [com a decisão sobre política afirmativa]", afirmando que as "universidades são mais fortes quando há diversidade racial".

O presidente também acrescentou que "não podemos permitir que essa decisão seja a última palavra", instruindo o Departamento de Educação a "analisar quais práticas podem construir um [corpo estudantil] mais inclusivo e diverso". Biden também disse que a atual Suprema Corte "não é um tribunal normal" quando questionado por um repórter se ela seria "falida"

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