Agência de notícias
Publicado em 5 de janeiro de 2025 às 13h34.
Milhares de pessoas reuniram-se sob a neve na Coreia do Sul, neste domingo, 5, para se manifestar a favor ou contra o presidente afastado Yoon Suk Yeol, a menos de dois dias do prazo para a sua detenção devido ao fracasso da promulgação de uma lei marcial.
As manifestações começaram no sábado, quando milhares de pessoas se dirigiram à residência de Yoon e às principais ruas de Seul, um dia depois de uma tentativa fracassada de prender o presidente, com uma parcela defendendo a sua prisão e a outra, apoiando sua permanência no poder.
O mandatário afastado mergulhou o país no caos político em dezembro com a breve promulgação da lei marcial e, desde então, está interditado na residência presidencial, rodeado por centenas de agentes de segurança para resistir às tentativas de detenção.
No domingo, apesar da queda de neve que deixou Seul coberta de branco, os manifestantes a favor de Yoon voltaram a reunir-se em frente à residência presidencial.
Os protestantes que fazem oposição reuniram-se nas proximidades.
"A neve não é nada para mim. Pode cair toda a neve que nós continuamos aqui", disse Lee Jin-ah, de 28 anos, um manifestante contra Yoon.
"Estive na guerra e lutei contra os comunistas a 20 graus abaixo de zero, na neve. A neve não é nada, a guerra se repete", declarou à AFP Park Young-chul, um apoiador do presidente afastado.
Yoon é acusado de insurreição, um dos poucos crimes que não estão protegidos pela imunidade presidencial, podendo ser condenado à prisão ou mesmo à pena de morte. Se o mandado for executado, ele será o primeiro presidente sul-coreano em exercício a ser preso.
Um relatório dos promotores que investigam Yoon disse que o presidente afastado ignorou as objeções de membros importantes de seu gabinete ao decretar a lei marcial.
De acordo com o relatório visto pela AFP neste domingo, vários ministros do gabinete informaram-lhe sobre as graves repercussões políticas, diplomáticas e econômicas da lei marcial.
No sábado, o Partido Democrático, da oposição, pediu a dissolução dos serviços de segurança que protegiam Yoon depois que os investigadores foram impedidos de prendê-lo por centenas de agentes.
"O Serviço de Segurança Presidencial violou a constituição, posicionando-se como uma força de insurreição", disse o líder do partido, Park Chan-dae, no Parlamento.
O chefe do serviço, Park Jong-joon, declarou neste domingo que não tinha intenção de permitir que os investigadores prendessem Yoon antes que o prazo expirasse, já que seus subordinados são legalmente obrigados a proteger o líder em exercício do país.
"A execução de um mandado de prisão em meio a alegações de irregularidades processuais e legais prejudica a missão fundamental [do serviço] de garantir a segurança absoluta do presidente", disse Park, que rejeitou um pedido da polícia para interrogá-lo, em um discurso.
Enquanto isso, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, deve chegar a Seul na noite de domingo para conversar com seu contraparte sul-coreano, Cho Tae-yul.
Espera-se que ele busque promover a continuidade das políticas do presidente afastado, mas não de suas táticas.
Os advogados de Yoon classificaram as tentativas de prisão de sexta-feira de "ilegais" e prometeram tomar "ações legais" em relação a elas.
Naquele dia, os guarda-costas presidenciais protegeram Yoon dos investigadores, que, após um tenso impasse, decidiram se retirar, alegando temor por sua segurança.
O Tribunal Constitucional marcou o início do julgamento da destituição do presidente para 14 de janeiro, mesmo em sua ausência.
A instância tem até 180 dias para determinar se confirma a destituição de Yoon ou se ele retorna ao poder.