Suécia faz um minuto de silêncio por vítimas de atentado
"Nós nunca vamos ceder à violência. Nunca deixaremos o terrorismo prevalecer", declarou prefeita de Estocolmo, Karin Wanngård, após o minuto de silêncio
AFP
Publicado em 10 de abril de 2017 às 08h48.
Última atualização em 10 de abril de 2017 às 15h27.
A Suécia respeitou nesta segunda-feira um minuto de silêncio pelas vítimas do atentado com caminhão em Estocolmo, cometido, segundo a polícia, por um cidadão do Uzbequistão que declarou simpatia pelo movimento extremista.
Quase toda a família real sueca, o primeiro-ministro Stefan Lövfen, diplomatas estrangeiros e uma multidão de populares participaram na cerimônia junto à loja de departamentos, na esquina da rua de pedestre de Drottninggatan, onde um caminhão roubado matou quatro pessoas e feriu 15.
Também foram programadas outras homenagens às vítimas em outras partes do país.
"Não cederemos jamais ante a violência, não deixaremos o terrorismo vencer", declarou a prefeita de Estocolmo, Karin Wanngård, depois do minuto de silêncio.
"Estocolmo continuará sendo uma cidade aberta e tolerante".
A polícia prossegue investigando o principal suspeito do atentado, descrito pelos serviços de inteligência como um uzbeque de 39 anos que vivia em situação irregular desde que teve negado um pedido de residência.
Segundo os documentos judiciais aos quais a AFP teve acesso, o detido foi identificado como Rajmat Akilov, um operário de construção e pai de família, como havia antecipado a imprensa.
A ultradireita, que até o momento se mostrara prudente, denunciou nesta segunda-feira que as autoridades não conseguiram expulsar o indivíduo depois de negar a permissão de residência.
"Esse caso é um escândalo", declarou ao jornal Aftonbladet Jimmie Åkesson, porta-voz do partido Democratas da Suécia, que recebeu 12,8% dos votos nas eleições legislativas de 2014.
O partido vem ganhando simpatizantes por causa da crise migratória de 2014 e 2015, que levou o país a receber quase 250.000 solicitantes de asilo, mais que qualquer outro país europeu em proporção a sua população, de 10 milhões de pessoas.
Por sua parte, Lövfen, que ordenou um reforço nos controles de fronteira, também expressou no domingo sua frustração.
"Se a pessoa tem a permissão de residência negada, tem de abandonar o país", declarou à imprensa.
- Massacre de infiéis -
Entre 20.000 e 50.000 pessoas, segundo as fontes, se reuniram no domingo em uma "manifestação pelo amor" e contra o terrorismo convocada pelo Facebook.
As autoridades suspeitam que o autor do ataque roubou na sexta-feira o caminhão com o qual atropelou dezenas de pessoas no centro da capital, antes de avançar com o seu veículo contra a fachada da loja de departamentos.
"Demonstrava interesse por organizações extremistas como o grupo Estado Islâmico (EI)", declarou o chefe da polícia nacional, Jona Hysing, durante uma coletiva de imprensa na manhã de domingo.
Segundo os jornais Aftonbladet e Expressen, o suspeito reivindicou o atentado depois de ser preso e se declarou satisfeito com seu ato.
"Massacrei os infiéis", teria declarado, segundo o Aftonbladet, citando fontes ligadas à investigação. Além disso, teria afirmado que recebeu uma "ordem direta" do EI para atacar Estocolmo e teria dito que "o bombardeio à Síria deve acabar".
O suspeito pediu o visto de residência em 2014, mas o Escritório das Migrações o negou em junho de 2016.
Em dezembro de 2016, o Escritório de Migrações informou que ele tinha quatro semanas para deixar o país. Em fevereiro de 2017, a polícia recebeu a ordem para executar a decisão porque ele já não havia sido localizado, segundo as autoridades, que perderam sua pista até o atentado de sexta-feira.
No domingo, um segundo suspeito foi detido e colocado em prisão preventiva, indicou o Tribunal de Estocolmo, sem informar sua relação com o principal suspeito.
O modus operandi da ação lembra os atentados cometidos em Nice (sudeste da França), Berlim e Londres, todos reivindicados pelo EI.