Soldados do Sudão do Sul: porta-voz do governo acusou os rebeldes de violar o acordo alcançado na primeira ronda / rodada (REUTERS/George Philipas)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2014 às 18h23.
Adis-Abeba - O governo do Sudão do Sul e os rebeldes retomaram nesta terça-feira em Adis-Abeba as conversas para buscar uma solução definitiva ao conflito com uma troca de acusações sobre a violação da cessação de hostilidades pactuada em janeiro.
As duas partes iniciaram hoje a segunda rodada de negociações com a presença também de representantes da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (Igad) - grupo interestatal que está intermediando o conflito do Sudão do Sul, da União Europeia (UE), das Nações Unidas e da União Africana (UA).
Os porta-vozes das delegações se mostraram otimistas na entrevista coletiva de antes do início da segunda ronda, que parte das conquistas da primeira: a cessação das hostilidades e a libertação de sete dos 11 detidos pelo governo sul-sudanês.
"Precisamos que esta nova fase das conversas se oriente a uma solução", afirmou Seyoum Mesfin, diretor da delegação da Igad para o Sudão do Sul.
Nhail Deng Nhail, negociador-chefe da delegação do Executivo de Salva Kiir, disse que o governo sul-sudanês "reitera seu compromisso incondicional com as negociações".
O porta-voz do governo, no entanto, acusou os rebeldes de violar o acordo alcançado na primeira ronda / rodada. "Estamos muito decepcionados pelas flagrantes e repetidas violações do acordo da cessação de hostilidades pela outra parte", disse Nhail.
O sucesso desta segunda rodada dependerá em grande medida da atuação do Mecanismo de Monitoração e Verificação criado pela Igad em 23 de dezembro, quando foi acordado o cessar- fogo, segundo a delegação governamental.
Ta"ban Deng Gai, o porta-voz dos rebeldes, reateu que o pacto de cessação da violência foi descumprido por Juba, Campala e pelo Movimento pela Justiça e Igualdade de Darfur.
O acordo, disse, "foi violado sem nenhuma vergonha por parte do presidente de Juba, Salva Kiir; o de Uganda, Yoweri Museveni; pelo Movimento pela Justiça e a Igualdade de Darfur desde o dia em que foi assinado", asseverou.
Para o porta-voz rebelde, Uganda se transformou em "um novo poder colonial". "Pedimos à Igad, a União Africana e a ONU que garanta a retirada das forças de Museveni se querem que esta segunda rodada tenha êxito", acrescentou.
"O tema da libertação dos detidos também não foi completamente respeitado", denunciou.
Já o primeiro-ministro etíope e líder da Igad, Hailemariam Desalegn, pediu queas partes trabalhem "com forte resolução e compromisso" para buscar soluções duradouras ao conflito.
Cerca de dez mil pessoas morreram desde 15 de dezembro, quando após uma tentativa de golpe de Estado começaram os sangrentos confrontos entre as forças do governo e os opositores armados seguidores de Riek Mashar.