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Sociedade civil do Zimbábue pede renúncia de Mugabe

Em documento, organizações também pedem que os militares continuem intervindo para restaurar a ordem constitucional rumo a uma transição democrática

Robert Mugabe: signatários reivindicam que o Parlamento realize as mudanças necessárias para que as eleições de 2018 sejam "livres e justas" (Tiksa Negeri/Reuters)
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EFE

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 11h29.

Última atualização em 16 de novembro de 2017 às 11h30.

Harare - Um documento divulgado nesta quinta-feira por 115 organizações da sociedade civil do Zimbábue pede ao presidente Robert Mugabe que renuncie e aos militares que continuem intervindo no país para restaurar a ordem constitucional rumo a uma transição democrática.

"Esperamos e pedimos às Forças Armadas que elaborem um roteiro claro e facilmente adaptável para restaurar a ordem constitucional no Zimbábue", indicaram as associações, que reivindicam uma "saída do poder voluntária" do veterano presidente, de 93 anos e no poder desde 1980, "pela paz, estabilidade e progresso" no país.

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O documento, divulgado pelo ativista Doug Coltart em sua conta do Twitter, expressa a "preocupação" da sociedade civil e condena "qualquer ação, tentativa ou interesse por tomar o poder do Estado à margem das leis impostas na Constituição".

Seus signatários reivindicam ao Parlamento que realize as mudanças legais necessárias para que as eleições de 2018 sejam "livres e justas", e para salvaguardar a independência do poder judicial e garantir a neutralidade dos funcionários nos processos políticos.

As organizações pedem aos cidadãos que "mantenham a paz" e "contribuam livremente para uma solução".

Os pedidos vão além do panorama nacional. As organizações solicitaram à organização regional Comunidade para o Desenvolvimento da África Meridional (SADC, sigla em inglês) que seja a "árbitra" do conflito e "permita um diálogo inclusivo com partidos políticos, sociedade civil e líderes religiosos, sindicais e estudantis" entre outros.

A atual tensão no Zimbabué começou na tarde da terça-feira quando vários tanques tomaram as ruas da capital, Harare, embora o Exército garantiu que não se tratava de uma "tomada militar" do poder, mas de uma operação contra os "ladrões" do entorno do presidente Mugabe.

Os militares mantêm retido o próprio chefe de Estado e detiveram vários ministros, que são acusados de defender a candidatura da primeira-dama, Grace Mugabe, como sucessora de seu marido no poder, e de efetuar uma expulsão de seus rivais políticos como o cassado vice-presidente Emmerson Mnangagwa.

Os especialistas apontam como desencadeante dos fatos a expulsão na semana passada de Mnangagwa, um veterano de guerra envolvido no Governo de Mugabe desde sua ascensão ao poder.

Desde seu exílio na África do Sul, o ex-vice-presidente emitiu um comunicado no qual afirmou que "em breve controlaremos as molas do poder no nosso belo partido e país".

Algumas informações indicam hoje que Mnangagwa estaria negociando um governo transitório de concentração com a oposição e os veteranos de guerra - o que confirmaria que está ocorrendo um golpe de Estado -, embora ainda não tenha emitido nenhuma comunicação oficial.

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