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Sistema elétrico brasileiro não tem saúde perfeita, diz especialista

Para professor da Universidade Federal de Pernambuco, apagão no Nordeste é reflexo da falta de investimentos constantes em segurança e manutenção do setor

Ministro minimizou apagão no NE; para especialistas, sistema elétrico precisa se fortificar (Agência Brasil)

Ministro minimizou apagão no NE; para especialistas, sistema elétrico precisa se fortificar (Agência Brasil)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 4 de fevereiro de 2011 às 14h04.

São Paulo - Um transtorno do qual os brasileiros julgavam estar a salvo retornou com força ao rol de preocupações. Neste sexta-feira (4), pelo menos oito estados da região nordeste ficaram sem luz por quase três horas durante a madrugada, após um apagão aparentemente provocado por uma pane em uma subestação de Pernambuco. A queda de seis linhas de transmissão ativou o sistema de proteção de rede e levou ao desligamento de três usinas da região, deixando no escuro os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.

Durante coletiva em Brasília, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que  falhas são comuns e "o que houve não foi um apagão, mas uma interrupção temporária de fornecimento de energia". Para especialistas, o problema é mais sério do que faz parecer o ministro.  Afinal, ficar no escuro já se tornou sensação conhecida dos brasileiros. Em fevereiro de 2010, o Nordeste também passou por um apagão que deixou várias cidades sem energia por quase uma hora. Isso três meses depois de um blecaute, em novembro de 2009, ter atingindo estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil.

Segundo Augusto Oliveira, professor do Departamento de Energia Elétrica da Universidade Federal de Pernambuco, o sistema nacional de geração e transmissão de energia não está com a saúde em dia. "O sistema elétrico é um corpo vivo, que precisa ser alimentado com frequência", diz. Para Nunes, faltam investimentos mais vultosos em manutenção, segurança e criação de novas linhas e usinas.  "A saúde do nosso sistema elétrico ainda não está perfeita", avalia.

Segundo o especialista, é normal haver falhas no sistema, mas elas devem ser identificadas e sanadas rapidamente. Com base nisso, é possível apontar algumas razões para o apagão nordestino. Causas como sobrecarga de sistema e erro humano já foram praticamente descartadas pelo governo. Segundo o ministro Edson Lobão, é provável que tenha acontecido uma falha no sistema de proteção. Um circuito danificado teria sido automaticamente desligado, mas no momento em que se tentou religá-lo à rede, o sistema identificou uma anormalidade e, de maneira automática, acionou um sistema de proteção que desligou os demais circuitos da subestação.

Para o professor da UFPE, essa falha pode ser um reflexo da falta de manutenção e de equipamentos mais seguros. Com aparelhos mais modernos e precisos, diz ele, é possível identificar e corrigir falhas nas linhas de transmissão de forma rápida e eficaz. "Se você consegue isolar o defeito, o problema não se propaga", afirma.

Está marcada para a próxima terça-feira (8), no Rio de Janeiro, uma reunião entre o Operadorador Nacional do Sistema (ONS), a Companhia Hidroelétrica do Rio São Francisco (Chesf) - responsável pelo fornecimento de energia nos estados afetados - e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para discutir as causas que levaram ao blecaute.

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