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Sindicatos tentam paralisar a França para impedir reforma da Previdência

Grevistas bloquearam nesta terça-feira a saída de combustível de todas as refinarias do país

Protesto na França, em 2018: 2 em cada 3 franceses são contrários ao aumento da idade de aposentadoria (Gonzalo Fuentes/Reuters)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 7 de março de 2023 às 08h07.

Os protestos contra a reforma da Previdência defendida pelo presidente liberal, Emmanuel Macron, se intensificaram nesta terça-feira, 7, na França com o bloqueio de refinarias, viagens de trens canceladas, escolas fechadas e a ameaça de prorrogação das greves até a retirada do projeto de lei impopular.

A segunda maior economia da União Europeia (UE) tem a sexta jornada de greve convocada pelos sindicatos desde 19 de janeiro para protestar contra o endurecimento das condições de acesso a uma pensão integral, defendida de maneira inflexível pelo governo Macron .

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"A responsabilidade é exclusivamente do governo. Não se pode ignorar este movimento social", declarou à rádio France Info o líder da central sindical CGT, Philippe Martinez, antes de destacar o início de uma "nova fase" com greves prorrogáveis.

Garis, condutores de trens e do metrô, funcionários do setor de energia... diversas áreas interromperam as atividades na véspera ou alguns dias antes com o objetivo de alcançar o dia mais forte de protestos desde o início das mobilizações.

Os grevistas bloquearam nesta terça-feira a saída de combustível de todas as refinarias do país, segundo a CGT. Na segunda-feira paralisaram três dos quatro terminais de metano por "sete dias" e, desde sexta-feira, reduziram a produção de energia elétrica no setor nuclear.

Após semanas de protestos pacíficos que não apresentaram resultados, incluindo os maiores registrados em três décadas contra uma reforma social em 31 de janeiro com 1,27 milhão de pessoas nas ruas, segundo a polícia (2,8 milhões para a CGT), agora os sindicatos pretendem "paralisar" a economia

A primeira-ministra, Élisabeth Borne, chamou o objetivo de "irresponsável", em uma tentativa de desacreditar o movimento de oposição depois de fracassar em sua tentativa de convencer a população sobre a necessidade da reforma.

Contexto social

Dois em cada três franceses, de acordo com as pesquisas, são contrários ao projeto de elevar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e de antecipar para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos (e não 42, como atualmente) para receber pensão integral.

Aumentar uma das menores idades de aposentadoria da Europa tem o objetivo, segundo o governo, de evitar um futuro déficit da Previdência, em um contexto de aumento da expectativa de vida da população.

A última vez que os franceses conseguiram evitar uma reforma da Previdência aconteceu em 1995. Os sindicatos paralisaram os serviços de trens e metrô por três semanas e conseguiram manter um grande apoio da opinião pública.

Nesta terça-feira, os sindicatos esperam levar mais de dois milhões de pessoas às ruas, afirmou o líder do sindicato FO, Frédéric Souillot. Uma fonte do comando da polícia acredita que entre 1,1 e 1,4 milhão de pessoas participarão no dia de protestos.

Aposta política

Com o serviço de trens e o transporte público de Paris, crucial para a economia da capital, perturbados, o governo pediu aos franceses que trabalhem de casa se tiverem a possibilidade.

Mas com 60% dos professores do ensino básico e fundamental em greve e milhares de escolas fechadas, segundo os sindicatos, muitos franceses foram obrigados a procurar alternativas para os filhos.

"Não temos escolha. Felizmente, existe a avó", disse à AFP Michèle, uma aposentada de 75 anos de Bordeaux (sudoeste), que deve cuidar de sua neta na terça-feira para que os pais da criança consigam trabalhar.

Apesar do objetivo de bloquear a economia, o impacto das greves será "limitado", segundo os analistas do banco ING, que calculam, em caso de longas paralisações, uma queda de apenas 0,2 ponto percentual no PIB.

Macron arrisca uma parte importante de seu crédito político, depois que a pandemia o obrigou a abandonar um projeto anterior de reforma durante seu primeiro mandato, marcado pelos protestos sociais dos "coletes amarelos".

Sem maioria no Parlamento, que discute atualmente a reforma, o governo optou por um procedimento polêmico que permite aplicar as mudanças a partir do fim de março, caso as duas câmaras do Parlamento não se pronunciem sobre o tema.

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