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Shinzo Abe, ex-primeiro-ministro do Japão, morre após ser baleado durante discurso

Segundo a agência Reuters, o ex-premiê sofreu uma parada cardiorrespiratória antes de ser levado ao Hospital da Universidade de Medicina de Nara

Shinzo Abe: ele foi o primeiro-ministro que ocupou por mais tempo o cargo no Japão (pool/Getty Images)
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André Martins

Publicado em 8 de julho de 2022 às 06h28.

Última atualização em 8 de julho de 2022 às 12h31.

O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe morreu nesta sexta-feira, 8, após ser baleado durante um evento de campanha, em um ataque "absolutamente imperdoável" nas palavras do atual chefe de Governo do Japão , Fumio Kishida.

O ataque contra o político de 67 anos aconteceu em Nara durante um comício para as eleições do Senado de domingo, apesar das rígidas leis no país contra a posse de armas.

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Segundo a agência Reuters, o ex-premiê sofreu uma parada cardiorrespiratória antes de ser levado ao Hospital da Universidade de Medicina de Nara.

O atual primeiro-ministro Fumio Kishida disse que Abe estava em estado muito grave e condenou o ataque. "É um ato de barbárie durante a campanha eleitoral, que é a base da democracia, e é absolutamente imperdoável. Condeno este ato nos termos mais fortes", completou Kishida.

Um homem de 40 anosidentificado como Tetsuya Yamagami, suspeito do ataque, foi detido por tentativa de assassinato e teve umaespingardaconfiscada, informou o canal NHK, que citou fontes policiais. A polícia encontrou explosivos na casa dele. O suspeito teria dito à políciaque estava insatisfeito com Abe e queria matá-lo.

Imagens exibidas pela NHK mostram Abe no palco quando é possível ouvir um grande barulho e observar fumaça. Pouco depois, um homem foi imobilizado por agentes de segurança.

"Ele estava fazendo um discurso e um homem chegou por trás. O primeiro tiro soou como uma arma de brinquedo. Ele não caiu, mas então aconteceu um estrondo alto. O segundo tiro foi mais visível, dava para ver a explosão e a fumaça", disse um jovem que acompanhava o comício.

Abe caiu e sangrava pelo pescoço, afirmou uma fonte do Partido Liberal Democrático (PLD) à agência Jiji. Segundo a agência estatal japonesa, Abe foi atingido no peito e no pescoço.

Quem era Shinzo Abe

Abe foi o primeiro-ministro que ocupou por mais tempo o cargo no Japão. Entre 2006 e 2007 ele foi o primeiro-ministro mais novo a assumir desde a 2ª Guerra Mundial e retornou ao poder entre 2012 e 2020.

O ex-premie deixou o cargo em agosto de 2020 por motivos de saúde. Ele sofrede colite ulcerativa crônica.Abe permaneceu politicamente relevante dentro do Partido Liberal Democrata (LDP) mesmo depois de deixar o poder.

O ex-premiê ficou conhecimento no exterior por sua estratégia econômica, chamada de"abenomics". A ideia era realizar uma grande reativação do orçamento, fazer reformas estruturais no país e flexibilizar a politica monetária.

Conservador de linha dura, ele promoveu a revisão da Constituição pacifista do Japão para reconhecer os militares do país e reforçou o gastos com defesa.

Ele também teve papel fundamental para que as Olimpíadas de 2020 acontecesse em Tóquio. Adiados por conta da pandemia de covid-19, os jogos aconteceram em 2021.

Abe é de família com histórico político no Japão. Sei pai foi ministro das Relações Exteriores e seu avôNobusuke Kishi foiprimeiro-ministro.

Repercussão

O governo anunciou a criação de uma força-tarefa após o ataque, que provocou uma série de reações internacionais.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, expressou tristeza e preocupação com a tentativa de assassinato de Abe, um aliado de Washington. "Este é um momento muito, muito triste", declarou Blinken à imprensa durante a reunião do G20 em Bali.

Os principais líderes das instituições da União Europeia (UE) e da Otan afirmaram que estavam em "choque" com o ataque. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, classificou o ato como "abjeto".

O governo da China também afirmou que está em choque. "Acompanhamos a evolução da situação e esperamos que (Abe) esteja fora de perigo e se recupere o mais rápido possível", disse Zhao Lijian, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.

Gen Nakatani, assessor do primeiro-ministro Fumio Kishida, afirmou que "o terror e a violência nunca podem ser tolerados", segundo a agência Jiji.

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