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Separatistas pró-Rússia acusam Ucrânia de matar moradores de Kherson durante operação de retirada

Na mesma região, a Ucrânia acusou as tropas russas de terem instalado minas em uma empresa hidrelétrica para provocar uma "catástrofe"

Região destruída por bombardeio russo na cidade ucraniana de Kherson (DIMITAR DILKOFF/Getty Images)

Região destruída por bombardeio russo na cidade ucraniana de Kherson (DIMITAR DILKOFF/Getty Images)

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AFP

Publicado em 21 de outubro de 2022 às 09h29.

As autoridades de ocupação russas da região ucraniana de Kherson acusaram nesta sexta-feira (21) as forças de Kiev pela morte de quatro pessoas, em um bombardeio contra uma ponte no rio Dnieper utilizada para as operações de retirada dos moradores.

Na mesma região, a Ucrânia acusou as tropas russas de terem instalado minas em uma empresa hidrelétrica para provocar uma "catástrofe".

O vice-comandante da ocupação russa em Kherson, Kirill Stremousov, afirmou que quatro pessoas morreram quando o exército ucraniano bombardeou a ponte Antonovski sobre o rio Dnieper.

"A cidade de Kherson, como uma fortaleza, está preparando sua defesa", acrescentou.

Um canal estatal de televisão russo exibiu imagens de um veículo danificado e do tráfego aguardando para atravessar a ponte.

O exército ucraniano negou rapidamente que tenha civis como alvos. "Não atacamos infraestrutura crítica. Não atacamos localidades pacíficas ou a população local", disse a porta-voz militar Natalia Gumenyuk.

As tropas pró-Moscou pediram aos civis que seguissem para a margem esquerda do rio Dnieper diante do avanço da contraofensiva da Ucrânia, que chamou o deslocamento da população de "deportação" de seus cidadãos.

Na quinta-feira, Stremousov disse que quase 15.000 pessoas já haviam sido retiradas de Kherson. A administração pró-Rússia espera o deslocamento de 50.000 a 60.000 pessoas em poucos dias.

Para o secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, trata-se de uma "deportação em massa" que pretende mudar a "composição étnica do território ocupado".

A contraofensiva que permitiu à Ucrânia recuperar grandes faixas de território no leste e sul do país ganhou impulso recentemente no flanco sul em Kherson, a primeira grande cidade ucraniana a cair, em março, na ofensiva russa que começou em fevereiro.

Nesta região, as forças russas "minaram a represa e as unidades da central hidrelétrica de Kajovka", uma das maiores infraestruturas do tipo na Ucrânia, denunciou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

"A Rússia prepara de maneira consciente o terreno para uma catástrofe em larga escala, porque se a represa explodir, mais de 80 localidades, incluindo Kherson, estarão em uma zona de rápida inundação", afirmou.

"Isto poderia destruir o abastecimento de água em grande parte do sul da Ucrânia e afetar o resfriamento dos reatores da central nuclear de Zaporizhzhia, que recebe sua água no lago artificial de 18 milhões de metros cúbicos", acrescentou Zelensky.

Veterano das piores guerras da Rússia, o general Serguei Surovikin, nomeado recentemente comandante das operações na Ucrânia, admitiu na terça-feira que a situação em Kherson era "tensa" para o exército e afirmou que não teria receio de tomar uma "decisão muito difícil".

- Ameaça de Belarus -

Com suas infraestruturas energéticas atacadas há 10 dias e o inverno no horizonte, além das batalhas contra as forças russas no sul e leste, a Ucrânia citou na quinta-feira o risco da possível abertura de uma nova frente de batalha ao norte, a partir de Belarus.

"A ameaça de que as Forças Armadas russas retomem a ofensiva na frente norte cresce", declarou à imprensa Oleksii Gromov, comandante do Estado-Maior ucraniano.

"Desta vez a ofensiva pode começar ao oeste da fronteira bielorrussa para cortar as principais rotas de abastecimento de armas e equipamentos militares estrangeiros", que chegam pelo oeste da Ucrânia, especialmente através da Polônia.

Ao mesmo tempo, o governo dos Estados Unidos afirmou que o Irã está diretamente envolvido na guerra e que envia tropas à península da Crimeia para ajudar as forças russas a operar os drones 'kamikazes' de fabricação iraniana, usados para atacar a Ucrânia.

"Avaliamos que militares iranianos estavam no território da Crimeia e ajudaram a Rússia nestas operações", disse o porta-voz da Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

O Irã foi alvo de sanções ocidentais na quinta-feira por ter fornecido drones para a Rússia, uma acusação que Moscou e Teerã negam.

Segundo as autoridades ucranianas, 30% das centrais elétricas do país foram destruídas pelos ataques de mísseis e drones das forças russas.

Por este motivo, a Ucrânia determinou uma série de restrições ao consumo de energia elétrica.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, pediu à população, empresas e estabelecimentos comerciais que "economizem o máximo" do consumo de energia.

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