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Republicano acusa Trump de "corrupção histórica" por indulto a ex-assessor

Consultor de Trump há mais de 20 anos, Stone foi declarado culpado por mentir ao Congresso e subornar testemunhas em caso sobre campanha de Trump e a Rússia 

Roger Stone no primeiro dia do seu julgamento, em Washington, em novembro de 2019 (Arquivo/AFP)

Roger Stone no primeiro dia do seu julgamento, em Washington, em novembro de 2019 (Arquivo/AFP)

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AFP

Publicado em 11 de julho de 2020 às 16h41.

Última atualização em 11 de julho de 2020 às 16h42.

O senador republicano Mitt Romney, um dos poucos membros do partido do presidente Donald Trump a criticá-lo abertamente, atacou neste sábado (11) a decisão do mandatário de comutar a sentença de seu amigo, Roger Stone.

"Corrupção histórica sem precedentes: um presidente dos EUA comuta a sentença de prisão de uma pessoa condenada por um júri por mentir para proteger o mesmo presidente", escreveu Romney em uma mensagem no Twitter.

Em novembro, Stone, de 60 anos e consultor político de Trump há mais de 20 anos, foi declarado culpado por mentir ao Congresso e subornar testemunhas enquanto ocorria a investigação sobre possíveis vínculos entre a equipe de campanha de Trump e a Rússia.

Ele recebeu uma sentença de 40 meses para cumprir atrás das grades, que deveria começar a ser cumprida já na próxima semana. No entanto, Trump nunca escondeu o desejo de que seu amigo não fosse para a prisão.

"Roger Stone foi o alvo de uma caça às bruxas que nunca deveria ter acontecido", declarou o presidente americano em um tuíte postado na manhã deste sábado.

"Roger Stone agora é um homem livre!", anunciou a Casa Branca em um comunicado, a poucos dias do ex-assessor se apresentar para começar a cumprir sua pena, o que ocorreria na próxima semana.

Romney, ex-candidato republicano à Presidência em 2012 e único membro do partido a votar em fevereiro no Senado a favor do impeachment do presidente, é o primeiro membro influente do partido a se manifestar publicamente contra essa decisão de Trump.

"Misericórdia"

Os democratas ficaram chocados desde que o anúncio foi feito na última sexta-feira. "A decisão de Donald Trump de comutar a sentença de seu assessor de campanha, Roger Stone (...) é um ato assustador de corrupção", afirmou a líder democrata do Congresso, Nancy Pelosi. "O Congresso tomará medidas para evitar esses tipos de atos vergonhosos", acrescentou Pelosi em comunicado.

"Precisamos legislar para garantir que nenhum presidente possa perdoar ou comutar a sentença de um indivíduo envolvido em um acobertamento para proteger esse mesmo presidente de processos criminais", ressaltou Pelosi.

A declaração da Casa Branca reiterou a acusação de Trump de que o procurador especial Robert Mueller investigou um suposto delito que nunca foi cometido. O presidente defende que Stone, portanto, nunca deveria ter sido acusado.

"O simples fato é que, se o procurador especial não tivesse realizado uma investigação absolutamente infundada, Stone não seria condenado à prisão", segundo Trump.

Em declaração à imprensa, o advogado de Stone, Grant Smith, afirmou que seu cliente estava "incrivelmente honrado por o presidente Trump ter usado seu poder incrível e único sob a Constituição dos Estados Unidos para realizar esse ato de misericórdia".

O governo Trump já havia feito intervenções para ajudar Stone.

Depois que os promotores recomendaram uma sentença de sete a nove anos em cárcere, o procurador-geral, Bill Barr, acusado de atuar como advogado pessoal de Trump, considerou a decisão excessiva.

Os quatro promotores responsáveis pelo caso logo o abandonaram, e um promotor recém-nomeado sentenciou a prisão por três a quatro anos.

"Dois sistemas"

Adam Schiff, um congressista democrata que no último ano conduziu no Congresso o julgamento de impeachment contra Trump por causa do caso de suposta interferência russa, foi particularmente crítico ao presidente.
"Com Trump, agora existem dois sistemas de Justiça nos Estados Unidos: um para os amigos criminosos de Trump e outro para todos os outros".

O chefe da bancada democrata no Senado, Chuck Schumer, criticou "um presidente sem lei que considera o Departamento de Justiça como seu brinquedo pessoal".

Barr foi criticado pela decisão do seu departamento de suspender o caso contra o primeiro assessor de segurança nacional de Trump, Michael Flynn, que foi declarado culpado em 2017 por mentir sobre seus contatos com a Rússia ao FBI.

No mês passado, o governo demitiu Geoffrey Berman, um promotor de Nova York conhecido por investigar os aliados de Trump.

Nos últimos meses, o governo também demitiu ou rebaixou inspetores gerais do Pentágono, a comunidade de inteligência e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, além de um alto funcionário da saúde que questionou o incentivo do presidente por terapias não comprovadas contra a COVID-19.

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