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Segundo turno na Colômbia coloca em xeque processo de paz

O segundo turno da eleição presidencial na Colômbia põe em xeque o processo de paz com as Farc

Soldados das Farc: eleição coloca frente a frente impulsionador e crítico ao diálogo (Serdechny / Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2014 às 13h53.

Bogotá - O segundo turno da eleição presidencial na Colômbia põe em xeque o processo de paz com a guerrilha, ao colocar frente a frente seu principal impulsionador, o presidente Juan Manuel Santos, e seu crítico mais ferrenho, Óscar Iván Zuluaga.

Santos, um liberal de centro-direita de 62 anos, busca a reeleição, decidido a acabar com um conflito de cinco décadas com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc , comunistas), principal grupo rebelde da Colômbia, com quem avança em negociações desde novembro de 2012 em Havana.

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"Com paz faremos mais", afirma o presidente, que nesta semana anunciou o início de negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN, extrema esquerda), segunda guerrilha do país, visando alcançar "uma paz integral".

Para Santos, o fim da insurgência permitirá "liberar o potencial" da Colômbia e aumentar o investimento em saúde e educação, mas, em especial, melhorará a vida dos mais desfavorecidos, "os que estão morrendo nesta guerra", em um país onde um terço dos 47 milhões de habitantes são pobres, apesar de um crescimento superior a 4%.

Zuluaga, um direitista de 55 anos, sucessor do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), foi um feroz opositor às negociações com as Farc, embora tenha relaxado sua postura depois de vencer no primeiro turno, realizado em 25 de maio, quando obteve 29,3% dos votos contra 25,7% de Santos.

No domingo, os colombianos deverão decidir entre "uma paz negociada sem condições, como a levantada pelo atual governo, ou uma paz com condições", repete Zuluaga, que chamou de eleitoreiro o anúncio das aproximações com a ELN.

"Eu quero paz", declarou este ex-ministro da Fazenda de Uribe em um debate televisionado nesta semana, "mas não quero ver Timochenko (chefe máximo das Farc) no Congresso".

A impunidade é um tema sensível na Colômbia, onde o conflito armado, que envolve as guerrilhas, os paramilitares e os grupos de criminosos, deixou mais de 220.000 mortos e cinco milhões de deslocados.


Um referendo do processo de paz

Para o cientista político Fernando Giraldo, professor na Universidade Javeriana, "se Santos vencer o processo de paz terminará sendo referendado".

"Mas se Zuluaga ganhar o sentimento geral é que se romperá, ou ao menos serão impostas condições inaceitáveis para as Farc que terminarão rompendo-o", disse à AFP.

Giraldo considerou como uma conquista de Santos a instauração do debate entre "paz ou guerra", com o qual muitos colombianos se sentirão convocados a votar para não perder a oportunidade de acabar com este longo conflito, que prejudicou o desenvolvimento econômico e social do país.

Com Zuluaga, que explicitou sua intenção de revisar os avanços com as Farc em temas como a reforma rural, a participação política dos guerrilheiros, a luta contra o narcotráfico e o reconhecimento às vítimas, esta oportunidade pode estar em xeque.

Para muitos, além disso, incidirá o peso político de Uribe, que por lei não pode concorrer a um terceiro mandato, mas que foi eleito senador. Padrinho de Zuluaga, o ex-presidente liderou uma luta sem quartel contra as Farc e foi o mais duro opositor às negociações em Cuba impulsionadas por Santos, seu outrora ministro da Defesa, a quem chama de traidor.

Para vencer, os dois candidatos apelaram para alianças diferentes. Enquanto Zuluaga se uniu à conservadora Marta Lucía Ramírez, terceira no primeiro turno com 15,5% dos votos, Santos somou o apoio da esquerdista Clara López (15,2%) e do candidato do Partido Verde Enrique Peñalosa (8,9%).

Mas, segundo os analistas, para superar a altíssima taxa de abstenção de 60% registrada no dia 25 de maio e convocar às urnas os indecisos, será essencial a contribuição das maquinarias eleitorais, à qual apelarão tanto Santos, que venceu na costa do Pacífico, no Caribe e no sul do país, quanto Zuluaga, que ganhou no centro e em cidades chave, como Bogotá e Medellín.

Na Colômbia, onde o voto é facultativo, para um candidato vencer no segundo turno basta que obtenha a maioria dos votos.

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