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'Se fizer olho por olho vai ficar todo mundo cego', diz Alckmin sobre retaliação às tarifas de Trump

Vice-presidente voltou a afirmar que decisão dos Estados Unidos de taxar o aço e o alumínio do Brasil é equivocada e indicou que a negociação é o melhor caminho para o impasse

Geraldo Alckmin: vice-presidente voltou a afirmar que a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é sólida e benéfica para os norte-americanos, que possuem superávit enquanto acumulam déficit com o restante do mundo (Leandro Fonseca/Exame)
Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 13 de março de 2025 às 18h10.

Última atualização em 14 de março de 2025 às 06h04.

Após formalizar a redução das tarifas de importação de alimentos, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira, 13, que a decisão dos Estados Unidos de taxar oaçoealumíniobrasileiro é equivocada. Segundo ele, o caminho escolhido pelo governo não é retaliar a maior economia do mundo, por meio de uma política de "olho por olho". Segundo ele, esse caminho deixa "todo mundo cego".

"Entendemos que o caminho [de negociação com os Estados Unidos na questão tarifária] não é olho por olho. Se fizermos [a política do] olho por olho, vai ficar todo mundo cego. O caminho é ganha-ganha. Comercio exterior é ganha-ganha", disse Alckmin.

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Alckmin voltou a afirmar que a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é sólida e benéfica para os norte-americanos, que possuem superávit enquanto acumulam déficit com o restante do mundo.

Empresários brasileiros pedem cautela ao governo

Nas conversas com empresários brasileiros do setor de aço e alumínio, o governo tem ouvido pedidos de cautela para que eventuais retaliações do Palácio do Planalto não azedem as relações comerciais entre os dois países.

Os empresários brasileiros, relataram técnicos do governo, têm sinalizado que as companhias norte-americanas são contra a taxação dos produtos e buscam reverter a decisão do presidente Donald Trump para evitar um encarecimento das obras na maior economia do mundo.

A avaliação é de que o "tarifaço" de Trump provocará mais inflação.

Governo defende cotas de exportação

A ideia debatida no governo é encontrar uma solução que pode ser semelhante à adotada em 2018, quando Trump anunciou medidas semelhantes.

No primeiro mandato, o republicano também anunciou tarifas de 25% sobre aço e de 10% sobre alumínio. A medida, contudo, nunca chegou a funcionar com força total. Canadá e México foram isentos da taxa por estarem dentro do acordo de livre comércio da USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá).

Outros países, como Brasil, Argentina, Coreia do Sul e Austrália, entraram em um sistema de cotas que, quando excedidas, resultam em sobretaxas.

O Mdic tem argumentado que Brasil e Estados Unidos têm uma corrente de comércio de cerca de US$ 80 bilhões, com um superávit de US$ 200 milhões para os americanos. Além disso, dos dez produtos que o país mais importa dos Estados Unidos, em oito deles a tarifa é zero.

Além disso, nos demais casos, a tarifa média ponderada efetivamente recolhida é de 2,73%, bem abaixo do que sugerem as tarifas nominais.

A pasta ainda tem afirmado que o Brasil responde pelo sétimo maior superávit comercial de bens dos Estados Unidos. Se somados bens e serviços, o superávit comercial dos Estados Unidos como Brasil supera os US$ 25 bilhões.

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