Sarampo pode dobrar em países afetados pelo ebola
Número de mortes por sarampo poderá dobrar até o meio do ano nos países africanos que têm sofrido com a epidemia do ebola, segundo estudo
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2015 às 16h29.
São Paulo - O número de mortes por sarampo poderá dobrar até o meio do ano nos países africanos que têm sofrido com a epidemia do ebola , de acordo com um estudo publicado ontem na revista Science.
O estrago causado pelo ebola nos sistemas públicos de saúde da Libéria, Guiné e Serra Leoa, explicam os cientistas, teve impacto negativo no índice de vacinação de crianças contra o sarampo, o que poderá desencadear um grande surto da doença nesses países.
Segundo os autores do estudo, é comum que grandes crises humanitárias sejam seguidas de surtos de sarampo. Eles afirmam que já há uma epidemia de sarampo na região endêmica do ebola, mas, com a saúde pública devastada, a interrupção dos programas de imunização infantil poderá provocar uma explosão dos casos.
Durante a epidemia do ebola, vários hospitais e clínicas foram fechados ou ficaram desertos em decorrência da aversão pública por locais potencialmente contaminados.
No início da epidemia do ebola, no começo de 2014, foram registrados 127 mil casos de sarampo nos três países. A previsão é de que, 18 meses depois, esse número aumente para algo entre 153 mil e 321 mil.
Os pesquisadores alertam, no artigo, que isso deverá provocar entre 5 mil e 16 mil mortes adicionais relacionadas ao sarampo. O ebola já matou cerca de 10 mil pessoas e infectou cerca de 24 mil, segundo os autores.
Os cientistas, de universidade britânicas e norte-americanas, usaram sofisticadas técnicas de modelagem matemática para prever a provável taxa de alastramento do sarampo, levando em conta fatores como taxas de natalidade e suscetibilidade à infecção.
De acordo com um dos autores, o geógrafo Andy Tatem, da Universidade de Southampton, o estudo forneceu um mapa de dados de alta resolução, mostrando informações detalhadas sobre a distribuição e idade das populações.
"A epidemia do ebola é uma das piores crises de saúde pública em tempos recentes, deixando dezenas de milhares criticamente doentes e causando milhares à morte. Ela também causou estragos nos serviços de saúde e afetou os países, incluindo os programas de vacinação infantil. Temos um segundo risco de saúde pública", afirmou.
Queda de 75%. Os cientistas estimam que a vacinação contra o sarampo tenha caído 75% em toda a África Ocidental, onde ficam os países afetados pelo ebola. Partindo dessa informação, os autores calcularam que, 18 meses após o colapso na assistência médica, 1,1 milhão de crianças entre 9 meses e 5 anos ficarão sem vacina.
Antes da crise, cerca de 778 mil crianças ficavam excluídas da vacinação. Os dados apontam que, a cada mês da epidemia de ebola, em média 19,5 mil meninos e meninas a mais ficaram sem vacinação, à medida que o sistema de saúde se degradava. "Nosso estudo mostra que é fundamental implementar um agressivo programa regional de vacinação, assim que a ameaça do ebola começar a regredir, para reverter a desaceleração acentuada das taxas de imunização", disse Tatem.
Os três países afetados pelo ebola, segundo os cientistas, haviam conseguido reduzir os casos de sarampo nos últimos anos, graças aos esforços de vacinação. Entre 1994 e 2003, eles registraram juntos 93 mil casos, mas a partir de 2004 apenas 7 mil casos haviam sido reportados. Além do sarampo, os cientistas estão preocupados com outras doenças infantis cuja vacinação teve sua distribuição limitada por conta do ebola.
São Paulo - O número de mortes por sarampo poderá dobrar até o meio do ano nos países africanos que têm sofrido com a epidemia do ebola , de acordo com um estudo publicado ontem na revista Science.
O estrago causado pelo ebola nos sistemas públicos de saúde da Libéria, Guiné e Serra Leoa, explicam os cientistas, teve impacto negativo no índice de vacinação de crianças contra o sarampo, o que poderá desencadear um grande surto da doença nesses países.
Segundo os autores do estudo, é comum que grandes crises humanitárias sejam seguidas de surtos de sarampo. Eles afirmam que já há uma epidemia de sarampo na região endêmica do ebola, mas, com a saúde pública devastada, a interrupção dos programas de imunização infantil poderá provocar uma explosão dos casos.
Durante a epidemia do ebola, vários hospitais e clínicas foram fechados ou ficaram desertos em decorrência da aversão pública por locais potencialmente contaminados.
No início da epidemia do ebola, no começo de 2014, foram registrados 127 mil casos de sarampo nos três países. A previsão é de que, 18 meses depois, esse número aumente para algo entre 153 mil e 321 mil.
Os pesquisadores alertam, no artigo, que isso deverá provocar entre 5 mil e 16 mil mortes adicionais relacionadas ao sarampo. O ebola já matou cerca de 10 mil pessoas e infectou cerca de 24 mil, segundo os autores.
Os cientistas, de universidade britânicas e norte-americanas, usaram sofisticadas técnicas de modelagem matemática para prever a provável taxa de alastramento do sarampo, levando em conta fatores como taxas de natalidade e suscetibilidade à infecção.
De acordo com um dos autores, o geógrafo Andy Tatem, da Universidade de Southampton, o estudo forneceu um mapa de dados de alta resolução, mostrando informações detalhadas sobre a distribuição e idade das populações.
"A epidemia do ebola é uma das piores crises de saúde pública em tempos recentes, deixando dezenas de milhares criticamente doentes e causando milhares à morte. Ela também causou estragos nos serviços de saúde e afetou os países, incluindo os programas de vacinação infantil. Temos um segundo risco de saúde pública", afirmou.
Queda de 75%. Os cientistas estimam que a vacinação contra o sarampo tenha caído 75% em toda a África Ocidental, onde ficam os países afetados pelo ebola. Partindo dessa informação, os autores calcularam que, 18 meses após o colapso na assistência médica, 1,1 milhão de crianças entre 9 meses e 5 anos ficarão sem vacina.
Antes da crise, cerca de 778 mil crianças ficavam excluídas da vacinação. Os dados apontam que, a cada mês da epidemia de ebola, em média 19,5 mil meninos e meninas a mais ficaram sem vacinação, à medida que o sistema de saúde se degradava. "Nosso estudo mostra que é fundamental implementar um agressivo programa regional de vacinação, assim que a ameaça do ebola começar a regredir, para reverter a desaceleração acentuada das taxas de imunização", disse Tatem.
Os três países afetados pelo ebola, segundo os cientistas, haviam conseguido reduzir os casos de sarampo nos últimos anos, graças aos esforços de vacinação. Entre 1994 e 2003, eles registraram juntos 93 mil casos, mas a partir de 2004 apenas 7 mil casos haviam sido reportados. Além do sarampo, os cientistas estão preocupados com outras doenças infantis cuja vacinação teve sua distribuição limitada por conta do ebola.
A imunização contra a meningite, a tuberculose e a pólio também foram afetadas. Houve também impactos negativos em intervenções contra a malária e o HIV.