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Russos rejeitam vacinas enquanto Kremlin teme terceira onda

A Rússia busca projetar confiança sobre sua resposta à pandemia após o presidente Vladimir Putin ter rejeitado um segundo lockdown para priorizar a economia

Fila para vacinação em Moscou: imunização no país acontece em meio a tensões entre Putin e oposição ao governo (Bloomberg/Bloomberg)
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Bloomberg

Publicado em 1 de maio de 2021 às 22h10.

Última atualização em 1 de maio de 2021 às 22h10.

Com uma onda crescente de casos de Covid-19 e um ritmo de vacinação que não acompanha o aumento, o Kremlin tenta controlar a epidemia sem alarmar os russos. Mesmo auxiliares do governo estão preocupados que a estratégia não funcione.

Estatísticas não oficiais do governo mostram que a Rússia enfrenta uma terceira onda, de acordo com duas autoridades com conhecimento da situação, que pediram para não serem identificadas. Meses de avaliações otimistas do Kremlin de que a situação está sob controle diminuíram a demanda por vacinas, a tal ponto que grande parte da população já não teme o coronavírus, disseram as autoridades.

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“É claro que esperamos que a demanda por vacinas cresça”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em teleconferência com repórteres na quarta-feira, acrescentando que os dados mostram que não há uma terceira onda.

“De fato, há um aumento, mas isso não é uma onda, e sim uma pequena alta gradual”, disse Vadim Pokrovsky, que comanda o instituto de epidemiologia da agência reguladora de saúde da Rússia, em entrevista à rádio Govorit Moskva na quarta-feira.

A média de sete dias de novos casos em Moscou é a mais alta desde janeiro, e as infecções aumentam mais rapidamente do que no Reino Unido, cuja população é cinco vezes maior. O total nacional estagnou em cerca de 9 mil novos casos diários em relação a quase 30 mil em dezembro.

A Rússia busca projetar confiança sobre sua resposta à pandemia após o presidente Vladimir Putin ter rejeitado um segundo lockdown para priorizar a economia quando os casos aumentavam no ano passado, em contraste com muitos líderes europeus. Embora a economia mostre recuperação, o custo foi alto, com um dos maiores números de mortes do mundo.

O governo continua a rejeitar novas restrições no país, embora recentemente tenha proibido viagens para alguns destinos turísticos populares, como a Turquia, para reduzir os riscos de cepas importadas.

É “absolutamente equivocado” falar de uma terceira onda atualmente, disse um porta-voz do centro de resposta a vírus da Rússia na quarta-feira.

Persuadir os russos a tomar uma das três vacinas desenvolvidas no país contra a Covid-19 tem se mostrado uma tarefa mais difícil em meio ao ceticismo enraizado em relação às autoridades. Moscou ofereceu vales-presente no valor de 1.000 rublos (US$ 13) para motivar pessoas com mais de 60 a se vacinarem.

Cerca de 65% dos russos dizem que não querem a vacina, disse Denis Volkov, analista do instituto de pesquisa independente Levada Center. “Muitas pessoas dizem: ‘por que devo tomar a vacina se o estado não me obriga a isso?’”, disse.

Centros de vacinação funcionam em shoppings da capital para incentivar as pessoas a tomarem as vacinas gratuitas, inclusive na loja de departamento GUM, na Praça Vermelha.

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