Rússia pede acesso à análise da Opaq e acusa Londres de reter Yulia
Porta-voz afirmou que a Rússia quer ter acesso à investigação feita pela Opaq e teme o isolamento da filha do ex-espião russo
AFP
Publicado em 12 de abril de 2018 às 15h37.
A Rússia exigiu, nesta quinta (12), acesso às conclusões da investigação da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) sobre o caso do ex-espião Serguei Skripal e acusou Londres de "reter à força" sua filha Yulia, ambos vítimas de um ataque com um agente neurotóxico no Reino Unido .
De acordo com a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, "a Rússia não acreditará nas conclusões do caso Skripal, enquanto não tiver acesso às análises mencionadas na investigação da Opaq".
Ainda segundo ela, a Rússia quer acesso "a qualquer informação verdadeiramente em posse de Londres a propósito desse incidente".
"Não se trata de uma questão de confiança, mas de uma questão de trabalho com base em material concreto", indicou.
"A Rússia está aberta a qualquer trabalho comum" que permita concluir a investigação, disse Zakharova que também acusou Londres de reter a filha de Skripal à força.
"Os últimos acontecimentos reforçam nosso temor de que se trata do isolamento de uma cidadã russa. Temos razões para acreditar que pode se tratar de um caso de retenção à força de cidadãos russos", declarou Zakharova em uma entrevista coletiva.
Pode-se pensar que, "eventualmente, retêm-nos para uma encenação", acrescentou a porta-voz russa.
Serguei Skripal e sua filha, Yulia, foram envenenados em 4 de março em Salisbury, mas sobreviveram à tentativa de assassinato.
A Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) anunciou, nesta quinta-feira, em Londres, que "os resultados das análises dos laboratórios" confirmavam "as descobertas do Reino Unido em relação à identidade do químico tóxico".
A Opaq, que acrescentou que o neurotóxico "era de grande pureza", não se pronunciou sobre a responsabilidade do atentado contra os Skripal.
Após a divulgação das conclusões da Opaq, o governo britânico pediu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para analisar o caso.