Rússia diz que vacina contra covid-19 já estava sendo pesquisada há 6 anos
Mas não se assuste, isso não quer dizer que a Rússia previu há seis anos que o coronavírus ia surgir. Os cientistas reaproveitaram estudos que já aconteciam
Isabela Rovaroto
Publicado em 13 de agosto de 2020 às 08h02.
Última atualização em 13 de agosto de 2020 às 09h04.
Depois de surpreender o mundo com o rápido registro da primeira vacina contra a covid-19, a Rússia informou que tem trabalhado em seu desenvolvimento nos últimos seis anos, de acordo com a CNBC.
Mas não se assuste, isso não quer dizer que a Rússia previu há seis anos que o coronavírus ia surgir. O que os cientistas fizeram foi aproveitar estudos de outras vacinas e aplicar na de covid-19.
De acordo com Kirill Dmitriev, CEO do Fundo de Investimento Direto da Rússia (RDIF), o desenvolvimento de uma vacina para o Ebola e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) ajudaram a criar uma vacina contra o novo coronavírus.
“Tivemos a sorte do novo coronavírus ser muito próximo do Mers. Tínhamos uma vacina praticamente pronta para uso no Mers, estudada por anos. Ela foi ligeiramente modificada para ser a vacina do coronavírus”, disse Dmitriev à CNBC.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que nenhuma vacina ou tratamento para Mers está disponível atualmente, mas que existem vários em desenvolvimento.
O chefe da RDIF disse também que a vacina poderia estar disponível em novembro.
“Nosso ponto para o mundo é que temos essa tecnologia, ela pode estar disponível em seu país em novembro ou dezembro... Pessoas muito céticas não terão essa vacina e desejamos boa sorte a elas no desenvolvimento deles ”, disse.
A Rússia informou na terça-feira que a produção em grande escala de sua vacina contra o coronavírus, chamada “Sputnik V”, está prevista para setembro e que já recebeu mais de 1 bilhão de pedidos preliminares de doses da vacina de 20 países.
Apesar do otimismo russo, há dúvidas na comunidade científica internacional sobre sua eficácia e segurança da vacina, uma vez que ela ainda não passou por ensaios clínicos de Fase 3 em larga escala e não foram publicados dados de ensaios clínicos anteriores realizados em menos de dois meses.
O novo coronavírus surgiu na China no final de 2019 e já infectou mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo, causando mais de 749 mil mortes.