Reunião preparatória da COP28 sobre fundo de compensação climática termina em fracasso
Delegados do comitê constataram a impossibilidade de alcançar um acordo e marcaram outra reunião, prevista para acontecer de 3 a 5 de novembro em Abu Dhabi
Agência de notícias
Publicado em 21 de outubro de 2023 às 09h45.
Uma reunião importante no Egito sobre o mecanismo de compensação por perdas e danos, antes da COP28 em Dubai, o grande encontro de cúpula anual do clima, terminou em fracasso, afirmaram diversas fontes neste sábado (21).
No ano passado, durante a COP27 de Sharm el-Sheikh (Egito), os países participantes concordaram em criar um mecanismo para compensar as "perdas e danos" sofridos pelas nações em desenvolvimento e vulneráveis, que historicamente têm uma responsabilidade menor na mudança climática.
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Mas todo o sistema deveria ser definido antes da COP28 de Dubai, que acontecerá de 30 de novembro a 12 de dezembro: o funcionamento exato do mecanismo, os valores, os países beneficiários e os contribuintes, grupo no qual os países ocidentais desejavam incluir a China.
Um comitê de transição, responsável por examinar as questões, se reuniu até a madrugada deste sábado em Aswan, na região sul do Egito.
Os delegados constataram a impossibilidade de alcançar um acordo e adiaram a questão para outra reunião, prevista para acontecer de 3 a 5 de novembro em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, segundo a transmissão dos debates, disponível em uma conta oficial da ONU no YouTube.
O presidente da COP28, o executivo do setor de petróleo Sultan Ahmed Al Jaber, pediu aos negociadores que alcancem um acordo antes da COP28 de Dubai, organizada pelas Nações Unidas.
"Eu saúdo a decisão do comitê de transição de continuar as discussões sobre o Fundo de Perdas e Danos em Abu Dhabi, mas é essencial que um consenso seja alcançado e que apresente recomendações claras antes da COP28", afirmou o presidente da empresa nacional de combustíveis dos Emirados Árabes Unidos, ADNOC, em um comunicado.
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"Acredito que todas as questões podem ser resolvidas", acrescentou, antes de pedir ao comitê "recomendações claras, limpas e fortes antes da COP28 para operacionalizar o Fundo de Perdas e Danos e os mecanismos de financiamento".
Antes da confirmação do fracasso, as negociações esbarraram em um obstáculo: a arquitetura institucional do futuro fundo.
Uma opção era o Banco Mundial, acusado de estar sob controle das potências ocidentais, e outra seria criar uma nova estrutura independente, algo exigido por vários países em desenvolvimento, mas que exigiria mais tempo para a instalação e para receber financiamento.
O fracasso "mostra claramente o profundo fosso que existe entre os países ricos e os países pobres", afirmou Harjeet Singh, da ONG 'Climate Action Network', que acompanhou os debates.