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Retomada das eleições leva tranquilidade de volta ao centro do Cairo

Sangrentos confrontos vistos nos últimos dias foram interrompidos entre manifestantes e as forças de segurança

Eleições no Egito (Mohammed Abed/AFP)
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Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2011 às 17h22.

Cairo - A continuação da segunda fase das eleições no Egito acalmou os ânimos nesta quarta-feira no centro do Cairo, onde cessaram os distúrbios decorrentes de sangrentos confrontos nos últimos dias entre manifestantes e as forças de segurança.

Como se fossem dois países diferentes, os manifestantes concentrados na praça Tahrir viam com indiferença as eleições, enquanto os poucos eleitores que compareciam a algumas escolas na província de Giza, que abrange os bairros cairotas da margem oeste do Nilo, votavam alheios aos fatos no centro.

Após a cessação dos distúrbios, centenas de curiosos se aglomeravam nas ruas Sheikh Rihan e Qasr al-Aini, próximas à Tahrir, para observar os muros construídos nos últimos dias pelas autoridades, destinados à proteção de prédios governamentais da área, como a sede do Conselho de Ministros e o Parlamento.

Até a última terça-feira, essas vias eram o foco principal dos enfrentamentos entre manifestantes e a Polícia militar, apoiada por soldados da Segurança Central, fatos que nos últimos dias deixaram 14 mortos e quase mil feridos.

Apesar de não ter havido distúrbios nesta quarta-feira, cerca de 100 manifestantes permanecem na praça Tahrir para protestar contra a Junta Militar e pedir que o órgão ceda o poder a uma autoridade civil.

Com aspecto desgrenhado, o ativista Emad Ragab, de 30 anos, disse à Agência Efe que os manifestantes rejeitam 'categoricamente essas eleições que ocorrem sob o poder de um conselho militar ilegítimo'.

Ele afirmou que a concentração na praça Tahrir - onde uma manifestação foi convocada para a próxima sexta-feira por grupos de jovens e políticos - continuará até que se cumpram as reivindicações da Revolução de 25 de Janeiro como a constituição de um governo civil com todas as prerrogativas para liderar a transição.

Os manifestantes montaram uma grande barraca (khaima) na Tahrir, depois que as forças de segurança incendiaram no sábado passado as tendas até então presentes na praça e desmantelaram na sexta-feira as que estavam próximas à sede do Conselho de Ministros, após o início dos choques.


Enquanto os manifestantes na praça ainda lembravam a violência da última semana, na outra ribeira do Nilo, em Giza, realizava-se o segundo turno da fase intermediária das eleições para a Câmara Baixa do Parlamento, processo que ocorre em nove províncias.

A votação causou pouco interesse entre os 18 milhões de eleitores habilitados às urnas para escolher entre 118 candidatos de listas abertas, que não obtiveram a maioria suficiente (50% dos votos mais um) no primeiro turno para cobrir 59 cadeiras.

De fato, quase não havia filas de eleitores nas escolas dos distritos populares de Imbaba e Aguza e no bairro de classe média de Dokhi.

O engenheiro Hani Moussa, que disse ser membro do Partido Liberdade e Justiça (PLJ) - vinculado à Irmandade Muçulmana -, condenou os distúrbios dos últimos dias no centro da capital e criticou os manifestantes porque, em sua opinião, não representam a maioria dos egípcios.

Em declarações à Agência Efe, Moussa alegou que os ativistas deveriam esperar mais um mês para o fim das eleições parlamentares para continuar com os protestos, já que, em sua opinião, é preciso que haja tranquilidade para poder 'escolher um Parlamento que represente e dê voz aos egípcios'.

Nem todos os cidadãos parecem estar de acordo com os ativistas na Tahrir e, por isso, o chamado Movimento da Maioria Silenciosa convocou também para sexta-feira no bairro cairota de Abassiya e na cidade litorânea de Alexandria uma manifestação de apoio ao Conselho Supremo das Forças Armadas.

As eleições continuarão nesta quinta-feira, nas mesmas circunscrições que nesta quarta, encerrando assim a segunda das três fases em que se dividem o pleito para escolher a Assembleia do Povo.

Até o momento, os resultados parciais concedem uma ampla vitória ao PLJ, seguido do partido salafista Al Nour.

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Cairo - A continuação da segunda fase das eleições no Egito acalmou os ânimos nesta quarta-feira no centro do Cairo, onde cessaram os distúrbios decorrentes de sangrentos confrontos nos últimos dias entre manifestantes e as forças de segurança.

Como se fossem dois países diferentes, os manifestantes concentrados na praça Tahrir viam com indiferença as eleições, enquanto os poucos eleitores que compareciam a algumas escolas na província de Giza, que abrange os bairros cairotas da margem oeste do Nilo, votavam alheios aos fatos no centro.

Após a cessação dos distúrbios, centenas de curiosos se aglomeravam nas ruas Sheikh Rihan e Qasr al-Aini, próximas à Tahrir, para observar os muros construídos nos últimos dias pelas autoridades, destinados à proteção de prédios governamentais da área, como a sede do Conselho de Ministros e o Parlamento.

Até a última terça-feira, essas vias eram o foco principal dos enfrentamentos entre manifestantes e a Polícia militar, apoiada por soldados da Segurança Central, fatos que nos últimos dias deixaram 14 mortos e quase mil feridos.

Apesar de não ter havido distúrbios nesta quarta-feira, cerca de 100 manifestantes permanecem na praça Tahrir para protestar contra a Junta Militar e pedir que o órgão ceda o poder a uma autoridade civil.

Com aspecto desgrenhado, o ativista Emad Ragab, de 30 anos, disse à Agência Efe que os manifestantes rejeitam 'categoricamente essas eleições que ocorrem sob o poder de um conselho militar ilegítimo'.

Ele afirmou que a concentração na praça Tahrir - onde uma manifestação foi convocada para a próxima sexta-feira por grupos de jovens e políticos - continuará até que se cumpram as reivindicações da Revolução de 25 de Janeiro como a constituição de um governo civil com todas as prerrogativas para liderar a transição.

Os manifestantes montaram uma grande barraca (khaima) na Tahrir, depois que as forças de segurança incendiaram no sábado passado as tendas até então presentes na praça e desmantelaram na sexta-feira as que estavam próximas à sede do Conselho de Ministros, após o início dos choques.


Enquanto os manifestantes na praça ainda lembravam a violência da última semana, na outra ribeira do Nilo, em Giza, realizava-se o segundo turno da fase intermediária das eleições para a Câmara Baixa do Parlamento, processo que ocorre em nove províncias.

A votação causou pouco interesse entre os 18 milhões de eleitores habilitados às urnas para escolher entre 118 candidatos de listas abertas, que não obtiveram a maioria suficiente (50% dos votos mais um) no primeiro turno para cobrir 59 cadeiras.

De fato, quase não havia filas de eleitores nas escolas dos distritos populares de Imbaba e Aguza e no bairro de classe média de Dokhi.

O engenheiro Hani Moussa, que disse ser membro do Partido Liberdade e Justiça (PLJ) - vinculado à Irmandade Muçulmana -, condenou os distúrbios dos últimos dias no centro da capital e criticou os manifestantes porque, em sua opinião, não representam a maioria dos egípcios.

Em declarações à Agência Efe, Moussa alegou que os ativistas deveriam esperar mais um mês para o fim das eleições parlamentares para continuar com os protestos, já que, em sua opinião, é preciso que haja tranquilidade para poder 'escolher um Parlamento que represente e dê voz aos egípcios'.

Nem todos os cidadãos parecem estar de acordo com os ativistas na Tahrir e, por isso, o chamado Movimento da Maioria Silenciosa convocou também para sexta-feira no bairro cairota de Abassiya e na cidade litorânea de Alexandria uma manifestação de apoio ao Conselho Supremo das Forças Armadas.

As eleições continuarão nesta quinta-feira, nas mesmas circunscrições que nesta quarta, encerrando assim a segunda das três fases em que se dividem o pleito para escolher a Assembleia do Povo.

Até o momento, os resultados parciais concedem uma ampla vitória ao PLJ, seguido do partido salafista Al Nour.

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