Pescador verifica os danos causados pelo terremoto do Chile, em Iquique (Luis Hidalgo/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2014 às 20h29.
Santiago - A resposta eficiente da presidente chilena, Michelle Bachelet, ao terremoto que atingiu o país nesta semana está longe da forma como lidou com o grande tremor de terra que abalou o Chile há quatro anos, uma volta por cima que, segundo analistas e cidadãos, coloca ela e sua intenção de promover reformas em uma situação política mais forte.
Os serviços de emergência e as forças de segurança foram mobilizadas rapidamente para limitar os danos de um terremoto de magnitude 8,2 que atingiu o norte do Chile na terça-feira. As ordens rápidas de retirada, assim como uma série de exercícios de emergência na área nas últimas semanas ajudaram a manter o número de mortos em apenas seis.
As ações contrastam fortemente com a fraca reação de Bachelet no terremoto de magnitude 8,8 que atingiu o centro-sul do Chile em 2010 e provocou um tsunami devastador.
Quatro anos atrás, no fim de fevereiro, ela instruiu a população a voltar para casa enquanto ondas enormes estavam prestes avançar sobre a terra firme. Mais de 500 pessoas morreram no desastre, 156 delas por causa do tsunami.
A presidente, que foi presa e torturada pela ditadura militar do Chile entre 1973 e 1990, titubeou sobre usar o Exército para restaurar a ordem. Houve saques pela região enquanto a ajuda demorava a chegar.
Esse foi o ponto mais baixo de seu primeiro mandato, que no geral foi bem sucedido. A reação do governo ao terremoto foi tão ruim que algumas famílias de vítimas tentaram levar Bachelet à Justiça por causa das mortes.
A presidente, no entanto, voltou ao poder no mês passado e sua hábil gestão de emergência nesta semana deve reforçar sua popularidade, deixando-a numa posição mais forte para seguir com reformas tributária, educacional e constitucional a fim de combater a desigualdade de renda.
"Com o terremoto, ela tem mais apoio e mais espaço para negociar (no Congresso)", disse o analista político Guillermo Holzmann. "Ela pode deixar a oposição em uma situação em que não consiga articular uma alternativa... Há mais chances que a suas reformas avancem agora."