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Reservas falham na proteção de espécies, diz pesquisa

Pesquisa foi feita com dados dos últimos 20 a 30 anos de 60 reservas na África, na Ásia e na América, incluindo o Brasil

No Brasil, apenas quatro reservas foram incluídas na pesquisa (três na Amazônia e uma em São Paulo) e uma acabou entrando na metade mais crítica do levantamento (Wilson Dias/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2012 às 10h26.

São Paulo - Criadas para conservar a biodiversidade, áreas protegidas em florestas tropicais estão falhando neste compromisso. Análise de dados dos últimos 20 a 30 anos de 60 reservas na África, na Ásia e na América, incluindo o Brasil, aponta que metade delas está experimentando uma queda na quantidade de indivíduos de diversas espécies analisadas.

Apesar de serem tecnicamente preservadas, essas reservas continuam sofrendo ameaças como perda de hábitat, caça e superexploração de produtos florestais. Falta, em boa medida, proteção às áreas protegidas.

"Alguns parques não passam de linhas desenhadas nos mapas. A biodiversidade naqueles mais desprotegidos certamente está indo pior, na média, do que naqueles que contam com melhor proteção", disse o biólogo William Laurance, da Universidade James Cook, na Austrália. Ele coordenou um grupo de mais de 200 cientistas que assinam nesta quinta-feira um artigo de alerta na revista Nature.

Os pesquisadores analisaram indicadores de 31 grupos de espécies (de árvores e borboletas a primatas e grandes predadores) e observaram que nas reservas com a "saúde mais frágil", como eles chamaram, o declínio é amplo entre várias espécies.

O levantamento apontou que a queda mais significativa foi observada em três locais: Kahuzi Biega, na República Democrática do Congo, na Reserva Botânica Xishuangbanna, na China, e no Parque Nacional Sierra Madre do Norte, nas Filipinas.

No Brasil, apenas quatro reservas foram incluídas na pesquisa (três na Amazônia e uma em São Paulo) e uma acabou entrando na metade mais crítica do levantamento (a Reserva Biológica do Alto da Serra de Paranapiacaba). Na métrica da saúde das reservas usada pelos pesquisadores, ela ficou nos 10% com a pior performance, explica Laurance.

"O problema que percebemos lá é a contínua perda de cobertura florestal e o crescimento, ao longo do tempo, de caça ilegal e da ação de madeireiros tanto dentro quanto fora da reserva. O aumento da população fora do parque também está pressionando a área", diz o pesquisador.

A condição do entorno é um dos principais fatores apontados pelos autores como responsáveis pela saúde das áreas voltadas para a preservação. Em alguns casos, as reservas são verdadeiras ilhas no meio de um ambiente muito pressionado ou já bastante degradado e sem nenhum tipo de ligação com outros remanescentes florestais - situação bastante conhecida no Brasil.


Os pesquisadores propõem a criação de zonas de amortecimento, onde haja algum tipo de controle do uso da terra.

A proximidade com a cidade, por exemplo, é um dos fatores que pressiona a reserva Ducke, próxima de Manaus, também analisada no estudo. O pesquisador australiano William Magnusson, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, lembra que a poluição da cidade, tanto do ar, quanto de um riacho que corre para a reserva, é um dos problemas.

Lá o macaco-aranha está quase extinto e as onças-pintadas e pardas estão mudando seus hábitos alimentares, o que é sinal de pressão. Para ele e Laurance, que atuou por anos na Amazônia, a pesquisa serve como alerta para as pressões que as unidades de conservação nacionais estão sofrendo. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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São Paulo - Criadas para conservar a biodiversidade, áreas protegidas em florestas tropicais estão falhando neste compromisso. Análise de dados dos últimos 20 a 30 anos de 60 reservas na África, na Ásia e na América, incluindo o Brasil, aponta que metade delas está experimentando uma queda na quantidade de indivíduos de diversas espécies analisadas.

Apesar de serem tecnicamente preservadas, essas reservas continuam sofrendo ameaças como perda de hábitat, caça e superexploração de produtos florestais. Falta, em boa medida, proteção às áreas protegidas.

"Alguns parques não passam de linhas desenhadas nos mapas. A biodiversidade naqueles mais desprotegidos certamente está indo pior, na média, do que naqueles que contam com melhor proteção", disse o biólogo William Laurance, da Universidade James Cook, na Austrália. Ele coordenou um grupo de mais de 200 cientistas que assinam nesta quinta-feira um artigo de alerta na revista Nature.

Os pesquisadores analisaram indicadores de 31 grupos de espécies (de árvores e borboletas a primatas e grandes predadores) e observaram que nas reservas com a "saúde mais frágil", como eles chamaram, o declínio é amplo entre várias espécies.

O levantamento apontou que a queda mais significativa foi observada em três locais: Kahuzi Biega, na República Democrática do Congo, na Reserva Botânica Xishuangbanna, na China, e no Parque Nacional Sierra Madre do Norte, nas Filipinas.

No Brasil, apenas quatro reservas foram incluídas na pesquisa (três na Amazônia e uma em São Paulo) e uma acabou entrando na metade mais crítica do levantamento (a Reserva Biológica do Alto da Serra de Paranapiacaba). Na métrica da saúde das reservas usada pelos pesquisadores, ela ficou nos 10% com a pior performance, explica Laurance.

"O problema que percebemos lá é a contínua perda de cobertura florestal e o crescimento, ao longo do tempo, de caça ilegal e da ação de madeireiros tanto dentro quanto fora da reserva. O aumento da população fora do parque também está pressionando a área", diz o pesquisador.

A condição do entorno é um dos principais fatores apontados pelos autores como responsáveis pela saúde das áreas voltadas para a preservação. Em alguns casos, as reservas são verdadeiras ilhas no meio de um ambiente muito pressionado ou já bastante degradado e sem nenhum tipo de ligação com outros remanescentes florestais - situação bastante conhecida no Brasil.


Os pesquisadores propõem a criação de zonas de amortecimento, onde haja algum tipo de controle do uso da terra.

A proximidade com a cidade, por exemplo, é um dos fatores que pressiona a reserva Ducke, próxima de Manaus, também analisada no estudo. O pesquisador australiano William Magnusson, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, lembra que a poluição da cidade, tanto do ar, quanto de um riacho que corre para a reserva, é um dos problemas.

Lá o macaco-aranha está quase extinto e as onças-pintadas e pardas estão mudando seus hábitos alimentares, o que é sinal de pressão. Para ele e Laurance, que atuou por anos na Amazônia, a pesquisa serve como alerta para as pressões que as unidades de conservação nacionais estão sofrendo. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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