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Reino Unido investiga envenenamento de ex-espião russo

Serguei Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33 anos, estão entre a vida e a morte desde que foram encontrados inconscientes no domingo

Rússia: testemunhas afirmaram que os dois pareciam sob os efeitos da heroína e não tinham ferimentos visíveis (Anton Vaganov/Reuters)
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AFP

Publicado em 7 de março de 2018 às 09h45.

O governo britânico terá uma reunião de emergência nesta quarta-feira para examinar a questão do envenenamento de um ex-espião russo e sua filha, enquanto especialistas tentam identificar a substância tóxica usada.

Serguei Skripal, de 66 anos, ex-coronel do serviços secreto militar russo que passou informações aos britânicos, e sua filha Yulia, de 33 anos, que mora na Rússia e visitava o pai, estão entre a vida e a morte desde que foram encontrados inconscientes no domingo em um banco em uma rua da cidade inglesa de Salisbury, sudoeste da Inglaterra.

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Testemunhas afirmaram que os dois pareciam sob os efeitos da heroína e não tinham ferimentos visíveis. Ambos estão sendo tratados em um hospital da cidade "por suspeitas de exposição a uma substância desconhecida", informou a polícia do condado de Wiltshire.

A ministra britânica do Interior, Amber Rudd, presidirá a reunião do gabinete de crise "Cobra", que aglutina poucos membros do governo e a primeira-ministra Theresa May e que é ativado apenas em caso de atentados.

Na terça-feira, o ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson, afirmou no Parlamento que a Rússia é "uma força maligna e perturbadora".

"Aviso aos governos de todo o mundo que nenhuma tentativa de acabar com uma vida inocente no Reino Unido ficará sem castigo ou sanção", advertiu.

Mas este não é o primeiro caso de exilado russo envenenado no Reino Unido: antes as vítimas foram Alexander Litvinenko (2006) e Alexander Perepilichni (2012).

A embaixada russa em Londres criticou as declarações de Johnson.

"Ele fala como se a investigação estivesse concluída, como se a Rússia tivesse sido julgada responsável pelo que aconteceu", afirmou a representação em um comunicado.

Em Moscou, um porta-voz do Kremlin declarou que a Rússia estava "disposta a cooperar" com a investigação, mas que não recebeu nenhum pedido.

Sintomas de substância química

A unidade antiterrorista da polícia assumiu a investigação, mas até o momento o caso não foi classificado oficialmente como atentado terrorista.

Perto da cidade de Salisbury fica o laboratório militar de Porton Down, onde a imprensa britânica acredita que a possível substância usada contra Skripal está sendo analisada.

O caso recorda o de Alexander Litvinenko, ex-espião que se tornou inimigo do presidente russo Vladimir Putin, assassinado com uma substância altamente radioativa - polônio 210 - colocada em seu chá em um hotel de luxo de Londres por dois agentes russos.

Depois de ser condenado na Rússia a 13 anos de prisão por repassar informações a Londres, Skripal foi incluído em uma troca de espiões no aeroporto de Viena em 2010. Desde então mora no Reino Unido.

As imagens das câmeras de segurança mostram o ex-coronel caminhando normalmente com uma mulher pouco antes de sofrer os efeitos do envenenamento.

Malcolm Sperrin, médico que já trabalhou para o exército, acredita que Skripal e a filha podem ter sido vítimas de uma substância química e não radioativa.

"A velocidade com que aconteceu sugere que provavelmente não foi radiação, porque o envenenamento por radiação pode demorar de 10 horas a vários dias para mostrar os sintomas após a exposição", disse.

"Alguns sintomas descritos no caso sugerem que pode ter sido químico, mas não podemos ter certeza. O tempo de reação após a exposição a substâncias químicas vai de segundos a minutos".

A imprensa britânica especula que a substância usada pode ter sido o tálio, um metal tóxico que era usado como veneno de ratos.

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