Gahr Store, premiê da Noruega (à dir.), com o premiê britânico Keir Starmer, em Londres (Alastair Grant/AFP)
Repórter
Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 06h01.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou na quinta-feira, 4, o fechamento de um acordo naval “histórico” com seu homólogo norueguês, Jonas Støre. Sob a parceria, as marinhas dos dois países fundadores da Otan operarão uma frota composta de fragatas britânicas Type 26, um tipo de navio de guerra, para patrulhar as águas do Atlântico Norte à procura de submarinos russos.
O acordo visa a sondagem dos oceanos e a proteção de vias de recursos submarinas – como cabos de internet e dutos que transportam gás e petróleo – que são consideradas vitais para o funcionamento, infraestrutura e comunicação dos países.
O termo é assinado em tempos de incerteza: De acordo com dados do governo britânico, houve um aumento de 30% no avistamento de embarcações russas em mares britânicos nos últimos dois anos.
A marinha britânica já vem rastreando a atividade russa nos mares. Um dos casos foi o do navio russo Yantar, que Moscou descreve como uma embarcação de pesquisa, mas que recentemente foi acusado de impedir patrulhas de pilotos da Força Aérea Real (RAF) com lasers.
O acordo Lunna House, nomeado em homenagem às bases nas ilhas Shetland, de onde a resistência norueguesa operou durante a Segunda Guerra, é apoiado por um acordo naval de £10 bilhões assinado entre a Noruega e o Reino Unido em setembro, no qual os britânicos ofereceriam navios de guerra para o país escandinavo.
O acordo também inclui o uso dos novos torpedos britânicos Sting Ray e treinamento conjunto de tropas britânicas na Noruega para que se adaptem a operar em temperaturas abaixo de zero.
“Neste momento de profunda instabilidade global, com a detecção de um número crescente de navios russos em nossas águas, devemos trabalhar com parceiros internacionais para proteger nossa segurança nacional. Este acordo histórico com a Noruega fortalece nossa capacidade de proteger nossas fronteiras e a infraestrutura crítica da qual nossas nações dependem", disse Starmer.
As marinhas compartilharão instalações de manutenção, tecnologia, equipamento, inteligência e treinamento, a fim de criar “Forças verdadeiramente intercambiáveis, capazes de serem mobilizadas rapidamente onde quer que sejam necessárias”, de acordo com o comunicado do governo sobre o acordo.
A parceria também incluirá programas para o desenvolvimento de navios autônomos para a remoção de minas submarinas, o compartilhamento de armas avançadas desenvolvidas por cada país, treinamento e ‘jogos de guerra’ conjuntos durante todo o ano.
“Há mais de 75 anos, o Reino Unido e a Noruega estão lado a lado no flanco norte da OTAN, defendendo a Europa e zelando pela segurança de nossos cidadãos. Essa parceria nos leva ainda mais longe, tornando nossas nações mais seguras internamente e fortes no exterior”, disse John Healey, secretário de defesa britânico.
“Por meio deste Acordo de Lunna House, patrulharemos o Atlântico Norte como uma só equipe, treinaremos juntos no Ártico e desenvolveremos equipamentos avançados que manterão nossos cidadãos seguros agora e no futuro. Estamos reforçando a segurança europeia e cumprindo nosso plano de prioridade à Otan.”
O acordo vem após comentários do presidente do comitê militar da Otan, almirante Giuseppe Cavo Dragone, que flertam com a adoção de uma postura mais agressiva do bloco em relação à Rússia, para frustrar Moscou de continuar incursões de drones e ciberataques na Europa, com o bloco em alerta após três embarcações no Mar Báltico terem sido acusadas de arrastar suas âncoras no fundo do mar a fim de danificar cabos de energia e comunicação. Um total de 11 incidentes foram relatados.
Dragone disse ao jornal Financial Times que conduziu uma investigação sobre o assunto e que a aliança estaria “estudando tudo” para decidir como responder.
A Rússia responde aos comentários por meio da porta-voz Maria Zakharova: “Vemos nisso uma tentativa deliberada de minar os esforços para superar a crise ucraniana. As pessoas que fazem tais declarações devem estar cientes dos riscos e das possíveis consequências, inclusive para os próprios membros da aliança.”