Recifes de corais já sofrem com mudanças no clima
Caminho para evitar que 95% dos corais do mundo desapareça até o fim deste século passa por ações globais e locais
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2012 às 13h16.
São Paulo - Na semana passada, a convite do Projeto Coral Vivo, o pesquisador Kenneth Anthony, coordenador de pesquisas sobre mudanças climáticas e acidificação nos oceanos do Australian Institute of Marine Science, deu palestra online no Museu Nacional da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro a respeito do impacto do clima sobre os recifes de corais.
Segundo ele, "no cenário mais otimista, com redução global de emissões de CO² e ação local pela conservação dos recifes, até o fim do século eles podem sofrer redução de pelo menos 50% em todo o planeta". No cenário pessimista, 95% dos corais correm o risco de desaparecer.
Anthony explicou que isso se deve a inúmeros estresses que, simultaneamente, atingem os recifes de corais. Os principais são aumento de ciclones e fortes tempestades, branqueamento (que compromete sua alimentação), acidificação dos oceanos (altera o mecanismo de produção do esqueleto calcário), excesso de nutrientes nos mares (causado por esgoto e fertilizantes jogados nos rios, o que favorece a proliferação de algas que, em grandes quantidades, matam os corais) e pesca de herbívoros (peixes que se alimentam de algas). Sob tantas pressões, sua reprodução e seu crescimento já não têm mais a mesma velocidade de outros tempos.
Deter (ou retardar) este processo requer redução global de emissões de CO² e diversas ações locais. Clovis Barreira e Castro, professor do Museu Nacional - UFRJ e coordenador do Projeto Coral Vivo, explica que entre as principais as possíveis ações está a "diminuição de gastos com energia, melhor gerenciamento da questão de matas ciliares, que detém sedimentos e fertilizantes, controle sobre a pesca, saneamento básico e outras diversas políticas públicas, além de educação ambiental".
No Brasil estão os únicos recifes de corais do Atlântico Sul, que vão do Rio Grande do Norte até a Bahia. "Cem por cento deles, em termos de comunidades de peixes, estão bem afetados", explicou Clovis. Entre as principais causas estão a sobrepesca, a pesca de arrasto de camarão, o excesso de nutrientes na água e o aumento da sedimentação.
O pesquisador australiano ainda destacou que, para entender sua importância, podemos comparar os recifes de corais às florestas tropicais. "São as matas dos oceanos, pois proporcionam habitats para algumas das mais ricas floras e faunas da Terra. Embora constituam apenas 0,2% do ambiente marinho, contém 30% das espécies que vivem no mar. Economicamente, representam mais de US$ 150 bilhões por ano. Socialmente, impactam dezenas de milhões de pessoas que dependem diretamente deles para sua subsistência. Seria muita irresponsabilidade de nossa parte não lutarmos por eles", afirma.
Anthony espera que, durante a Rio+20, "sejam estabelecidas prioridades para sua conservação" e prefere não afirmar quanto tempo, exatamente, a humanidade ainda tem para salvar os corais da extinção, mas afirma, categórico, que é tempo de agir. "Penso nisso todos os dias".
São Paulo - Na semana passada, a convite do Projeto Coral Vivo, o pesquisador Kenneth Anthony, coordenador de pesquisas sobre mudanças climáticas e acidificação nos oceanos do Australian Institute of Marine Science, deu palestra online no Museu Nacional da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro a respeito do impacto do clima sobre os recifes de corais.
Segundo ele, "no cenário mais otimista, com redução global de emissões de CO² e ação local pela conservação dos recifes, até o fim do século eles podem sofrer redução de pelo menos 50% em todo o planeta". No cenário pessimista, 95% dos corais correm o risco de desaparecer.
Anthony explicou que isso se deve a inúmeros estresses que, simultaneamente, atingem os recifes de corais. Os principais são aumento de ciclones e fortes tempestades, branqueamento (que compromete sua alimentação), acidificação dos oceanos (altera o mecanismo de produção do esqueleto calcário), excesso de nutrientes nos mares (causado por esgoto e fertilizantes jogados nos rios, o que favorece a proliferação de algas que, em grandes quantidades, matam os corais) e pesca de herbívoros (peixes que se alimentam de algas). Sob tantas pressões, sua reprodução e seu crescimento já não têm mais a mesma velocidade de outros tempos.
Deter (ou retardar) este processo requer redução global de emissões de CO² e diversas ações locais. Clovis Barreira e Castro, professor do Museu Nacional - UFRJ e coordenador do Projeto Coral Vivo, explica que entre as principais as possíveis ações está a "diminuição de gastos com energia, melhor gerenciamento da questão de matas ciliares, que detém sedimentos e fertilizantes, controle sobre a pesca, saneamento básico e outras diversas políticas públicas, além de educação ambiental".
No Brasil estão os únicos recifes de corais do Atlântico Sul, que vão do Rio Grande do Norte até a Bahia. "Cem por cento deles, em termos de comunidades de peixes, estão bem afetados", explicou Clovis. Entre as principais causas estão a sobrepesca, a pesca de arrasto de camarão, o excesso de nutrientes na água e o aumento da sedimentação.
O pesquisador australiano ainda destacou que, para entender sua importância, podemos comparar os recifes de corais às florestas tropicais. "São as matas dos oceanos, pois proporcionam habitats para algumas das mais ricas floras e faunas da Terra. Embora constituam apenas 0,2% do ambiente marinho, contém 30% das espécies que vivem no mar. Economicamente, representam mais de US$ 150 bilhões por ano. Socialmente, impactam dezenas de milhões de pessoas que dependem diretamente deles para sua subsistência. Seria muita irresponsabilidade de nossa parte não lutarmos por eles", afirma.
Anthony espera que, durante a Rio+20, "sejam estabelecidas prioridades para sua conservação" e prefere não afirmar quanto tempo, exatamente, a humanidade ainda tem para salvar os corais da extinção, mas afirma, categórico, que é tempo de agir. "Penso nisso todos os dias".