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Rebeldes xiitas reforçam controle sobre capital iemenita

Presidente Abd Rabo Mansu Hadi denunciou um complô contra seu regime e afirmou que fará todo o possível para "restabelecer a autoridade do Estado"

Rebelde xiita em uma base militar conquistada na capital (Mohamed Huwais/AFP)

Rebelde xiita em uma base militar conquistada na capital (Mohamed Huwais/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 15h09.

Sana - A capital iemenita se encontrava sob controle quase total dos rebeldes xiitas, cujo líder, Abdel Malek al-Huthi, cantou vitória, alegando reunir todas as forças do país.

Pouco antes, o presidente Abd Rabo Mansu Hadi denunciou um complô contra seu regime e afirmou que fará todo o possível para "restabelecer a autoridade do Estado".

Menos de 48 horas após um acordo concluído sob os auspícios da ONU e que deveria conduzir o país à paz, os combatentes do grupo xiita Ansarualah estavam por todas as partes em Sanaa.

Os rebeldes xiitas levantaram bloqueios em vários pontos da capital e realizavam patrulhas, segundo correspondentes da AFP. Poucos habitantes foram trabalhar e o comércio permaneceu fechado.

Dois dias depois da entrada de suas tropas na capital Sanaa, Houthi felicitou o "nosso povo pela vitória desta revolução popular", em um discurso transmitido acompanhado pela população pela televisão e por telões colocados em uma praça da capital.

Com o apoio de seu reduto de Saada (norte), ele garantiu que "estenderá a mão" ao partido islamita sunita Al-Islah, inimigo jurado dos rebeldes xiitas, e defenderá o Movimento sulista para "restaurar a unidade nacional".

Forças externas

No palácio presidencial, o chefe de Estado, visivelmente afetado pelos últimos acontecimentos, denunciou um complô, evocando ingerências externas.

"É um complô preparado há tempos com ramificações superam os limites da nação" que provocará uma guerra civil, declarou à imprensa, prometendo trabalhar para "restabelecer a autoridade do Estado".

Sanaa já acusou no passado o Irã de apoiar os rebeldes xiitas no Iêmen, país de maioria sunita.

"Vocês devem ter sentido o choque ao saber que as instituições públicas e instalações militares foram entregues (aos rebeldes), mas saibam que o complô já estava em movimento", disse o presidente.

Antes dele, o enviado da ONU Jamal Benomar, que negociou o acordo que pôs fim aos confrontos domingo à noite entre os rebeldes e seus adversários do partido sunita Al-Islah apoiados pelo exército, surpreendeu-se com o colapso das instituições civis e militares.

"O que aconteceu nos últimos dias pode resultar no colapso do Estado iemenita e no fim do processo de transição política", advertiu Benomar em entrevista ao canal Al-Arabiya com sede em Dubai.

O Iêmen está em processo de transição política desde a saída negociada em 2012 do ex-presidente Ali Abdullah Saleh, durante a Primavera Árabe.

Segundo os correspondentes da AFP, os principais postos de controle dos rebeldes foram erguidos na estrada para o aeroporto, no norte da capital, na avenida Zoubeïri que atravessa a cidade de leste a oeste, na estrada principal de Hatta (sul) e na avenida Ziraa.

Outros combatentes fortemente armados percorriam as ruas da capital a bordo de veículos, enquanto pequenas unidades rebeldes estavam de guarda, com alguns membros da polícia militar, em frente aos ministérios e escritórios de instituições estatais.

Pilhagem

De acordo com muitas testemunhas, os rebeldes saquearam as casas dos líderes do Al-Islah em Sanaa e quartéis, levando tudo à sua frente.

A residência de Tawakkol Karman, Nobel da Paz em 2011 e membro do partido Al-Islah, também foi saqueada, segundo testemunhas.

Dois grandes hospitais em Sanaa, Sobol al-Hayat e o da Universidade de Ciência e Tecnologia, foram fechados pelos rebeldes, sob o pretexto de serem dirigidos líderes do Al-Islah.

O acordo assinado na presença de Benomar, do presidente Hadi e de representantes de diversas facções políticas, entre elas a dos rebeldes xiitas, previa o cessar imediato das hostilidades, a designação em um prazo de três dias de um novo primeiro-ministro e a formação de um novo governo no prazo de um mês.

De acordo com o ministério da Saúde iemenita, ao menos 200 pessoas morreram nos recentes combates na capital do Iêmen. Este número não inclui os mortos recuperados por familiares.

Os rebeldes se recusaram a assinar um anexo ao acordo para desarmar as milícias em Sanaa e nas províncias vizinhas e, na segunda-feira, tomaram tanques e instalações militares.

A forte presença de combatentes xiitas em Sanaa despertou os temores de muitas pessoas, uma delas dizia: "O Irã controla Sanaa agora".

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