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Rebeldes do Iêmen fazem novos ataques a navios e empresas suspendem rotas no Oriente Médio

Aliados ao Hamas, houthis dizem que ações miram embarcações que teriam relação com Israel

Guarda-costeira do Iêmen, ligada ao governo do país, durante patrulha no Mar Vermelho (Khaled Ziad/AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 18 de dezembro de 2023 às 18h29.

Última atualização em 18 de dezembro de 2023 às 18h31.

Os rebeldes huthis de Iêmen, apoiados pelo Irã, reivindicaram nesta segunda-feira (18) dois ataques contra navios no Mar Vermelho.  Com isso, várias empresas anunciaram que vão evitar esta importante rota comercial por causa dessas agressões.

Os huthis, que controlam a capital iemenita, Sanaa, desde 2014 e outras áreas do país, afirmaram em um comunicado que "realizaram uma operação militar contra dois barcos vinculados com a entidade sionista", em referência a Israel.

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Os rebeldes indicaram que o navio norueguês M/V Swan Atlantic, que navega com bandeira das Ilhas Cayman, e o MSC Clara, de bandeira panamenha, foram atacados após se recusarem a responder a seus chamados de contato.

A Inventor Chemical Tankers, dona do Swan Atlantic, disse que o navio foi atingido por  "objeto não identificado". Nenhum tripulante, todos de nacionalidade indiana, ficou ferido e o barco sofreu "danos limitados", segundo a empresa. "O navio não tem nenhuma relação com Israel", afirmou o proprietário da embarcação, que informou ainda que a embarcação fazia um trajeto da França para a Ilha da Reunião, um território ultramarino francês no Oceano Índico.

Cerca de 40% do comércio mundial passa pelo estreito de Bab Al Mandab, o corredor que conecta o Chifre da África com a Península Arábica e onde os huthis aumentaram seus ataques.

Os huthis advertiram que vão atacar qualquer navio que se dirija a portos israelenses e que navegue em frente ao litoral do Iêmen, como medida de pressão em resposta à guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas em Gaza.

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Evergreen e BP se retiram

Esta ameaça fez com que cinco transportadoras, entre elas as duas maiores empresas de frete marítimo do mundo, anunciassem que evitariam o Mar Vermelho, que liga o Mediterrâneo ao Oceano Índico.

A petrolífera britânica BP anunciou nesta segunda-feira  que suspenderá qualquer envio por esta rota, uma notícia que fez os preços do petróleo subirem. Também o fez a gigante taiwanesa Evergreen.

A Frontline, uma das maiores companhias de navios-petroleiros do mundo, declarou que estava realizando mudanças nos trajetos das embarcações e que "apenas aceitaria novos negócios" que possam passar pelo Cabo da Boa Esperança, na África do Sul. Esta rota é muito mais longa e consome mais combustível.

A gigante ítalo-suíça Mediterranean Shipping Company (MSC), a francesa CMA CGM, a alemã Hapag-Lloyd, a belga Euronav e a dinamarquesa A.P. Moller-Maersk -esta última responsável por 15% do transporte mundial de contêineres- deixaram de operar no Mar Vermelho até segundo aviso.

Os ataques se transformaram em uma crise de segurança marítima com "implicações comerciais e econômicas na região e além", comentou à AFP Torbjorn Soltvedt, do centro de análise Verisk Maplecroft.

Reação internacional

De visita em Israel, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, pediu que o Irã deixe de apoiar esses ataques, que afetam uma rota-chave para o comércio internacional. "Estes ataques são irresponsáveis, perigosos e violam o direito internacional. Por isso, estamos dando passos para formar uma coalizão internacional para enfrentar esta ameaça", acrescentou.

Uma reunião foi marcada para esta terça, entre representantes dos EUA e outros países, para tratar da questão.

No sábado, um destróier americano derrubou no Mar Vermelho 14 drones lançados de zonas do Iêmen controladas pelos rebeldes, informou o Exército americano.

O Reino Unido também afirma que um de seus destróieres derrubou um suposto drone de ataque na zona.

A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, no qual seus combatentes mataram cerca de 1.140 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outras 250, segundo as autoridades israelenses.

O Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas, afirma que mais de 19.453 pessoas, a maioria mulheres e menores de 18 anos, morreram na ofensiva de Israel.

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