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Processo criminal contra González Urrutia visa “tirá-lo do jogo político” da Venezuela, diz advogado

Candidato opositor de Nicolás Maduro foi convocado a comparecer no Ministério Público venezuelano três vezes desde o final das eleições

Edmundo Gonzáles Urrutia (Gabriela Oraa/AFP)
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 6 de setembro de 2024 às 07h49.

Última atualização em 6 de setembro de 2024 às 07h53.

A defesa do líder opositor e ex-candidato presidencial Edmundo González Urrutia disse na quinta-feira, 5, que o processo penal apresentado pelo Ministério Público da Venezuela contra ele visa “tirá-lo do jogo político” no país.

O objetivo, segundo o advogado de Urrutia, José Vicente Haro, é fazer com que ele “não possa fazer valer os resultados refletidos nas atas” de votação divulgadas pela maior coalizão de oposição ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que se baseia nesses documentos para contestar o resultado oficial de vitória do atual mandatário nas eleições presidenciais de julho e creditá-la ao opositor.

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Urrutia, um dos líderes da Plataforma Unitária Democrática (PUD), passou a ser investigado pelo Ministério Público após a divulgação em um site, por essa coalizão, de “83,5% das atas”, que teriam sido obtidas por testemunhas e funcionários de seções eleitorais.

Maduro foi proclamado vencedor do pleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que não apresentou as atas, como determinam as normas do país.

Haro alegou que essas atas obtidas pela PUD são “autênticas e confiáveis” e que teria sido “um erro” de González Urrutia se tivesse comparecido a qualquer uma das três convocações feitas pelo MP para depor, já que considera que seu cliente “não tem garantias constitucionais suficientes para ir” à instituição.

O advogado disse que o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, “praticamente já o condenou”, porque “não só o classificou como autor de crimes, como o condenou por atos pelos quais ele não tem responsabilidade alguma”.

“O que eles querem é colocá-lo em uma situação de privação de liberdade, e esse é todo o sinal que está sendo dado, para então desconsiderar seus direitos e impedi-lo de exercer seus direitos políticos”, acrescentou.

González Urrutia, que ele considera uma “pessoa perseguida politicamente”, continuará “sob custódia”, apesar do mandado de prisão emitido contra ele após o não comparecimento a essas três convocações do MP.

“Todas as situações neste momento de risco estão presentes, porque, infelizmente, na Venezuela não temos o estado de direito, não temos o estado de justiça, há uma situação de violação sistemática dos direitos humanos”, alegou.

Saab garantiu na quinta-feira que o mandado de prisão e a investigação contra o ex-candidato presidencial, acusado de “usurpação de funções”, “falsificação de documentos públicos”, “instigação à desobediência às leis”, “conspiração”, “sabotagem para danificar sistemas” e “associação (para cometer crimes)”, continuam em vigor.

A principal dirigente da PUD, María Corina Machado, principal apoiadora de González Urrutia, assumiu a responsabilidade pela divulgação na internet dessas atas, que, segundo ela, comprovam a “estrondosa derrota” de Maduro.

Manifestações na Venezuela após eleição de Maduro

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