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Pressão para Trump obter acordo com Kim aumenta após fracasso no G7

Trump e Kim chegaram a Cingapura neste domingo, 10, para um encontro sem precedentes entre os líderes dos dois países

Donal Trump: fiasco da atuação dos EUA na cúpula do G-7 deve favorecer Kim Jong-un na cúpula histórica entre o presidente americano e o ditador norte-coreano (Leah Millis/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de junho de 2018 às 08h39.

Washington - O fiasco da atuação dos EUA na cúpula do G-7 e o isolamento de Donald Trump entre seus aliados devem favorecer Kim Jong-un na cúpula histórica entre o presidente americano e o ditador norte-coreano, avaliaram especialistas em Relações Internacionais. Segundo eles, o ocupante da Casa Branca não gostará de ter dois fracassos na sequência e estará disposto a ceder na negociação com Kim para apresentar uma narrativa de sucesso.

Trump e Kim chegaram a Cingapura neste domingo, 10, para um encontro sem precedentes entre os líderes dos dois países que se enfrentaram na Guerra da Coreia (1950-1953). Os dois estarão frente a frente às 9 horas desta terça-feira, 12(22 horas desta segunda-feira, 11, no horário de Brasília) para dar início a conversas sobre o arsenal nuclear da Coreia do Norte.

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No sábado, o presidente americano reduziu suas expectativas em relação à cúpula e disse que haverá sucesso se ele e Kim decidirem continuar as conversas. Em declarações anteriores, Trump havia manifestado a intenção de sair do encontro com a garantia de desnuclearização da Coreia do Norte. "Será um processo", reconheceu.

Presidente do Council on Foreign Relations, Richard Haas avaliou que o desastre do G-7 joga a favor de Kim. No Twitter, ele disse que Trump vai evitar um novo fracasso em Cingapura, para não ser visto como o problema. "Isso aumenta o incentivo para Kim elevar suas demandas e limitar seus compromissos e para Trump fazer o oposto", observou.

A mesma avaliação foi feita em entrevista à CNN por Anthony Blinken, número dois do Departamento de Estado durante o governo Barack Obama.

No sábado, em uma decisão surpreendente e de última hora, Trump anunciou durante seu voo para Cingapura que os EUA não assinariam a declaração final do encontro do G-7, que reúne tradicionais aliados de Washington: Canadá, França, Reino Unido, Alemanha, Itália e Japão.

Em seguida, partiu para um ataque pessoal ao primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anfitrião da cúpula. A ofensiva continuou neste domingo em entrevistas de dois de seus principais assessores, em um tom que alarmou analistas.

A razão da agressividade foi o fato de Trudeau ter classificado como "insulto" as tarifas sobre aço e alumínio impostas pelos EUA, sob o argumento de que elas são necessárias para proteger a segurança nacional. As barreiras estiveram na origem da tensão que marcou a cúpula dos sete aliados.

O diretor do Conselho Nacional Econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, comparou as declarações a uma "facada nas costas" e as vinculou à cúpula em Cingapura durante entrevista à CNN. "Ele não pode colocar Trump em uma posição de fraqueza quando o presidente está indo para as conversas com a Coreia do Norte. E, a propósito, Trump não é fraco."

Peter Navarro, conselheiro comercial da Casa Branca, foi mais longe em entrevista à Fox News. "Há um lugar especial no inferno para qualquer líder estrangeiro que se engaja em diplomacia de má-fé com o presidente Donald J. Trump e depois tenta esfaqueá-lo nas costas na saída", afirmou, referindo-se a Trudeau.

O presidente americano deixou a cúpula do G-7 quatro horas antes do seu encerramento e as declarações do primeiro-ministro canadense foram dadas em entrevista coletiva na conclusão do encontro.

"Esses são os comentários mais hostis que uma autoridade dos EUA já fez sobre um aliado americano. Isso é mais duro do que a maneira com que presidentes dos EUA falam sobre líderes como Saddam Hussein e Bashar Assad antes de nós os bombardearmos", escreveu Max Boot, colunista do Washington Post especialista em Relações Internacionais.

Histórico

Antes de Trump, outros presidentes americanos tentaram convencer a Coreia do Norte a abrir mão de seu programa nuclear, sem sucesso. Em janeiro, Kim disse em sua mensagem de Ano Novo que havia conseguido seu objetivo de construir um arsenal capaz de infligir dano a seus adversários, tarefa à qual dedicou os primeiros seis anos de seu governo.

Segundo Kim, sua meta agora é o desenvolvimento econômico. Para implementá-la, ele precisa do alívio das sanções internacionais impostas sob a liderança dos EUA. Em troca, os americanos exigem a total desnuclearização do país, mas pouco analistas acreditam que Kim abandonará seu arsenal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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