Presidente peruano pede que se evite "mar de sangue" na Venezuela
Kuczynski pediu que seja criado um grupo internacional de julgamento para evitar que a situação agitada no país continue
AFP
Publicado em 12 de junho de 2017 às 11h39.
O presidente peruano , Pedro Pablo Kuczynski, advertiu nesta segunda-feira que se não pararem a agitada situação na Venezuela , o país acabará "com um mar cheio de sangue", ao insistir na criação de um grupo internacional de julgamento, que Lima propõe ser comandado por Justin Trudeau.
"Se não fizermos nada, vamos acabar com um mar cheio de sangue, vamos ter uma invasão [migratória] em Cúcuta, na fronteira com a Colômbia, vamos ter pessoas que chegam a Curaçau em botes", disse o presidente peruano em um fórum organizado pelo El País em Madri.
"Temos que evitar isso", afirmou Kuczynski, um firme crítico do governo de Nicolás Maduro, a quem acusa de não respeitar a democracia, o que valeu atritos diplomáticos com Caracas.
"É uma interferência" em assuntos internos venezuelanos, declarou, mas "para preservar algo em que a América acredita, a democracia".
A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica e política, com escassez de alimentos e alta inflação, agravada por manifestações opositoras diárias convocadas desde 1º de abril, com um balanço até agora de 66 mortos e mais de mil feridos.
Após afirmar que as discussões sobre a Venezuela em organizações multilaterais não levaram "a nada", Kuczynski reiterou a ideia de uma comissão internacional conformada por "dois ou três países democráticos" e outros dois ou três aliados da Venezuela.
Este grupo designaria um mediador, que "poderia ser uma pessoa como "Trudeau", o primeiro-ministro do Canadá, assinalou o chanceler peruano, Ricardo Luna.
"É um mecanismo arbitral, nada mais", disse Kuczynski, ao assinalar que a prioridade na Venezuela é conseguir a libertação "dos presos políticos" e "que deixem entrar a ajuda humanitária".
Em um encontro na manhã desta segunda-feira, Kuczynski e o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, concordaram com "sua preocupação pela grave situação que a Venezuela atravessa", segundo uma nota de Moncloa.