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Premiê francês contém revolta no parlamento

Manuel Valls desarmou uma revolta de bastidores recebendo voto de confiança no parlamento

Primeiro-ministro da França, Manuel Valls, discursa na Assembleia Nacional, em Paris (Gonzalo Fuentes/Reuters)

Primeiro-ministro da França, Manuel Valls, discursa na Assembleia Nacional, em Paris (Gonzalo Fuentes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2014 às 16h47.

Paris - O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, desarmou uma revolta de bastidores contra seu governo nesta terça-feira, obtendo um voto de confiança depois de prometer preservar o modelo social da França e ao mesmo tempo pressionar por reformas pró-mercado para impulsionar o crescimento econômico.

O líder centrista pediu o endosso do parlamento como forma de pôr fim a semanas de especulações sobre a estabilidade de seu gabinete recém reformado, do qual ele e o presidente francês, François Hollande, expulsaram no mês passado três ministros esquerdistas.

A votação mostrou 269 deputados a favor de Valls e 244 contra.

Como esperado, 32 parlamentares de seu Partido Socialista se abstiveram em protesto contra os planos de cortar 50 bilhões de euros em gastos públicos nos próximos três anos e, ao mesmo tempo, reduzir impostos para as empresas.

Líderes da oposição martelaram o fato de que o alto número de abstenções significa que Valls não conseguiu alcançar a maioria absoluta de 289 votos na assembleia de 577 cadeiras, alertando que ele irá penar para conquistar apoio parlamentar para as reformas planejadas.

“Isto é mais que um alerta... seus dias estão contados”, declarou Christian Jacob, líder do partido conservador União por um Movimento Popular (UMP) no parlamento, logo depois da votação.

Em um discurso elaborado para acalmar o seu Partido Socialista e promover reformas pró-mercados que lhe renderam comparações com o ex-premiê britânico Tony Blair, Valls afirmou ao parlamento que seu objetivo é melhorar a vida de todos os franceses.

"Reforma não significa destruir nosso modelo social”, disse Valls a respeito das leis trabalhistas altamente protetoras, do Estado de bem-estar social e do sistema de saúde pública da França, que estão entre os mais generosos e caros do mundo.

“Devemos adaptar e reinventar este modelo, mas ele não está morto, nem ultrapassado.” Com a aprovação de Hollande em apenas 13 por cento devido ao desânimo da população com a economia fraca e com a sua atribulada vida privada, o governo está apostando em Valls para levar adiante as reformas.

Contudo, a popularidade do premiê também está sendo contaminada pela confusão envolvendo Hollande. A aprovação de Valls caiu quatro pontos para 30 por cento, de acordo com pesquisa do instituto Ipsos e da revista Le Point divulgada de segunda-feira.

E 63 por cento dos entrevistados disseram ter “uma visão desfavorável” do que ele fez até agora.

Valls descartou mudanças na jornada de trabalho de 35 horas semanais e cortes no salário mínimo, e prometeu novos benefícios a pensionistas que recebem menos de 1.200 euros por mês.

“Nós não fazemos austeridade”, insistiu ele, argumentando não ser a favor de um papel menor do Estado na economia francesa, e sim de “um Estado melhor”.

O premiê renovou os apelos da França por uma maior depreciação do euro diante do dólar e deu uma cutucada na Alemanha – cuja líder, a chanceler Angela Merkel, ele irá encontrar em Berlim na semana que vem – para que a vizinha faça mais para estimular o crescimento na zona da moeda comum.

“Um acordo entre nossos dois países é vital para reavivar o crescimento e renovar as verdadeiras ambições no projeto europeu”, disse ele, acrescentando: “A Alemanha precisa assumir plenamente suas responsabilidades”.

Na semana passada a França finalmente reconheceu que um crescimento econômico próximo de zero irá impedi-la de reduzir o seu déficit público para abaixo de 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem, na segunda vez que Hollande descumpre tal promessa a seus parceiros da União Europeia.

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