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Prefeita de cidade dominada pelo narcotráfico é assassinada a tiros no Equador

Polícia local investiga ataque e afirma que disparos partiram de dentro do veículo em que estava Brigitte García e outra vítima

Assassinatos no Equador: Segundo o jornal El Universo, os corpos foram encontrados em uma praia conhecida como Punta Napo (Redes Sociais/Reprodução)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 25 de março de 2024 às 10h28.

A prefeita de uma cidade do Equador que enfrenta a violência do narcotráfico foi morta a tiros, em meio ao estado de exceção decretado e prorrogado no início do mês pelo governo para conter a violência no país, anunciou a Polícia Nacional. Brigitte García, prefeita de San Vicente, na província de Manabí (sudoeste), foi assassinada juntamente com o diretor de comunicação do município, Jairo Loor.

Segundo a Polícia Nacional, durante a madrugada, "duas pessoas foram identificadas dentro de um veículo sem sinais vitais, com ferimentos de bala", apontando mais tarde que os disparos "não teriam sido feitos do lado de fora do veículo, mas sim em seu interior". Investigadores analisam o trajeto do automóvel, que era alugado.

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Segundo o jornal El Universo, os corpos foram encontrados em uma praia conhecida como Punta Napo, e o coronel da polícia, Émerson Uridia, citado pelo veículo, afirmou que os corpos tinham dois tiros cada um, e descartou que os disparos tenham ocorrido após um roubo, já que as vítimas estariam com todos os seus pertences quando foram encontradas. A prefeita teria sido dada como desaparecida ainda no sábado, ao meio dia.

Quem era Brigitte García?

García, de 27 anos, era a prefeita mais jovem do país. Do movimento Revolução Cidadã, ela comandava São Vicente, na província de Manabí, uma cidade de apenas 17 mil habitantes, e tornou-se a primeira representante de Canoa, uma parte rural da cidade, a chefiar a Câmara Municipal. Era formada em enfermagem e atuava em serviços comunitários, auxiliando família e prestando ajuda humanitária. Entre seus objetivos, estava trabalhar para a população de sua idade e ser um exemplo para eles, além de levar serviços básicos para sua região, pontuou o jornal equatoriano.

O crime contra a prefeita e o diretor de comunicação ocorreu em meio aoestado de exceçãoque vigora no Equador desde janeiro, quando ocorreu um ataque de facções do tráfico de drogas apósa fuga do líder da gangue "Los Choneros", Adolfo "Fito" Macías,da prisão de Guayaquil. O mecanismo foiprorrogado por mais 30 diasno último dia 8 devido à "grave comoção interna" e ao "conflito armado interno" que a nação ainda enfrenta. A Constituição permite que um chefe de Estado mantenha um estado de emergência por até 90 dias contínuos.

Após a fuga de Fito, o presidente Daniel Noboadecretou estado de Conflito Armado Internoe elevou 22 organizações criminosas ao patamar de "organizações terroristas", permitindo que as Forças Armadas as "neutralizassem". Ao contrário do estado de emergência, a Corte Constitucional considerou que o Conflito Armado Interno pode ser estendido por período indeterminado.

Devido ao tráfico de drogas, os homicídios aumentaram de seis para um recorde de 46 por 100 mil habitantes entre 2018 e 2023, tornando o país um dos mais violentos do mundo. Desde janeiro, quando foi declarado o estado de exceção, a força pública realizou cerca de 165 mil operações, mais de 12 mil detenções, matou 15 pessoas consideradas "terroristas" e apreendeu cerca de 65 toneladas de drogas, segundo dados oficiais.

Repúdio

O Ministério de Governo repudiou o crime contra a prefeita e o diretor de comunicação: “Ratificamos que não baixaremos a guarda nesta luta contra o terrorismo, o crime organizado e a corrupção política.”

O governo afirma que seu "Plano Fênix" reduziu a violência — a taxa de homicídios caiu de 28 para 11 por dia — graças à presença de militares nas prisões e nas ruas, embora diversos atos de violência tenham sido reportados no país no fim de semana. No sábado, uma patrulha do Exército foi emboscada na província de Sucumbíos, na fronteira com a Colômbia, na qual um soldado morreu e outros três ficaram feridos.

Na cidade andina de Latacunga, no centro, a polícia esvaziou um estádio, onde estava sendo disputada uma partida do campeonato de futebol, devido a uma ameaça de bomba. Após a inspeção, os agentes encontraram no estacionamento uma maleta que continha cinco cargas explosivas, que acabaram detonadas de forma controlada.

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