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Políticos podem mentir em anúncios no Facebook, defende Mark Zuckerberg

Fundador da rede social disse que se preocupa com uma "erosão da verdade", mas não quer tomar para si e sua empresa o posto de regular o que é certo ou não

Mark Zuckerberg: fundador do Facebook diz que defende a liberdade de expressão (Joshua Roberts/Reuters)

Mark Zuckerberg: fundador do Facebook diz que defende a liberdade de expressão (Joshua Roberts/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 18h16.

Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 18h17.

Um político que quiser publicar um anúncio com uma mentira poderá fazer isso no Facebook. Foi o que defendeu nesta quinta-feira, 17, o presidente executivo da rede social, Mark Zuckerberg, em uma entrevista ao jornal Washington Post. Em uma apologia à liberdade de expressão, ele disse que se preocupa com uma "erosão da verdade", mas não quer tomar para si e sua empresa o posto de regular o que é certo ou não.

"Não acho que as pessoas querem viver num mundo onde você só pode dizer coisas que as empresas de tecnologia determinam que são 100% verdadeiras", disse. "Acho que essas são tensões com as quais temos que conviver."

A declaração surgiu em meio a um momento na entrevista no qual eram debatidos os perigos para a liberdade de expressão quando redes sociais, incluindo o Facebook, reprimem conteúdo.

Nas últimas semanas, o Facebook tem sido criticado por permitir que candidatos à Presidência dos Estados Unidos façam anúncios contendo mentiras - algo que foi realizado por nomes de ambos os partidos políticos americanos. Crítica das redes sociais e nome forte do Partido Democrata, a candidata Elizabeth Warren chegou a veicular um anúncio com uma mentira sobre Trump, só para denunciar a prática do Facebook.

Após conceder a entrevista ao Post, Zuckerberg também discursou sobre liberdade de expressão durante 35 minutos na Universidade de Georgetown, em Washington D.C. Em sua fala, ele disse que chegou a considerar banir anúncios políticos de sua plataforma, mas decidiu pelo contrário por conta da liberdade de expressão. Hoje, a rede social isenta os anúncios políticos de sua prática de checagem de dados, utilizada em outras propagandas na rede social.

Segundo o executivo, anúncios políticos não contribuem muito para as receitas da companhia, mas ele acredita que censurar figuras públicas seria algo "inapropriado" para uma empresa de tecnologia. Em 2018, a agência de notícias Reuters publicou que eles contribuem para menos de 5% do faturamento do Facebook.

Zuckerberg também afirmou que a companhia deve resistir a governos que atacam a liberdade de expressão em situações de tensões políticas e sociais - o que explica porque a empresa não está presente no mercado chinês, por exemplo.

Essa não é a primeira vez que o fundador da rede social tropeça nas palavras para defender a liberdade de expressão. No ano passado, em meio ao escândalo Cambridge Analytica, Zuckerberg concedeu uma longa entrevista à jornalista Kara Swisher, veterana da cobertura de tecnologia nos EUA.

Durante a conversa, registrada em um podcast, ele chegou a dizer que não retiraria do ar publicações de usuários que negassem a existência do Holocausto.

"Sou judeu, e sei que há muitas pessoas que negam o Holocausto. Acho isso ofensivo, mas no fim do dia, não acredito que o Facebook deveria retirar essas publicações do ar pois creio que há coisas que diferentes pessoas entendem errado. Não acredito que elas fazem isso de forma intencional", declarou ainda o presidente executivo do Facebook.

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