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Polícia reprime protestos no Barein um dia antes de GP da F1

A oposição, de maioria xiita, acusa o governo, de orientação sunita, de usar o GP de F1 para esconder os problemas políticos do país

Luz vermelha do semáfaro no Autódromo Internacional do Bahrain em uma prova da Fórmula 1, em Manama (John Moore/Getty Images)

Luz vermelha do semáfaro no Autódromo Internacional do Bahrain em uma prova da Fórmula 1, em Manama (John Moore/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2014 às 13h26.

Manama - Manifestantes aproveitaram a realização do Grande Prêmio do Barein de Fórmula 1 para protestar a favor da democracia no país, uma monarquia, e entraram em confronto com a polícia local.

Jovens bloquearam ruas e avenidas, queimaram pneus e jogaram pedras nas forças policiais, que revidaram com bombas de gás lacrimogêneo. Os confrontos se espalharam por diversas vilas ao redor de Manama, a capital do Barein, durante a tarde e a noite deste sábado, sucedendo os conflitos da última sexta-feira, disseram ativistas de direitos humanos e testemunhas.

Protestos como esses vêm acontecendo há dois anos. A oposição, de maioria xiita, acusa o governo, de orientação sunita, de usar o GP de F1 para esconder os problemas políticos do país e principalmente os abusos contra os direitos humanos. O governo diz que respeita as acusações e que todas elas estão sendo investigadas.

O príncipe herdeiro Salman al-Khalifa rechaçou a acusação da oposição de que o governo usa a F1 para disfarçar estes problemas.

"Nunca usamos a corrida para dizer que tudo vai bem. Nós reconhecemos que o país tem problemas, mas eles estão aí para serem resolvidos por meios políticos, o que está bem encaminhado", disse a jornalistas, em rara entrevista concedida no circuito de Sakhir.

Ele disse que o governo tolera os protestos pacíficos, mas que não se deve encorajar os oposicionistas "extremistas" que usam a violência e armas.

Sayed Yousif al-Muhafda, do Centro Barein para os Direitos Humanos, acredita que os protestos aconteceram em aproximadamente 20 localidades no sábado.

Em dez desses locais, manifestantes chegaram a entrar em confronto com a polícia, que revidou com gás lacrimogêneo e balas de borracha, disse al-Muhafda.

A polícia ainda repeliu manifestantes que tentavam marchar em direção à Praça da Pérola, local onde se concentrava a onda de protestos contra o governo em 2011, mas que foi destruída posteriormente.

Muhafda estima que oito manifestantes tenham sido feridos na sexta-feira, um com um tiro de arma de pressão e o outro com o arremesso de uma lata de gás lacrimogêneo.

NOITE MAL DORMIDA Uma testemunha disse à Reuters que alguns homens atiraram pedras em direção à polícia e bloquearam ruas e avenidas no bairro de Sanabi, na zona oeste de Manama. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo.

A ativista da oposição Ala'a Shehabi disse que estava nos protestos de Sanabis quando a polícia disparou bombas de efeito moral e gás nos manifestantes, que responderam "atirando tudo que lhes estava a mão", incluindo pedaços de pau, pedras e lixo.

A pequena nação --com cerca de um quarto do tamanho de Luxemburgo-- vem registrando protestos em prol da democracia desde fevereiro de 2011. A Fórmula 1 chegou a ser cancelada naquele ano em função da violência.

Um relatório do governo apontou que a onda de manifestações há dois anos deixou um saldo de 25 mortos. A oposição diz que o saldo é bem maior.

O Barein paga aproximadamente 40 milhões de dólares por ano para sediar o Grande Prêmio de Fórmula 1, evento que o ministro da Justiça Khalid al-Khalifa pediu na última semana para não ser "politizado".

A ministra da Informação no país, Samira Rajab, chegou a dizer que os confrontos recentes foram "normais" e que a oposição superestima a importância dos conflitos.

"Eles tentam exagerar aos olhos da mídia antes da Fórmula 1. Estão trabalhando duro para mostrar uma má imagem do Barein para o mundo", ela disse à Reuters.

O governo do Barein nega que haja discriminação contra a população xiita e garante que as prisões efetuadas até aqui vão ao encontro das leis locais.

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