Protesto: o chefe da polícia confirmou que a patrulha atropelou manifestantes, mas insistiu que não foi culpa do motorista (Romeo Ranoco/Reuters)
AFP
Publicado em 19 de outubro de 2016 às 10h59.
Uma van da polícia atropelou nesta quarta-feira centenas de pessoas que faziam um protesto ante a embaixada dos Estados Unidos em Manila.
Os agentes das forças policiais também usaram gás lacrimogêneo e cassetetes para tentar dispersar centenas de pessoas que se reuniram em apoio ao presidente Rodrigo Duterte depois de seus recentes comentários de que ele quer romper a aliança do país com os Estados Unidos.
Vinte e três manifestantes foram presos, segundo policial encarregado da operação, Arsenio Riparip.
"Tivemos que dispersá-los. Eles começaram, eles estavam tentando entrar na embaixada", justificou-se.
"Eles eram em maior número que nossos policiais", acrescentou.
O furgão da polícia avançou rápido pela multidão, atropelando vários manifestantes, segundo imagens da rede ABS CBN.
Fotos postadas mostram um homem de cabelos grisalhos preso debaixo do carro, com a perna e quadril presos por um dos pneus.
O chefe da polícia de Manila, Oscar Albayalde, confirmou que a patrulha atropelou manifestantes, mas insistiu que não foi culpa do motorista.
"Eles não se afastaram. Os manifestantes tentaram impedir a passagem do carro, então o motorista acelerou e, inadvertidamente, atropelou algumas pessoas, que tiveram ferimentos menores", alegou.
Uma dos líderes da manifestação, Amirah Lidasan, acusou a polícia de começar as violências.
"Foi a polícia que atacou os manifestantes. Primeiro passaram com o carro por cima das pessoas, depois usaram gás lacrimogênio e agrediram com cassetetes", contou.
Apesar de Manila ser aliada dos Estados Unidos em termos de defesa, Duterte - eleito em maio com base em uma plataforma de tolerância zero em relação aos crimes - disse que quer que seu país se distancie de Washington.
Ele já se dirigiu de forma indelicada ao presidente Barack Obama e ameaçou que cortar os laços com os americanos porque os Estados Unidos denunciaram que milhares de pessoas foram mortas pela campanha antidrogas de Duterte.