Membros do Partido dos Trabalhadores do Kurdistão: ataque aconteceu durante tentativas de processo de paz entre o PKK e o governo (Reuters/Azad Lashkari)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2014 às 06h56.
Ancara - Um oficial do exército turco morreu por disparos da guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), no primeiro ataque mortal desde o começo do processo de paz, em março de 2013, e quando as opções de um acordo definitivo são altas, publicou nesta quarta-feira a imprensa turca.
O ataque aconteceu na terça-feira à noite quando um grupo de milicianos do PKK atacou uma patrulha militar que vigiava a fronteira com o Irã para evitar a entrada de contrabandistas.
O tenente morreu atingido por rifles de longa distância, segundo o Hürriyet. Outro soldado ficou ferido no ataque, que aconteceu na província sulina de Van.
Este ataque é o primeiro que causa uma vítima mortal em quase dois anos e aconteceu enquanto tanto o PKK como o governo deram sinais positivos sobre o processo de paz aberto para tentar acabar com um conflito que já dura três décadas.
O líder preso do PKK, Abdullah Öcalan, disse na semana passada estar otimista com a possibilidade de o processo de paz iniciado em março de 2013 acabar definitivamente com o conflito.
Já o governo turco modificou há pouco a lei para descriminalizar a negociação com o PKK e semana passada o executivo indicou que os esforços para conseguir a paz entraram em uma nova fase e que um roteiro estava sendo preparado.
Ontem houve tensão entre as forças turcas e manifestantes curdos que tentavam evitar a retirada de estátua de Mahsum Korkmaz, um dos fundadores do PKK, um grupo qualificado de terrorista pela Turquia, EUA e pela União Europeia.
Um manifestante morreu baleado na cabeça e outros dois estão sendo tratados no hospital por ferimentos de armas de fogo.
O PKK começou seu enfrentamento com o Estado turco em 1984 com o objetivo de conseguir autonomia para os 12 milhões de curdos que vivem na Turquia.
Calcula-se que 45 mil pessoas morreram desde então nessa guerra não declarada entre a guerrilha e o exército turco.
Desde então, os objetivos separatistas do PKK foram se transformando em uma exigência de mais direitos para esta minoria.
Após várias tréguas fracassadas ao longo dos anos, Öcalan e as autoridades turcas iniciaram um processo negociador que levou o líder turco a ordenar um cessar-fogo em março de 2013, seguido pelo início da retirada dos milicianos curdos do solo turco.