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Tempestade perfeita: petroleiros da Noruega ameaçam greve e preços podem subir mais

A Noruega é uma das maiores exportadoras de petróleo do mundo; problemas de oferta na Líbia também podem contribuir para alta nos preços

Campo de petróleo da Equinor: se chegar a todas as plantas planejadas, greve pode reduzir produção de petróleo da Noruega em 8% (Carina Johansen/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Campo de petróleo da Equinor: se chegar a todas as plantas planejadas, greve pode reduzir produção de petróleo da Noruega em 8% (Carina Johansen/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2022 às 08h00.

Trabalhadores da indústria de petróleo e gás da Noruega planejam uma greve para os próximos dias que pode reduzir ainda mais a já apertada oferta global dos insumos. As notícias fizeram o preço do barril voltar a subir nesta semana no mercado internacional.

Os trabalhadores demandam maior reajuste salarial diante da inflação alta, e afirmam que os lucros das empregadoras cresceram com o cenário global de aumento dos preços dos combustíveis.

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O sindicato norueguês Lederne comunicou que os trabalhadores afiliados rejeitaram em assembleia uma proposta das empregadoras. Mais de uma centena de petroleiros podem parar a partir de 5 de julho e 6 de julho.

A organização representa cerca de 1,3 mil trabalhadores, sobretudo em postos sênior das empresas — que, embora não sejam numerosos, devem afetar a produção por terem cargos chave.

Os representantes afirmam que continuarão negociando no fim de semana e buscam um acordo para a próxima segunda-feira, 4.

A Noruega é uma das maiores exportadoras de petróleo do mundo e está entre os 15 países com maiores produções.

VEJA TAMBÉM: Barril do petróleo pode chegar a US$ 130: como ficam preços no Brasil?

Segundo cálculos feitos pela agência Reuters com base nas plantas que podem ter as operações afetadas, a greve poderia reduzir cerca de 8% da produção norueguesa de petróleo. Já a produção de gás poderia ser reduzida em 10%.

A Equinor, estatal controlada pelo governo norueguês e que é a principal empresa de petróleo do país, disse à Reuters que é “muito cedo para concluir” o tamanho das consequências da greve. O governo norueguês, maior acionista da Equinor, disse estar acompanhando a situação de perto.

A associação que representa as petroleiras da Noruega ofereceu aos trabalhadores um reajuste entre 4% e 4,5%. Mas, desde então, a inflação na Noruega subiu e chegou a 5,7% em maio no acumulado anual. Quando o aumento de 4% foi oferecido, a projeção de inflação para o período era muito menor, de 3,3%.

Há ainda outros dois sindicatos maiores de petroleiros na Noruega, que já teriam aceitado os acordos previamente.

Em 2020, a mesma Lederne liderou uma greve que durou 10 dias e reduziu em 8% a produção de petróleo e gás da Noruega, em 330 mil barris de óleo equivalente por dia (bode).

Preço do petróleo nas alturas

O embate entre os trabalhadores e as petroleiras vem em um momento de alta recorde nos preços dos combustíveis.

Nesta semana, além da expectativa pela greve na Noruega, os preços começaram a absorver incertezas de oferta na Líbia, onde algumas refinarias foram fechadas por manifestações.

As notícias fizeram o barril do tipo Brent subir 2,6% na sexta-feira, para mais de US$ 111,60. 

As variações impactam consumidores incluindo no Brasil, uma vez que o governo brasileiro, acionista majoritário com poder de voto na Petrobras, mantém na petroleira desde 2016 uma política de paridade com os preços internacionais.

A possibilidade de novas altas no preço do petróleo acontece depois de, no acumulado de junho, o barril ter caído mais de 6% (saindo do pico de mais de US$ 120 que chegou a atingir no começo do mês). Foi a primeira queda mensal no ano. A redução foi puxada pelas altas de juros pelo mundo e temores de uma recessão que leve a redução na demanda global.

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O preço do gás natural também é fonte de preocupação, sobretudo na Europa.

O descompasso entre a oferta e a demanda acontece diante dos embates da União Europeia com a Rússia. Países como a Alemanha chegavam a ter 40% do gás consumido comprado de Moscou, e a Rússia reduziu — e praticamente cortou em alguns casos — as vendas aos europeus em meio a sanções.

VEJA TAMBÉM: Após Alemanha, estatal russa Gazprom corta fornecimento de gás a França e Itália

Além disso, em um quadro de retração das compras da Europa, Moscou começou a fechar a torneira da extração de petróleo. Cerca 66% do petróleo russo também tem dificuldade em encontrar compradores atualmente, segundo o banco JPMorgan – a maior parte da produção russa tem sido adquirida pela China e a Índia, com desconto.

“A produção de petróleo na Rússia já foi bastante reduzida e deve cair ainda mais, em cerca de 1 milhão de barris por dia, até o final do ano”, disse em entrevista anterior à EXAME Reid L'Anson, economista sênior da consultoria Kpler, especializada no mercado de energia. A expectativa é que, com isso, haja novos aumentos de preço, com valores ao redor de US$ 125 ou US$ 130.

“O mercado parece estar voltando às condições de oferta insuficiente, já que a demanda chinesa voltou e o consumo nos países da OCDE continua forte”.

Independentemente do cenário, é dado como quase certo que o patamar dos US$ 100 do petróleo veio para ficar no curto prazo. O barril superou essa barreira no início da guerra na Ucrânia e segue com preços altos desde então, afetando o preço de derivados como diesel e gasolina nas bombas ao consumidor e levando a inflação alta em todo o mundo.

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