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Parlamento da Escócia decide se opor formalmente ao "Brexit"

O secretário para o "Brexit" da Escócia lamentou o fato de May não ter acertado uma estratégia comum com as regiões autônomas para negociar a saída

Escócia: "Respeitamos o resultado do referendo que foi realizado em todo o Reino Unido, mas também somos conscientes que a Escócia não escolheu o 'Brexit' duro de May" (Getty Images)
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EFE

Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 16h55.

Londres - O parlamento da Escócia se opôs formalmente nesta terça-feira que o Reino Unido inicie o processo de deixar a União Europeia, apesar de a manifestação, com efeito simbólico, não impedir o governo britânico de executar o " Brexit ".

O Partido Nacionalista Escocês (SNP) recebeu o apoio do Partido Trabalhista na Escócia para aprovar, por 90 votos a favor e 34 contra, uma moção do governo autônomo que se opõe à ativação do artigo 50 do Tratado de Lisboa, que dará início ao processo de dois anos de negociação para que o Reino Unido deixe o bloco.

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A Suprema Corte do Reino Unido definiu, porém, que o governo britânico só precisa da aprovação do parlamento de Westminster para iniciar o processo de saída da UE.

O secretário para o "Brexit" do governo da Escócia, Michael Russell, lamentou o fato de a primeira-ministra-britânica, Theresa May, não ter acertado uma estratégia comum com as regiões autônomas para negociar a saída do bloco.

Para Russell, o governo não esclareceu para os cidadãos quais serão as consequências de deixar o mercado único e não conseguiu garantir os direitos dos europeus que vivem no Reino Unido antes de ativar o artigo 50, um passo que May quer dar antes de abril.

O líder dos trabalhistas escoceses, Kezia Dugdale, desafiou o presidente nacional do partido, Jeremy Corbyn, ao anunciar antes do debate que apoiaria a moção dos nacionalistas.

"Respeitamos o resultado do referendo que foi realizado em todo o Reino Unido, mas também somos conscientes que a Escócia não escolheu o 'Brexit' duro de Theresa May, nem votou para ficar mais pobre", disse Dugdale no parlamento.

Corbyn antecipou que voltará a ordenar que os deputados trabalhistas na Câmara dos Comuns apoiem o projeto de lei que dará ao governo o poder constitucional para iniciar o "Brexit".

Na semana passada, 47 parlamentares do partido contrariaram a orientação do líder e se opuseram à lei na primeira fase de votação.

Apesar de a moção não ter força legal para conter os planos de May, a ministra principal da Escócia, Nicola Sturgeon, disse que a votação foi uma das mais significativas da história do parlamento de Holyrood, estabelecido em 1999.

"Essa é a oportunidade do nosso parlamento nacional reafirmar a voz do povo da Escócia e deixar claro que, como nação, nos opomos ao catastrófico 'Brexit' duro que querem os 'tories' de Westminster", disse Sturgeon, criticando o Partido Conservador.

No referendo de 23 de junho de 2016, 51,9% dos britânicos votaram a favor do "Brexit". Na Escócia, porém, 62% das pessoas defenderam a permanência na UE, contra 38% de votos favoráveis à saída do bloco.

Desde então, Sturgeon sugeriu várias vezes a possibilidade de convocar um novo referendo sobre a independência da Escócia. Em 2014, 55% dos escoceses decidiu continuar como membro do Reino Unido.

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